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Redemptus

Every Red Heart Fades To Black

Raging Planet, 2017-11-17

EM LOOP
    • In A Deep Hole
    • Across This Ocean Of Grief And Beyond
    • Pile Of Papers
Nero

Ao segundo álbum, os Redemptus já não são apenas um projecto, mas uma excelente banda.

No texto de apresentação que acompanha o novo álbum, “Every Red Heart Fades To Black”, são referidos os nomes de Zozobra, Old Man Gloom, Converge, Cursed ou Isis como bases musicais de onde a banda extrai as suas influências. Assumidas, portanto, e expostas claramente num tema como “Peered Into Everyone’s Fate”.

Contudo, neste segundo álbum, a banda exibe agora cicatrizes adquiridas pelo baixista/vocalista Paulo Rui à frente dos portugueses Besta e, principalmente, do tempo passado com os franceses Verdun. Num tema como o que abre o disco, “In A Deep Hole”, está bem demarcada a rudeza da vaga francesa que cruza o post-metal com o sludge.

Mas para lá das fontes de onde a banda sorve o seu negrume, os Redemptus destacam-se por, tal como no álbum “We All Die The Same”, serem capazes de conjugar peso e riffs memoráveis, como tão bem demonstram, por exemplo, no orelhudo tema “Unravelling The Garden Of All Forking Paths”. Com a novidade de a cadência rítmica dos temas apresentar um groove incomparavelmente maior, em detrimento dos temas mais ortodoxos e com recurso a pausas e acentuações de bordão como sucedia no primeiro álbum.

O trabalho de captação, mistura e masterização de Daniel Valente, no estúdio Caos Armado, é outra mais-valia neste trabalho. A armadura de amplificação que reveste o álbum está bem polida, sem estar decorada por plumas desnecessárias. Talvez devido à vivacidade da tarola e pratos, o som apresenta um bem conseguido brilho dinâmico sobre a força bruta das guitarras.

Riffs cativantes num trabalho com maior maturidade e dinamismo musical e sonoro.

Os elementos dramáticos (excessivamente presentes no primeiro disco) estão mais doseados, tornando-se cativantes no tema avant-garde “At The Altars Of Competition” que, ao lado da verdadeiramente extraordinária composição que é “Across This Ocean Of Grief And Beyond”, se revela o pungente coração do álbum.

Os músicos revelam maior coesão e capacidade de execução – o baterista Marco Martins chega mesmo a ser exuberante em “Pile Of Papers” – num álbum em que, por mais que haja espaço para evolução, os Redemptus já não são apenas um projecto, mas uma banda.