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Tash Sultana, Alquimia Instrumental

Tash Sultana, Alquimia Instrumental

2019-07-12, Passeio Marítimo de Algés, NOS Alive
Redacção
Inês Barrau
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Uma viagem psicadélica pelo talento da jovem multi-instrumentista que combina, cria e destrói paisagens complexas, completamente a solo.

Imaginem aqueles cenários em laboratório onde a cientista mistura líquidos em tubos de ensaios para criar soluções perfeitas. A Tash Sultana é a cientista, os tubos de ensaios são os instrumentos que utiliza, os líquidos são os diferentes sons escolhidos e as composições psicadélicas que descobre são as soluções. O palco Sagres voltou a lotar para uma performance de excelência.

A paisagem em palco era simples, formas em néon bem no centro e dois pilares de luzes, mas as habilidades de Tash não são simplistas. Entrou de forma humilde, com toques de guitarra eléctrica e falsettos agudos, mas rapidamente começou a utilizar a loopstation para criar as camadas instrumentais. A partir daqui, foi sempre a complicar. Quando precisou de adicionar percussão, utilizou baquetas e os dedos no sampler para criar ritmos. Alternativamente, à moda da rua, sem recursos, também fez beatbox no microfone. Em modo teclista, efectuou notas soltas e solos no sintetizador. Atenção, isto aconteceu tudo em “Big Smoke” e “Gemini”. Mas antes de terminar este duplo set, fechou a sonoridade com um solo de trombone.

Seguiram-se notas graves de guitarra, com sonoridades mais hard rock, com direito a solos, claro. Se era para mostrar o nível ecléctico, era para mostrar tudo. Mais tarde, com a ajuda do sintetizador criou um corpo sonoro mais simples, com melodia de teclas, pratos, bombo e tarola no sampler – o objectivo desta vez era o foco no trabalho vocal e não na perícia de multi-instrumentista. Tash Sultana também dá cartas na voz. Falsettos, melodias, onomatopeias sonoras que se encaixam no som como um instrumento adicional e um bonito timbre. O pacote é completo.

A festa foi acontecendo com muitos ritmos psicadélicos digitais ou ritmos R&B, passando por formatos mais acústicos ou dança chill eletrónica como em “Salvation”, que incluiu um novo arranjo introdutório, provavelmente exclusivo nas presenças ao vivo. É uma artista obrigatória para quem gosta de ver/perceber métodos de produção, como se compõe uma música, que elementos podemos combinar. Até para quem não aprecia sonoridades mais psicadélicas. O nível de mestria entre os vários instrumento foi cativante e impressionante, uma verdadeira one-woman-show.