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SBSR 18: Destaques no Palco EDP

SBSR 18: Destaques no Palco EDP

2018-07-19, Palco EDP, Super Bock Super Rock
António Maurício
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The Parkinsons, Parcels, Temples e Olivier St.Louis fizeram efervescer o palco secundário do festival Super Bock Super Rock.

A urbanidade do festival Super Bock Super Rock, desde 2016 no Parque das Nações, inclui um palco secundário protegido pela sombra da enorme pala do Pavilhão de Portugal. Apesar de não conseguir agregar a mesma atenção do palco principal, permitiu assistir a concertos que não devem ser menosprezados. Por ali passou punk, indie, pop, passou rock psicadélico ou até mesmo soul. Todos esses géneros com o denominador qualidade em comum.

THE PARKINSONS

Uma banda não é uma banda punk sem um vocalista excêntrico e incansável e os The Parkinsons já percorreram meio-mundo com aventuras exuberantes  de Afonso Pinto a conduzi-los (passem pela história disponível no website oficial). «Boa noite, Braga!» foram as primeiras palavras que saíram da endiabrada boca do vocalista, mas não foi a única excentricidade projectada. Com ritmos rápidos, destilaram novos temas do álbum “The Shape of Nothing to Come”, editado a 27 de Abril de 2018, com urgência e dupla percussão: obra do baterista Ricardo Brito e do teclista Jorri Silva que, além do sintetizador, possui um kit de bateria digital. Victor Torpedo, guitarrista desde a fundação inicial da banda, partilha um pouco de loucura com o vocalista e salta frequentemente de pernas abertas sempre que encontra uns segundos livres. O baixista Pedro Chau necessitava de maior poder no seu instrumento, porque era ocasionalmente engolido, na mistura, pelos restantes.

O punk rock rápido colidiu com eficácia, as guitarras estridentes e a bateria sempre rápida não ofereceram um segundo de tranquilidade e passaram por faixas mais “antigas” como “Primitive”. O microfone sobreviveu por pouco, porque estava a ser constantemente enrolado entre os braços, pescoço e até mesmo a entrar completamente dentro da boca de Afonso Pinto. No início da segunda parte, Afonso decidiu entrar em modo de combate. Ficou em tronco cu e desceu até à zona do público: criou-se um buraco entre a multidão para os seus movimentos impulsivos. Ao voltar à posição de partida, executou ainda um “dueto” de bateria com Ricardo Brito. Um concertos dos icónicos The Parkinsons continua a revelar pulsações fortes e rápidas.

PARCELS

Os Parcels foram praticamente o oposto dos The Parkinsons. Cinco rapazes bem arranjadinhos, criam jams indie e synthpop para dançar em tranquilidade e sem movimentos bruscos. Os dois sintetizadores de Louie SwainPatrick Hetherington dominam a performance, principalmente em faixas como “Gamesofluck” ou “Tieduprightnow”, que evocam um ambiente daft punkiano. Em termos estatísticos, diga-se assim, os dois sintetizadores estão devidamente equilibrados a 50/50 com a guitarra e o baixo, mas as suas melodias são a primeira coisa que apanham e prendem o ouvido. Em segundo lugar de destaque posicionamos o baixo de Noah Hill, com linhas extremamente hipnóticas e bem definidas na estrutura sonora. A voz aguda e fina convida ainda mais o ambiente de festa, com uma entrega descontraída e constantemente acompanhada por 3 vocais de apoio dos camaradas.

Em exclusivo, tocaram a inédita “Bemyself”, onde trocaram o groove por uma abordagem mais despida de instrumentos, mais balada. São ainda óptimos a segurar um instrumental em loop e depois aplicarem várias modificações até ao derradeiro momento de mudança. Fizeram-no várias vezes e sempre de forma exemplar, com alguns toques de progressismo pelo meio. Os Parcels são sinónimo de uma viagem ao mundo pop, sem parar na generalidade.

TEMPLES

O início dos Temples foi marcado pelo reverb e o delay na voz de James Edward Bagshaw. Mas os efeitos também estavam presentes nos instrumento físicos: na guitarra, no baixo, no sintetizador e na bateria. Esta panóplia de processamento criou um som psicadélico que apenas se ouviu vivo e acutilante nas últimas faixas, quando o sintetizador foi colocado em último plano e o som de cordas da guitarra eléctrica subiu à ribalta. A excelente “Certainty”, do mais recente álbum editado (“Volcano”, 2017), encontrou a melhor exibição e resposta da plateia, com o sintetizador a copiar as notas da guitarra e vice-versa. As semelhanças com os Beatles no flow vocal, por exemplo, foram evidentes. O som do palco EDP não conseguiu transmitir com total transparência todas as nuances de “Colours To Life”, mas não pecou nos momentos de maior intensidade.

OLIVIER ST.LOUIS

Dividido entre o R&B e o Soul, Olivier St.Louis avoluma as suas presenças ao vivo com uma guitarra na mão e a sua característica voz. A acompanhá-lo está um baixo, um sintetizador e uma bateria. A ideia de que o artista está preso a um só estilo é desmistificada ao vivo, Olivier navega entre as suas próprias músicas como “Ain’t Cool” e “Dog In Man” e covers clássicas e contemporâneas. Tocou parcialmente “Didn’t I”, de Darondo, editada em 1973, e a bem mais recente “Them Changes”, de Thundercat, editada em 2015 (Relembra a review ao concerto de Thundercat no NOS Primavera Sound). Pelo meio das interpretações, as palmas como elemento percussivo foram fortemente incentivadas pelo artista – para que o público tivesse a oportunidade participar e se sentir integrado no ritmo providenciado pela guitarra, que guiou a maior parte das faixas exibidas.