Quantcast
SBSR’2015 | DIA 16

SBSR’2015 | DIA 16

2015-07-16, Parque das Nações
Redacção
6
  • 6
  • 6
  • 7

No primeiro dia do renovado SBSR, 18 mil pessoas assistiram aos vários concertos distribuídos por 4 palcos.

Os 20 anos do Super Bock Super Rock comemoram-se numa “casa” diferente. Um espaço urbano que resolve várias criticas apontadas ao espaço no Meco. Nesta primeira edição no Parque da Nações está tudo bem organizado, o público flui, não havendo filas ou confusão para aceder aos diferentes palcos, apenas alguma confusão na troca de bilhete por pulseiras. No entanto, algo se perde, a comunhão entre o público, a magia de um espaço como o Meco, o som ainda com algumas deficiências. O Meo Arena torna o público mais preguiçoso, menos participativo, principalmente para com as bandas que actuam antes ou depois dos headliners, como foi o caso de Milky Change ou Madeon. Concluindo, a escolha da nova casa do SBSR não é melhor ou pior, é diferente.

No primeiro dia os destaques da AS são os seguintes:

King Gizzard and the Lizard Wizard
Sete músicos em palco. Distorções com fartura. Efeitos psicadélicos. Pés a bater. Cabeças a abanar. A tarde do primeiro dia começou assim, com uma viagem supersónica e com poucas paragens para respirar, onde se ouviram “Cellophane”, “I’m In Your Mind Fuzz” e “Im Not In Your Mind”. Com duas baterias em palco, três guitarristas a despejar riffs e uma harmónica electrizante, foram conseguindo cativar e prender quem chegava, ainda meio perdido, ao recinto. Ver galeria.

IMG_9376

The Vaccines
O indie rock deste ingleses não deixou o MEO Arena indiferente, apesar de ainda estar pela metade. Os vocais de Justin Haywadr-Young são familiares ao público que salta: «If you wanna comeback, it’s alright», o mote do refrão da canção “If You Wanna”, foi o momento alto, como se esperava, com os pés mais vezes a flutuar no ar do que a pisar o chão pegajoso da arena. Começaram de forma calma, com baladas que até deixaram Justin no chão, literalmente deitado no chão, em “Give Me A Sign”, uma música mais no formato “épico”. As fotos, neste caso, valem mais do que mil palavras para descrever a energia do concerto.

IMG_9565

SBTRKT
Ouvem-se os primeiros sons da selva em forma de música electrónica e sabe-se que as máscaras já conhecidas estão prestes a voar até ao palco. Aaron Jerome está em palco e apodera-se dos instrumentos que tem à sua disposição para criar as simples, mas não lineares canções do projecto que lidera. “Wildfire” é o jargão da actuação, mas não se fica indiferente a “Right Thing To Do” ou “Hold On”. As influências são muitas e é isso que faz de SBTRKT um projecto tão multi-género. A cereja no topo do bolo foi a composição visual, com as cores quentes a ganharem espaço, os visuais animalescos também, e a tensão a crescer a cada beat libertado. Ver galeria.

Noel Gallagher’s High Flying Birds
Já se sabia que os momentos altos deste concerto seriam os singles dos anos 90 dos Oasis. E era por eles que o público esperava. E o Noel também sabia isso. “Champagne Supernova”, “Digsy’s Dinner”, “Whatever”, “The Masterplan” ou “Don’t Look Back in Anger” ecoaram no Meo Arena, com muitos ingleses na plateia em êxtase. No anos 90, em Manchester, um concerto de Oasis seria mais ou menos isto. Estes singles ofuscam músicas da carreira a solo do irmão mais velho da família Gallagher, que não ficam nada atrás destes êxitos. “Everybody’s on the Run” ou “In the Heat of the Moment” poderiam ter sucesso se ainda vivêssemos nos anos 90. A britpop está em desuso, e estas apenas serviram como ambiente de fundo para os grandes clássicos. O músico inglês faz-se acompanhar de uma banda de topo, competente e à altura de uma sala como o Meo Arena, e de uma esplendorosa colecção de guitarras, com destaque para a ES-335. O sonzão vinha de um Hiwatt Custom 100 (que, por acaso, está em teste na próxima edição da Arte Sonora), “casado” com, pelo menos, um Fender Hot Rod. Ver galeria.

IMG_0010

Sting
Assim como Noel, também Sting tem uma herança gigante, neste caso os Police. Um concerto de Sting não cheira a algo refrescante, cheira a algo retirado do baú da avó, mas que provoca um quê de nostalgia quando se remexe nele. Fazer um concerto para um Meo Arena cheio com memórias de baú, não é para quem quer é para quem pode. E o Sting pode. E o público gosta de remexer no baú do Sting. Com uma voz infalível e inseparável do seu velho amigo de longa data, aquele velho Precision Bass (e que bem que soa), Sting e a sua incrível banda despejaram hits como “If I Ever Lose My Faith in You”, “Every Little Thing She Does Is Magic”, “Englishman in New York”, “So Lonely”, “Walking on the Moon”, “Message in a Bottle”, “De Do Do Do, De Da Da Da” ou “Roxanne”. Houve ainda tempo para momentos mais instrumentais, que tornaram este concerto de Sting bastante mais interessante. Um Sting sozinho soaria desinteressante e enfadonho. Uma última nota para a ala feminina… aquela barba pseudo-hipster é tão sexy! (Não foi possível fotografar o concerto de Sting).

Madeon
A actuar para um MEO Arena quase vazio, Madeon tinha os verdadeiros “followers” do tipo de música que liberta a cada toque nos objectos de trabalho que tão bem domina: os launchpads. A energia já era pouca e um local fechado não ajudou à festa underground que o francês tentou criar na vinda a Portugal. O house que bem conhece foi caminhando até aos nossos ouvidos e o espectáculo visual foi, provavelmente, dos melhores que aquele palco viu. Tudo para meia dúzia de festivaleiros que souberam bem aproveitar a companhia de Hugo Pierre. À descoberta: La Lune; Cut The Kid; Pay No Mind; Imperium; Fresh – Mac Monroe; Beech Tree – Talay Rose.

madeon-1415 (1)

Por Tiago Varzim e Inês Lourenço