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SWR – DIA 3

2012-04-28, Barroselas
Nero
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O palco SWR Arena acolhia quem chegava ao recinto com um interessante concerto em jeito mashup entre Pe7erpanic e Honkeyfinger, dois projectos one man band, com um som a transportar-nos para o delta blues, mas com mais atitude, mais sujo.

De resto, o palco gratuito centrou atenções neste início de dia, com a actuação dos rockers suecos Dying For Some Action. Som sujo, a dividir-se entre o punk e o garage rock, grande presença em palco e possivelmente a primeira banda a usar uma Telecaster nos 15 anos de SWR, pelo menos não é comum ver tal modelo de guitarra em backlines dominados por Jacksons, BC Rich, Ibanez ou ESP. Aliás, não deixa de ser curioso constatar sempre como os instrumentos diferenciam o som de uma banda, além da Telecaster, uma Les Paul e um baixo Rickebacker elevaram-se acima das dificuldades recorrentes do som do SWR Arena e mostraram o seu álbum, “Die Harder”, com uma fúria sleazy que fez querer descobrir mais sobre a banda.

 

Era hora de subir ao palco 1 e ver uma das grandes bandas nacionais (ver em entrevista na AS #21), os Concealment. Com um set concentrado no mais recente trabalho, o belo álbum “Phenakism”, David Jerónimo (bateria), Paulo (baixo) e Filipe Correia (guitarra/voz) provaram uma vez mais, caso fosse necessário, o nível musical individual de cada um e como em boa matemática, a valia da soma das partes. Foi pena a banda não ter tido o som um pouco melhor, leia-se com mais definição. Todavia se abriram o palco 1 com o recinto ainda algo despido, quando terminaram havia já uma quantidade considerável de público a aplaudir o seu set.

Os Irae seguiram-se no palco 2, com um black metal a mover-se entre o cânone do género e um interessante trabalho de harmonização melódica entre as linhas de guitarra, isto sem perder o sentido agressivo esperado deste tipo de bandas. Nada de muito novo, mas bastante competente. Algo que já não pode ser dito dos Pantheist que usaram todos os clichés clássicos do death doom melódico e cuja banalidade nas composições em vez de os aproximar do som funéreo que proclamam, os mantém num espectro da tragédia romântica insípida latente no doom gótico. Depois, as ideias de maior progressismo são mal executadas e em vez de enriquecerem os temas tiram-lhes solidez. Muito fraquinho, o concerto.

 

Depois de terem sido forçados a cancelar a sua presença na edição anterior, os Purgatory vieram a esta edição com a corda toda para compensar os amantes nacionais de death metal. Os alemães não deram tréguas, com um dos melhores sons no palco 2, evoluídos musicalmente e a conseguirem acrescentar personalidade ao sentido axiomático do género. Algo que outro nome clássico, os Artillery, não conseguiram mostrar – a banda foi decisiva no desenvolvimento do thrash metal na Europa, mas as sucessivas separações e comebacks parecem mostrar um projecto a mover-se alimentado apenas por nostalgia, contudo a lei final é ditada pelo público e os dinamarqueses foram uma das bandas mais aclamadas.

Outra das bandas muito aclamadas foram os Hail Of Bullets, antecedidos pelos Dyscarnate os holandeses mostraram através da solidez do seu concerto o porquê de serem uma banda em crescimento entre os amantes de death metal. Sem deslumbrar, mostram competência e crença no que fazem. Depois, quando os Omission tocaram o sentido do festival já era a aproximação ao palco principal para o concerto de Immortal – no dia em que o SWR teve mais público, num ano em que parece ter havido uma quebra nos números, com o espaço do palco 1 perto da lotação máxima.

Os colossos e pioneiros do black metal norueguês foram competentes o quanto baste diante de um público que já lhes estava rendido logo aos acordes da entrada com o tema que deu título ao álbum de regresso da banda. Com uma produção de palco desenvolvida e a mostrar o quão longe vai o tempo algo naif de “Diabolical Fullmoon Misticism” – que ainda foi lembrado com “Call Of The Wintermoon”. Contudo, o sentido menos controverso que a banda foi adoptando parece ter retirado fúria ao seu som. Depois dos Immortal, o terceiro dia de festival estava praticamente fechado, até pela ausência de última hora dos Sublime Cadaveric Decomposition, que colocou os Black Lodge no palco principal. Antes, no palco 2, os Dragged Into The Sunlight não impressionaram.