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Optimus Primavera Sound: Dia 1

2012-06-08, Parque da Cidade, Porto
Redacção

O festival Optimus Primavera Sound começou ontem no magnífico parque da cidade, no Porto, e decorrerá até ao dia 10 de Junho.

Este festival é uma extensão ou versão nacional do festival espanhol open-air San Miguel Primavera Sound, que se realiza anualmente em Barcelona desde 2001. É um dos principais festivais do panorama indie-europeu. A edição catalã deste ano decorreu entre 30 e 31 de Maio e 1 e 3 Junho.

A primeira noite de festival apresentou apenas oito nomes em cartaz e dos quatro palcos apenas funcionaram dois.

A assistência, superou os 20 000 espectadores, e era marcada pela grande quantidade de público estrangeiro: espanhóis, ingleses, alemães, franceses e italianos passearam-se por lá.

A noite não foi genial, em termos de concertos, embora tenha tido a presença de alguns grandes nomes da música internacional. O concerto da noite foi para os nova iorquinos Rapture, mas com boas actuações de  Suede e dos Drums.

 

Atlas Sound [Palco Primavera 19:00]
A tarde iniciou-se solarenga, mas as nuvens, carregadas, no horizonte auspiciavam chuva. Sem ligar grande importância ao que podia por aí vir, assistimos ao concerto de Atlas Sound.

Atlas Sound é o projecto a solo de Bradford Cox, dos Deerhunter, que se apresentou sozinho no Primavera apenas com guitarra e harmónica.

Foi um concerto sem grande história e sem grande intensidade que ficou marcado pelas sonoridades electrónicas repetitivas  que se entrelaçavam com a guitarra acústica. O público aproveitou para se sentar na relva e disfrutar do sol de fim de tarde, enquanto Bradford Cox referia que o Porto era a sua cidade preferida e que tinha feito com os Deerhunter um concerto num barco no rio Douro.

 

Yann Tiersen [Palco Optimus; 20:15]
O reconhecimento global de Yann Tiersen deve-se em muito à banda sonora que realizou para o filme “O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain” mas ao invés de trazer os sons da banda sonora do filme, o francês trouxe consigo a chuva, que marcou os primeiros quinze minutos de concerto e ameaçava estragar o resto de noite, mas felizmente acabou por parar.

Tiersen e a sua banda foram esforçados e competentes. O francês foi comunicativo e deambulou por vários instrumentos: sintetizador, guitarra eléctrica e violino, com o qual deu um excelente solo. As sonoridades foram sempre no campo da electrónica-bucólica, mas sem nunca conseguir empolgar o público, foi uma electrónica contida.

 

The Drums [Palco Primavera; 21:30]
Depois do sucesso indie do homónimo álbum de estreia, de 2010, onde constam hits como “Let’s Go Surfing”, “Best Friend” ou “Forever And Ever Ámen”, os Drums editaram, em 2011, “Portamento” que é um álbum sem a mesma consistência pop e isso percebeu-se, também na reacção do público às músicas durante o concerto.

Os norte americanos tiveram uma actuação boa, mas não disfarçaram o cansaço de três anos de digressão continua. Logo à segunda música lançaram “Best friend” para rubro dos presentes, agarram o público com o single “Money” e deixaram o Primavera a pular com “Let’s Go Surfing”. Jonathan Pierce, ainda destacou que o Primavera é o seu festival preferido.

 

Suede [Palco Optimus; 22:45]

Os Suede são uma banda ícone da brit pop dos anos 90, embora tivessem vivido na sombra da “guerra” Oasis vs Blur. Mas, tal como os Pulp, os Suede foram e são uma banda com músicas enormes, que ao fim de alguns anos de paragem voltaram a aparecer nos palcos.

O concerto que deram não foi memorável e o público também não era o seu. Contudo, músicas como “Trash”, que tocaram logo no arranque e “Beautiful Ones”, a fechar antes do encore deixaram a marca que era pedida aos britânicos.

Brett Anderson, foi um “animal” de palco e desceu várias vezes do palco para se passear pela assistência.

 

Mercury Rev [Palco Primavera; 00:30]
Os Mercury Rev substituíram à última da hora os Explosion in the Sky e passearam-se pelo seu psicadelismo experimental e o vocalista passeou a sua garrafa de vinho pelo palco.

O mundo da música alternativa já não está aos pés da banda, mas mesmo assim, viu-se que ainda reuniam uma grande quantidade de eternos fãs que se deixaram embalar pela sua música nem sempre fácil de assimilar.

 

 

The Rapture [Palco Optimus; 02:00]

Já a hora tardia, os Rapture fecharam a primeira noite de festival e deram o concerto mais estimulante da noite. Foi rock, electrónica e funk o que se ouviu no palco Optimus.

Entraram em palco, um a um, para tocarem “In The Grace Of Your Love” e levaram o público a dançar nos hits “Get Myself Into It” e em “House Of Jealous Lovers”, que apresentaram com uma roupagem musical diferente do habitual.

O concerto dos Rapture pecou por ser curto, apenas uma hora de actuação. Quando estava a começar acabou. Quando o público aqueceu e esperava por um encore eles saíram e apenas o vocalista voltou ao palco, já de casaco vestido e com um saco ao ombro, mas apenas para dizer adeus. Soube bem, mas soube a pouco o rock dançável dos Rapture.

Estes afilhados/sobrinhos dos LCD Soundsystem, mostraram que podem ser os seus sucessores, mas com algumas lições para estudar com eles.

Por Nélio Matos | Fotos: Eduardo Costa