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Tara Perdida

Dono do Mundo

Sony Music

Ines barrau

“Dono do Mundo” marca o regresso dos Tara Perdida, após uma pausa de cerca de 5 anos. O sucessor de “Nada a Esconder” segue a mesma linhagem do trabalho de 2008 através dum melódico punk-rock Português com atitude, umas vezes mais ritmado e com variante punk e em certos casos, nomeadamente em refrões, mais orelhudos e virados para o rock, a piscar o olho para a massificação de público.

Este sétimo registo de originais traz um novo fôlego já antes explorado em anteriores discos, mas desta vez as arestas foram polidas até à quase perfeição. Uma boa secção rítmica por parte de Pedro Rosário, que encaixa na perfeição na voz do carismático “Ex-Censurado” João Ribas. Não tirando crédito às guitarras, existem algumas passagens ao longo do álbum em que estas poderiam ter sido melhor trabalhadas, nomeadamente em momentos de evidência, como certos solos. Como no single, e tema de abertura, “O Que é que Eu Faço Aqui”, em que o solo de guitarra no final do tema se limita a seguir a melodia e ritmo criado ao longo de 3:48 minutos, não havendo asas para um momento de realce mais criativo na composição. Pode ser interpretado como algo monótono por alguns ouvidos mais exigentes.

Oriundos de uma cena musical que se pauta por uma elevada consciência social e cívica, os textos cantados estão muito bem estruturados, tanto em momentos de reflexão acerca do comum quotidiano, bem como num lançamento de reformas para um novo futuro. Saúda-se então a audácia da banda, bem exprimida no tema “A Mensagem”, que remete para um pensamento algo profundo em jeito de alarme, tal como acontece em “Entender o Futuro”. “Lisboa” revela-se uma agradável surpresa, estrategicamente colocada a meio do disco invoca uma ode musical e introspetiva sobre a capital portuguesa, é acompanhada pela tecla de Rui Almeida (pianista de João Pedro Pais) e pela voz de Tim dos Xutos e Pontapés e faz aquela pausa que sempre fica bem num registo mais acelerado. Momento que só se repete mais para o final, com a instrumental “A Ponte”.

Quando se chega ao fim do álbum, sente-se que é o fim de uma transmissão que recebemos em muito boas condições, bem elaborada e com refrões prontos a ser entoados em coro numa qualquer actuação ao vivo. Algo a que os Tara Perdida sempre nos habituaram, mas desta vez num formato mais amadurecido.