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SBSR’16: Kendrick Lamar, All Hail King Kunta

SBSR’16: Kendrick Lamar, All Hail King Kunta

2016-07-16, Meo Arena
Bernardo Carreiras
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De lotação esgotada, o Meo Arena encheu para assistir a Kendrick Lamar. Com um ambiente de cortar a respiração, ninguém ficou indiferente ao espectáculo do profeta de Compton.

Os De La Soul tinham já abandonado o palco, depois de um concerto que não nos ficou na memória por muito tempo, e faltavam ainda cerca de 40 minutos para começar o próximo concerto,mas poucos foram os que arredaram o pé. Se perguntássemos individualmente o que levou aquela gente toda ao festival (20.000 pessoas), certamente a resposta seria praticamente unânime: Kendrick Lamar.

O rapper, que lançou um dos álbuns mais bem sucedidos de 2015, conseguiu o feito de encher o Meo Arena, das bancadas à plateia, com pessoas que completamente ao rubro aguardavam para assistir ao seu espectáculo.

A loucura começou ainda quando a banda entrou em palco, sem o cantor, para um interlúdio que piscou o olho à soul music. Foi com “Untitled 7” que K-Dot entrou em palco e foi nesse momento também que todos levitámos para um nível superior.

Seguiram-se “Backstreat Freestyle” e “Swimming Pools”, do conceituado álbum “Good kid M.a.a.D City” . Desde aí foi fácil entender o patamar que o músico já alcançou a nível mundial. Kendrick é hoje em dia, mais do que um simples rapper, um verdadeiro artista com um carisma e talento próprios de uma lenda musical. Depois de em  “To Pimp A Butterfly” ter ultrapassado limites na música que poucos sabiam que poderiam ser ultrapassados, quem sabe o que ainda guarda na cartola para o futuro?

Sempre acompanhado pela maravilhosa banda, que corresponde com perfeição aos ritmos recheados de soul e free jazz, Kendrick tocou tudo e mais alguma coisa do seu vasto reportório.

Sempre acompanhado pela maravilhosa banda, que corresponde com perfeição aos ritmos recheados de soul e free jazz, Kendrick tocou tudo e mais alguma coisa do seu vasto reportório. De “Pimp A Butterfly” tivemos por exemplo “Hood Politics”, “Complexion” e “King Kunta”.

Em “Bitch Don´t Kill Ma Vibe” tivemos um momento único que o próprio artista descreveu  como- “É aqui que todos nos unimos”. Tanto na plateia como em todas as bancadas, as pessoas saltavam e gritavam a plenos pulmões como nunca visto. Nas filas da frente viam-se jovens que sabiam as letras de trás para a frente.

Antes de o músico rebentar com “i”, um dos grandes singles do novo álbum, existiu uma pausa de uns bons 10 minutos com um público completamente rendido a bater palmas e a gritar “Kendrick”. Houve ainda tempo para o cântico que percorreu todo o festival  – “E foi o Éder que os…”. Portugal está a passar um momento raro de união e alegria e este concerto só veio confirmar ainda mais essa sensação. Já Kendrick mostrou-se completamente rendido com tamanha euforia. Iríamos jurar que vimos algumas lágrimas caírem do rosto do cantor.

Seguiu-se “For Free”, dedicado a uma rapariga que insistia da frontline. A velocidade e o flow com que as palavras voam da boca do cantor são absolutamente arrepiantes.

O encore foi composto por “Alright”, considerada a melhor música do ano passado, e foi assim que todos ficámos mesmo depois do final do concerto e mesmo com todos os problemas que se passam à nossa volta. Kendrick Lamar, mais que um músico, tornou-se um verdadeiro pastor e a sua palavra não encontra limites humanos. Se ao menos as paredes do Meo Arena falassem –“If these walls could talk” – diriam certamente que este foi o melhor concerto do Super Bock Super Rock.

Nota de redacção: O som de frente ao pé do palco não era mau. No entanto, para quem estava mais longe e nas bancadas, o som que chegava era pouco definido, não sendo possível ouvir em pleno o bandão que ali estava. Felizmente já tínhamos assistido a um concerto no Primavera Sound.