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Scorpions, Velhos Predadores

Scorpions, Velhos Predadores

2018-07-11, Estádio Municipal de Oeiras
Nero
Inês Barrau
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Mikkey Dee e Matthias Jabs foram as pinças que seguraram a audiência, até a cauda dos Scorpions estar pronta para a ferroada fatal.

Em 2010, com o álbum “Sting In The Tail”, Rudolf Schenker anunciava em entrevista à AS que a banda planeava reformar-se. Até porque, após algum tempo à procura de reinventar-se, os Scorpions haviam chegado à conclusão de que a força da banda se encontrava no seu passado, à dualidade entre vibrantes malhas de hard rock e baladões épicos. A reacção do público foi tão forte que a banda se agarrou a esses últimos momentos de glória e, além de ter ainda gravado outro álbum, em 2015, continua em digressão.

Com uma bagagem de canções memoráveis, Rudolf Schenker e Klaus Meine têm sabido gerir, do alto dos seus veneráveis 69 e 70 anos de idade actuais, o contraste entre os momentos mais eléctricos e as baladas. Deixando os trabalhos pesados para outros protagonistas. E, dessa forma, o concerto no Parque dos Poetas foi uma excelente analogia. Com Matthias Jabs a assegurar a excitante electricidade das guitarras dos Scorpions (com um guitarrista “sombra” a trabalhar, escondido em palco, nas harmonizações clássicas da banda), pois Rudolf já só pretende divertir-se sob a égide dos versos de “Rock You Like A Hurricane”, que dizem «The bitch is hungry / She needs to tell / So give her inches / And feed her well», a perfeita frase rock n’ roll!

Já o poder propulsivo esteve a cargo de Mikkey Dee. O baterista dos últimos anos de Motörhead foi um titã em palco, mostrando que renovou a banda, as suas forças e agressividade. No fundo, mantém os Scorpions capazes de oferecer um concerto de rock com todos os seus pressupostos, em detrimento do excessivo recurso a baladas. Também tiveram o seu espaço, através do set acústico que compreendeu “Follow Your Heart”, “Eye of the Storm” e “Send Me an Angel”, logo seguido por “Wind Of Change”. E sabes que és um enorme patrão quando fazem uma Flying V acústica só para ti. Podem ver em pormenor esse modelo que Boris Dommenget criou para Schenker no site do luthier.

Depois desse momento de descompressão seríamos agraciados com o tributo a Lemmy Kilmister, com uma versão de “Overkill”, original dos Motörhead. Não é a mesma coisa na voz de Klaus, mas foi bonito e serviu de trampolim para um vibrante solo de Dee, que mantém o andamento imposto pela antiga banda e se destacou com os rápidos e poderosos stroke rolls na tarola, suspenso num palanque elevado à altura do palco. A partir daí, o concerto foi catapultado para um final à altura dos melhores anos dos Scorpions nos anos 70/80, com a explosiva sequência de “Blackout”, “Big City Nights”, antes do encore.

A despedida trouxe a inevitável “Still Loving You”, em que pudemos ver, finalmente, Rudolf Schenker “trabalhar” a sério, evocando o seu icónico solo nesse tema. Depois de “Rock You Like A Hurricane”, ninguém tinha vontade de ir embora. Afinal, a picada do escorpião ainda tem algum veneno.

SETLIST

  • Going Out With a Bang
    Make It Real
    Is There Anybody There?
    The Zoo
    Coast to Coast
    Top of the Bill
    Steamrock Fever
    Speedy’s Coming
    Catch Your Train
    We Built This House
    Delicate Dance
    Follow Your Heart
    Eye of the Storm
    Send Me an Angel
    Wind of Change
    Tease Me Please Me
    Overkill
    Blackout
    Big City Nights
  • Still Loving You
    Rock You Like a Hurricane