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SBSR’2015 | DIA 17

SBSR’2015 | DIA 17

2015-07-17, Parque das Nações
Redacção
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Ao segundo dia, a ala de confirmações femininas mostrou todo o seu girl power. As Savages trouxeram um rock porcalhão, Da Chick “make some noise”. Ah… e os Blur são os Blur.

O segundo dia do Super Bock Super Rock começou com os concertos de Isaura e White Haus. Duas propostas portuguesas, em que os seus concertos apenas pecaram pelo pouco público que ainda se encontrava no recinto. A doce Isaura fez companhia aos que chegaram cedinho, puxou por eles, ensinou-lhes refrões, eles retribuíram. Ao ouvir White Haus, esquecemo-nos que estamos no Parque das Nações, o projecto de João Vieira transporta-nos para NYC… E ficávamos ali a dançar até de madrugada.

Kindness
O, mais do que tudo, grupo de amigos de Adam Bainbridge juntou-se no Palco EDP e o resultado foi uma grande festa de final de tarde. A diversidade em palco era grande, assim como a vontade de dar um grande espectáculo ao som da música que produzem. Cada um surgia vestido no seu próprio estilo, literalmente e musicalmente, com uma liberdade incrível de interligação entre os elementos da banda que se iam espalhando pelo palco, sem rigorosas coreografias planeadas. Bainbridge foi rei e senhor da actuação que liderava, subindo e descendo o palco, interagindo cara-a-cara com o público, sem conseguir passar despercebido pelo imponente fato azul e a sua elevada estatura. Não havia grafismos nem imagens a passar em background, nem era preciso: os Kindness foram a luz e energia do concerto, dando tudo ao público que retribuiu, ainda com o dia 2 do SBSR a aquecer. Houve “comboinho” com o público, pandeiretas, baquetas pelo ar (uma delas até atingiu uma das meninas da banda, para riso de todos) e, no final, uns felizardos subiram a palco e fizeram um festão com selfies e muita dança à mistura. Ver galeria.

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Da Chick
O “freak show” chegou ao Palco Antena 3 e ainda bem. A composição era peculiar: uma vocalista a falar inglês a velocidade 2.0 com um coadjuvante ao lado que mostrava os seus moves à medida que ia completando os vocais; atrás a banda ia lançando os beats que fizeram do concerto de Da Chick um autêntico “funky show”, capaz de nos fazer querer vestir cores berrantes, voltar ao século passado e balancear os pés com um “clap clap” afinado. “Until Night Is Day”, do álbum mais recente, ficou-nos na cabeça: de certeza um novo tema para ouvir, assim como o resto do disco, quando a dopamina está em baixo. Com Da Chick as hormonas estão em alta. O 5º Andar já está reservado!

Savages
As Savages fazem com que as Warpaint pareçam meninas de coro. Garage? Punk? Não interessa, som porcalhão e cheio de personalidade que não deixa ninguém indiferente, nem mesmo os que apenas faziam tempo para Blur. De momentos introspectivos a momentos monstruosos de distorção que a “pala de Portugal” ajudou a difundir, com um volume alto o suficiente de acordar até mesmo as várias espécies marinhas que habitam mesmo ali ao lado. Estas miúdas deram um dos melhores concertos do SBSR. “Don’t Let The Fucker Get You Down” ficará na memória dos que ali estavam.

Jorge Palma e Sérgio Godinho
Ainda com a ressonância provocada pelas Savages nos ouvidos, fomos a correr para o Meo Arena para ouvir dois grandes da música portuguesa juntos. Ali deparámos-nos com um boa “rockada” portuguesa e com uma arena bem composta para ouvir e cantar velhos clássicos da nossa música. Hinos que ainda hoje fazem sentido serem expelidos em plenos pulmões como “Portugal, Portugal”. Se havia qualquer dúvida a respeito de Godinho e Palma ficarem um pouco deslocados do enquadramento festivaleiro, as lendas provaram que o rock português também tem tamanho para encher um grande palco. Ver galeria.

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Blur
Os britânicos têm novo álbum e esse foi o pretexto mais do que suficiente para virem novamente a Portugal. A decoração do palco relembrava os mais distraídos de que “The Magic Whip” era a razão para ali estarem, com os gelados de cone em néon a piscar, retirados da capa do álbum. Mas os Blur são daqueles casos de amor platónico por parte do público português, e pouco importa se há novo álbum para ouvir ou não, 0 que importa são os velhos hits como “There’s No Other Way”, “
Song 2″, “Tender”, “Girls & Boys” ou “The Universal”. Damon Albarn foi o anfitrião da noite, e, perto do final, ocorreu-nos o pensamento: «Por favor, não tenhas a ideia esperta de cantar durante mais quatro horas». Na plateia sentada, o som que nos chegava era lamentavelmente mau, com um baixo distorcido a sobrepor-se à própria voz de Albarn, com os metais e coros quais inexistentes, decidimos descer para a plateia em pé e a coisa melhorou. Um concerto que, com certeza, não desiludiu os fãs. Ver galeria.

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Stereossauro
A cara-metade de DJ Ride chegou à Sala Tejo, no Palco Carlsberg, para representar o scratch no seu freestyle que passou por músicas conhecidas, mas muito mais pelos sons que caracterizam este Beatbomber, com Regula à mistura. Até o fado surgiu interligado com a música electrónica, na composição de Paredes conhecida por todos, “Verdes Anos”. O som foi evoluindo para remisturas mais agressivas, com o hip hop a ganhar protagonismo numa sala meio-vazia, um problema recorrente no SBSR deste ano, antes ou depois dos headliners. Contudo, os que lá ficaram estavam de olhos bem abertos e de pé a bater, bem ritmado, no chão, ao sabor do talento inato de Stereossauro. O próprio ia interagindo, falando e, ao contrário de muitos DJ, soube cativar um público já cansado pelo avançar da noite.

Por Tiago Varzim e Inês Lourenço