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NOS Alive: Elegância e Furor em Arcade Fire

NOS Alive: Elegância e Furor em Arcade Fire

2016-07-09, Passeio Marítimo de Algés
Pedro Miranda
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Os canadianos não tiveram mãos a medir no seu retorno a Portugal.

Das profundezas do quase-hiato, durante o qual se dedicaram a inúmeros projectos que não a banda, eis que surgiram os Arcade Fire para mais um concerto dentro das nossas fronteiras. Para grande satisfação da organização do festival (o último havia sido no Rock in Rio, durante a digressão de “Reflektor”, e não parecia provável que retornassem ao país neste ano improdutivo), já que o dia encabeçado pelo grupo foi o segundo a esgotar, depois do dia com Radiohead. Pela expectativa do público, não era difícil perceber porquê.

A abertura do concerto, perante a multidão que havia esperado com apreço junto às zonas com vista mais privilegiada, prenunciava um espectáculo que muito teria de prazeroso: “Ready to Start”, “The Suburbs” e “The Suburbs (Continued)”, do idolatrado álbum de 2010. Da mesma forma prosseguiriam, num desfile de sucessos que raramente deixava o público de sola pregada ao chão, com canções que falavam de dores, reminiscências, aflições, como bem os conhecemos. Mas se as temáticas eram quase sempre sérias (e de uma profundidade e beleza incomuns), Arcade Fire, quase sempre pela mão de Win Butler, faziam por aligeirar a experiência na medida certa, correndo de um lado ao outro do palco, descendo até ao alcance dos fãs, vestindo o cachecol de Portugal (num prenúncio das enormes vitórias que chegariam no dia seguinte) e cantando pequenos pedaços de covers de Nirvana ou Sex Pistols.

O destaque vai para “My Body is a Cage”, de Neon Bible, e a encerrar “Wake Up”, durante as quais o público do NOS Alive não viu maior grandeza. Sem material novo para apresentar, Arcade Fire fizeram por trazer o melhor do seu catálogo passado ao Passeio Marítimo de Algés, e não desapontaram. Com um som decente (ao contrário do que foi habitual neste palco, decidimos ver este concerto mais à frente), e uma variedade instrumental de valor e uma entrega às músicas de quem as fez para serem tocadas ao vivo, Arcade Fire não tiveram mãos a medir no seu retorno ao país.