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NOS Alive: O salto de cabeça dos Pixies

NOS Alive: O salto de cabeça dos Pixies

2016-07-07, Passeio Marítimo de Algés
Pedro Miranda
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O rock alternativo dos americanos foi fiel à história da bandeira que carregam.

No segundo capítulo de uma noite de reminiscências para o NOS Alive (depois de Robert Plant ter encerrado a sua actuação com a épica “Rock and Roll”, talvez a mais arquetípica canção do género), coube aos Pixies a tarefa de nos transportar ao seu próprio tempo. É certo que o tempo dos Pixies não se faz só no passado, facto que fizeram questão de nos lembrar, pelo que foi deste jogo entre o agora e o antes que se fez um dos mais memoráveis dos concertos da noite.

É curioso notar que, pelo menos aos olhos dos músicos, pouca diferença parecia haver entre este e aquele: os novos temas sucediam-se aos antigos com a mais franca das naturalidades, incluindo os de “Indie Cindy” e pelo menos um do antecipado “Head Carrier”, a deliciosamente caótica “Um Chagga Lagga”. Mas o ruidosos alaridos do público não deixariam passar conspícuas as incursões dos Pixies aos primeiros discos, e a explosiva abertura com “Bone Machine” deixou claro à partida que estaríamos perante um espectáculo repleto deles. Destaques de “Surfer Rosa” e “Doolittle” eram despachados um a seguir ao outro, sem que Black Francis deixasse espaço para respirar ou dirigisse uma palavra sequer à plateia. E foi destes discos, como não poderia deixar de ser, que se fizeram os melhores momentos da noite: uma emocionante rendição de “Where is My Mind?” seguida de “Here Comes Your Man”.

Com tal desfile de sucessos, cada um mais surpreendentemente rasgante e esdrúxulo que o anterior (a intrínseca estranheza da música dos Pixies, salientada e colocada a desnudo na sua apresentação ao vivo, é um testemunho nada menos que inesquecível), dificilmente haveria acto que os suplantasse naquela noite, mesmo com a convincente actuação de quem se lhes seguiu. Estarão de volta, em Novembro, e lá estaremos para os receber.