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Vodafone Mexefest [02.12.11]

Vodafone Mexefest [02.12.11]

Inês Barrau

A avenida da Liberdade, em Lisboa, recebeu, mais uma vez de braços abertos, o agora chamado Vodafone Mexefest, antes conhecido como Super Bock em Stock – se antes o slogan era “em stock” agora o slogan é “mexer”. Ambos os nomes assentam como uma luva, porque é exactamente isso que é este festival, é andar sempre a mexer para conseguir ver o maior número possível de espectáculos numa noite, num total de duas noites consecutivas. Mais que a oferta de concertos, o Vodafone Mexefest é um convite ao passeio pela Avenida e por várias salas emblemáticas, e outras improvisadas. Este festival dá uma vida nova a esta zona da cidade que, excepção feita aos recentes quiosques plantados ordenadamente pelos dois lados da Avenida da Liberdade, pouco tinha a oferecer aos noctívagos. Aqui ficam as bandas que vimos na primeira noite. 

21.30 – Levantamos a credencial na bilheteira do cinema São Jorge. Nesta altura, o Benfica ainda ganhava ao Marítimo, pelo menos tínhamos ficado com esse resultado ao intervalo. Tudo em ordem com as acreditações e descemos a Avenida da Liberdade, em passo apressado, em direcção à Casa do Alentejo, edifício de uma beleza ímpar – e pelo caminho vimos num ecrã gigante de um dos quiosques da Avenida da Liberdade que o resultado já tinha sido invertido pelo Marítimo, e naquela altura já ganhava por duas bolas a uma. Mas seguimos a caminhada, em verdadeiro slalom entre pessoas e carros e lá chegamos ao nosso destino. 

21.45 – Subimos as escadas e ao chegarmos à sala encontrámos uma fila de pessoas que esperava calmamente por uma ordem de entrada, porque esta estava cheia. No palco já estava Eleanor Friedberger, a nossa primeira escolha da noite. A americana, que com o seu irmão Matthew_Friedberger formam os The Fiery Furnaces, lançou-se a solo este ano e veio apresentar ao Vodafone Mexefest o seu álbum “Last Summer”.

Mostrou o seu estilo Indie e não esqueceu, claro, a música “My Mistakes“. A meio do concerto já se viam algumas consultas ao programa e muita gente acabou por abandonar a sala, que se tornou mais espaçosa.

Pouco tempo depois nós também saímos, porque no teatro Tivoli iam começar os Handsome Furs, às 22.15. À saída cruzamo-nos com Luísa Sobral, que já tinha actuado antes na Igreja de S. Luís dos Franceses. 

22.20 – Pernas à estrada e se a descer todos os santos ajudam, a subir a história é outra e a Avenida da Liberdade tem aquele declive quase imperceptível quando se passa de carro, mas a pé a inclinação faz-se notar. Mas a noite estava fria e nada melhor que fazer uns metros para chegar ao Teatro Tivoli. Quando chegámos, o concerto já tinha começado.

Subimos as escadas e sentamo-nos no último piso e apreciamos a imponência da sala, que estava cheia. Lá em baixo estava o casal Dan Boeckner e Alexei Perry, que formam os Handsome Furs.

Ele também faz parte dos Wolf Parade e Atlas Strategic e ela é escritora, e é enérgica e acrobata. E nós a recuperarmos da subida da Avenida da Liberdade… Recuperado o fôlego, foi levantar da cadeira e dançar ao som da electrónica dos Canadianos e a explosão veio com “What About Us” onde Dan Boeckner desceu até à plateia e dançou com o público, como é costume nas suas actuações ao vivo. Depois desta boa dose de energia dançável olhámos para o programa e percebemos que no São Jorge já estavam a tocar os S.C.U.M, e foi para lá que rumámos. 

22.50 – Atravessámos a provisória passagem superior que une o Teatro Tivoli ao cinema São Jorge, que em muito facilita e dá segurança aos festivaleiros no atravessar da Avenida da Liberdade. Na sala II do cinema São Jorge já se ouvia a “negrura” dos S.C.U.M, a sala estava irrespirável e o calor era muito, enquanto a banda Inglesa tocava o seu disco de estreia “Again Into Eyes”.

Caracterizados por um som que vai desde a amargura dos Joy Division até rock psicadélico/electrónico dos The Horrors, os S.C.U.M deram um bom concerto, embora, por vezes, a voz de Thomas Cohen, vocalista, não fosse muito audível e ficasse abafada no meio da distorção hipnotizante da banda.

Mas fecharam com chave de ouro com o genial “Whitechapel“. E mais uma vez saímos a dançar.  

23.20 – Pausa para descansar e optámos por esperar pela actuação dos Junior Boys, às 23.45, no teatro Tivoli. Os canadianos eram um dos nomes mais fortes da noite, com quatro álbuns de estúdio em carteira, vieram mostrar o seu último álbum “It’s All True”. Sintetizadores ligados, o público ao rubro e o duo Jeremy Greenspan e Johnny Dark a mostrarem a sua “electrónica com alma”. Mas, muito honestamente, achámos que lhes faltou um bocadinho de energia. Não existiu uma explosão que nos deixasse a dançar de olhos fechados e braços levantados, mas sim uma actuação mais técnica e competente. Até “In the morning” soou menos intenso que no álbum. Ainda tempo para nos cruzarmos com John T. Pearson, no bar do Tivoli, que tinha actuado na Sociedade de Geografia de Lisboa.  

01.00 – E é hora de ir até ao metro dos Restauradores, não para ir para casa, mas para ver os PAUS. Parecia hora de ponta. A banda portuguesa teve a sala SBSR cheia e parece-nos que tinham merecido o Teatro Tivoli, não apenas para os podermos ver, mas também pela gigantesca actuação que proporcionaram. Dada a grande afluência de público e ao facto de o palco ser muito baixo, a visualização do espectáculo foi quase nula, em particular para aqueles que estavam cá atrás, como nós. Apenas conseguimos ver o baterista Hélio Morais por causa do crowd surf que fez no fim do concerto. Os PAUS mostraram, mais uma vez, que as suas actuações ao vivo são arrasadoras, de recordar a música “Deixa-me Ser“.