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Radio Moscow, emissão homérica

Radio Moscow, emissão homérica

2014-05-26, Stairway Club, Cascais
Nero
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Aqueles que estiveram na cave do Largo das Grutas foram privilegiados com uma primeira viagem a “Magical Dirt”, o álbum marcado para Junho.

Viagem intercalada pelo fenomenal “Brain Cycles”. Essa intenção foi clara quando, após a entrada com “Broke Down”, se ouviu logo “Death Of A Queen”. “I Just Don’t Know”, “The Escape” e outra nova, “Before It Burns”. A super bluesy “250 Miles”, “Brain Cycles” e a passagem pelo primeiro registo, com “Mistreating Queen”. Depois de revisitarem “The Great Escape Of Leslie Magnafuzz”, através de “No Time”, a focagem regressou a “Magical Dirt”, com “Rancho Tehama Airport” e “Gypsy Fast Woman”.

Parker Griggs é um autêntico zelota, um dos guitarristas mais apaixonados e intensos que existe por estes dias. Há algo de Ritchie Blackmore em Griggs, a forma como a construção do seu som o projecta para a frente de cama tema e de como, nos solos, não tem qualquer receio de expor os seus erros técnicos à intensa fúria eléctrica com que a banda o cerca. Há muito egocentrismo na sua exposição com a Stratocaster, mas de uma forma homérica e não narcisista (como recorrentemente acontece com os shredders). No fundo, a sua técnica é submissa ao groove, em detrimento do auto deslumbramento.

Com o backline em volumes altíssimos, através de amps capazes de uma amplitude de resposta assombrosa, a tempestade sonora do power trio roçou o metafísico.

O rig de Parker Griggs. Um Orange Rockerverb 100 MK II, a amplificar uma Strat.

O rig de Parker Griggs. Um Orange Rockerverb 100 MK II, a amplificar uma Strat.

A pedalboard de Parker Griggs.

A pedalboard de Parker Griggs.

O baixista Anthony Meier e o baterista Paul Marrone partilham a visão do frontman. A sua prestação, tão poderosa quanto agilizada tecnicamente, é papel químico das secções rítmicas dos power trio das lendas – digamos claramente que nos estamos a referir à explosividade de duplas como Jack BruceGinger Baker ou Noel ReddingMitch Mitchell. É, todavia, importante estabelecer que os paralelismos entre os Cream ou The Jimi Hendrix Experience não são exactos, pois os Radio Moscow denotam traços mais americanos, mais southern, mais Allman Brothers, no fundo.

O rig de Anthony Meier. Um poderoso Orange AD200 Bass MK2, amplificou um Rickenbacker 4003.

O rig de Anthony Meier. Um poderoso Orange AD200 Bass MK3, amplificou um Rickenbacker 4003.

Com o backline em volumes altíssimos, através de amps capazes de uma amplitude de resposta assombrosa (go Orange!), a tempestade sonora do power trio roçou o metafísico, se pensarmos nas dimensões do Stairway Club. Uma riqueza luxuosa de médios projectou os temas da banda para lá das paredes do espaço, do tempo e da consciência física individual.  Quando se dá a quebra dessas premissas, essa acção chama-se… magia. Quando isso acontece estamos no campo do místico, do lendário, do rock n’ roll.

SETLIST

  • Broke Down
  • Death Of A Queen
  • I Just Don’t Know
  • The Escape
  • Before It Burns
  • 250 Miles
  • Brain Cycles
  • Mistreating Queen
  • No Time
  • Rancho Tehama Airport
  • No Good Woman
  • Gypsy Fast Woman
  • I Don’t Need Nobody