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The Raconteurs

Help Us Stranger

PIAS Ibero América, 2019-06-21

EM LOOP
  • Don’t Bother Me
  • Hey Gip (Dig The Slowness)
  • Sunday Driver
  • What’s Yours Is Mine
Nero

Após uma década de silêncio, Brendan Benson e Jack White pegaram nas guitarras para criar “Help Us Stranger”, o novo e portentoso álbum dos The Raconteurs.

Nunca havia sido dito que tinham acabado ou que nunca gravariam mais música, mas a verdade é que uma década depois de “Consolers Of The Lonely” o regresso dos Raconteurs foi uma surpresa. E, se ouvirem o novo álbum, vão concordar que foi uma boa surpresa.

Nascidas na cena garage rock de Detroit, na viragem do milénio, as composições da dupla Jack White/Brendan Benson continuam a manter a força eléctrica, o carisma e elegância do cânone clássico e uma uniformidade congregadora de fontes sonoras como Led Zeppelin, os Stones, Bob Dylan ou Bob Seeger, do country ao musculoso revivalismo rocker.

O ponto de partida para este disco foi “Shine The Light On Me”, tema que Jack White descartou para o seu mais recente álbum a solo [“Boarding House Reach”, 2018], por considerar que soava mais como uma canção dos Raconteurs. Benson já andava há alguns anos a arquivar ideias também e quando Patrick Keeler visitou Nashville, os Raconteurs juntaram-se em casa de White, no seu home studio (se assim se pode chamar), para ver o que saía dali. «A ideia não era juntarmo-nos e gravar um disco, era mais fazer uma jam e ver se nos sentíamos bem e estávamos “ligados”. E estávamos», refere Benson.

Com mais de 40 esboços de canções por onde escolher, a forma final de “Help Us Stranger” é vigorosa e dinâmica, vintage e moderna. Soam como o álbum que a banda queria fazer, sentindo-se a forma afirmativa com que cada músico soa individualmente e como todos soam em conjunto. Algo também decorrente da opção da banda em gravar exclusivamente em live takes, sem recorrer a qualquer tipo de basic tracking de antemão.

Quando o rock ‘n’ roll é bom, não há nada que se lhe compare!

Soa também pesadíssimo (ouçam “Don’t Bother Me” ou “What’s Yours Is Mine”), apesar de apenas em alguns momentos existirem afinações além da standard. Talvez derivado às experimentações que a banda fez ao manipular as velocidades da fita analógica. Em “Consolers Of The Lonely”, por exemplo, aumentaram-na, aqui atrasaram-na.

O álbum, pensado de raíz para bater na duração padronizada nos LP’s em vinil, soa conciso. No sentido, em que, uma vez percorrida a tracklist, a vontade é dispará-la de novo. “Help Us Stranger” teve uma primeira masterização recusada, devido ao excesso de volume e compressão, mas mesmo tendo a banda corrigido isso e notar-se vivacidade e o tal dinamismo na mistura dos instrumentos, que respiram naturalmente na interacção eléctrica-acústica, o disco mantém um tremendo “estalo” e amplitude, respondendo exponencialmente ao volume do vosso leitor.

Mais um discão de rock, numa era em que não faltam arautos do estado moribundo deste género. «O rock ‘n’ roll tem sido cíclico desde sempre. Já esteve em boas graças, já esteve em desgraça, etc. Veio o punk, depois o new wave, depois o rap e as pessoas apressaram-se a proclamar a morte do rock ‘n’ roll… Mas quando o rock ‘n’ roll é bom, não há nada que se lhe compare!», refere Brendan Benson, na longa e exclusiva entrevista que deu à AS e que será publicada, muito brevemente, na próxima edição impressa. Vão estando atentos à nossa loja.