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Queens of The Stone Age, o trono de um badass sentimental

Queens of The Stone Age, o trono de um badass sentimental

2014-05-30, Parque Bela da Vista, Rock in Rio Lisboa
Timóteo Azevedo
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Talvez não fosse o melhor dia para receber o (ainda stoner) rock dos Queens of The Stone Age. Pelo cartaz, onde, se virmos bem, entre Linkin Park e Steve Aoki, são os QOTSA os misfits da noite. Mas há sempre lugar para surpresas. O rock das rainhas fez-se de atitude, em palco com músicas antigas e recentes, e serviu de salvação para um dia ameno.

Com o sol já quase totalmente escondido, os Queens of The Stone Age sobem ao palco para trazer consigo os raios do rock luminoso de Palm Desert. “Millionaire” desperta-nos da languidez de uma tarde solarenga, e percebemos que vem ali algo que ainda não tinha havido no Rock in Rio deste ano: peso. As primeiras músicas do concerto são fustigadas por um vento maçador, chegando a nós quase indefinidamente. O mau som inicial faz-nos temer o pior, que o concerto seja frustrado por condições atmosféricas, mas a coisa lá se acalma mais para a frente. A festa de guitarradas distorcidas segue ao ritmo do recente baterista Jon Theodore, que toca como manda a lei do bom rock. Momento de virtuosismo demonstrado mais à frente, num solo de bateria cheio de contratempos e dinâmicas.

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A dado momento, algum palerma com um laser arranca um “don’t point that laser to me, our i will break your neck” a Josh Homme, que, em palco, do alto dos seus quase dois metros, é uma personagem completamente “i don’t give a f*ck”. Mais tarde volta a dirigir-se cheio de irritações a alguém no público que alegadamente lhe fez um “pirete”. Mas também é um sensível. “This is so beautiful”, vai dizendo Josh perante o mar de gente que se estende à sua frente. É um badass sentimental.

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Troy Van Leeuwen, guitarrista que chegou a empunhar uma belíssima Fender Double-Neck Jazzmaster, toca com energia e destreza, e o facto de ser o membro mais antigo da banda, a seguir ao Josh, nota-se na sua confiança em palco. Michael Shuman, do outro lado, no seu sempre rasgado baixo Fender Precision, mostra o poder dos seus graves em músicas como “Little Sister” e “Sick Sick Sick”.

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No festival com mais selfies por metro quadrado, que sirvam para mais alguma coisa os gadgets. Josh pede que os liguem no ar. As luzes do palco desligam-se e um manto de milhares de pequenas luzes clareiam o recinto. “Look at this. This is so beautiful. Thank you so much”. Entra a “No One Knows”, aquela que todos conhecem, e o público agita-se. Há quem cante e salte. E as luzes continuam. A banda está entusiasmada perante aquilo que vê. Para acabar vão ao “Songs for the Deaf”, buscar a “A Song for the Dead”, numa versão mais longa. No fim, o feedback prolongado da guitarra deixada chão, a banda a despedir-se, e Josh a agradecer com sinceridade. Os QOTSA a mostrarem que no rock nem tudo está perdido.