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Os Norton estão redondinhos

Os Norton estão redondinhos

2014-03-15, Teatro do Bairro
Nero
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Grande noite no Teatro do Bairro. Uma banda cheia de confiança, dinâmica e criatividade melódica.

Os Norton foram crescendo com os ares frios da Serra da Estrela e os olhos postos na Califórnia. Ao fim de 10 anos o álbum homónimo mostra-os como uma das bandas mais coesas no panorama da música moderna portuguesa. A festa de apresentação do recém-lançado álbum homónimo foi uma festa para aqueles que, entre fãs e amigos, encheram a sala. Plenos de confiança os Norton deram um concerto que ilustra perfeitamente o novo álbum: redondinho!

Há poucas alegrias maiores que ter a possibilidade de ver uma banda tocar ao vivo com a unidade como máxima. Acreditem, isso não acontece assim tantas vezes. É normal as guitarras, ainda mais com a efusiva interligação daquelas de Pedro Afonso e Manuel Simões, destacarem-se na pop, devido à sua natureza melódica, mas a autêntica comunhão de Rodolfo Matos [bateria] e Leonel Soares [baixo] foi memorável. A cadência dedilhada do baixista manteve-se como se estivesse a ser ouvida na mistura do disco, sem oscilações significativas de intensidade – como se estivéssemos a ouvir um metrónomo humano, não apenas na bateria, mas também nas cordas. Curioso como Rodolfo Matos, na segunda colcheia do compasso, puxa o tempo como Ringo Starr tantas vezes fazia. Mimos para quem está a ouvir e a ver. Com uma Jag e uma Bullet (de 1981) a serem traduzidas através de um Twin Reverb e um Peavey Classic 50, a solidez da Pearl de Matos e do Ampeg SVT de Soares esteve sempre acrescida de uma elegância e riqueza harmónicas fascinantes, além de uma leveza etérea. Parabéns à crew dos Norton, a banda esteve com um som mesmo… bonito.

elegância e riqueza harmónicas fascinantes, além de uma leveza etérea.

Destacar, talvez por afinidade natural, a sublimação de uma banda a funcionar com dinâmica e maturidade composicional num tema com exigências sempre bastante peculiares… o instrumental “Directions”. Crescendo, repetição, transe e emotividade. Os albicastrenses estão feitos uma grande banda. Grande concerto e muito bom disco novo. Pop. Eléctrico. E “redondinho”.