Quantcast
Vodafone Mexefest | DIA 2

Vodafone Mexefest | DIA 2

2013-11-30, Avenida da Liberdade
Hugo Tomé

Era claro que Daughter ia ser outra cena! Ciclo Preparatório podem saltar o liceu e matricular-se na licenciatura.

De regresso à Avenida da Liberdade da vaidosa Alfacinha, para o segundo e último dia do Vodafone Mexefest, que em contraste com a habitual correria às bilheteiras no arranque das festividades, encontrava-se nitidamente mais calma e tranquila nas imediações do São Jorge. A mudança do Teatro Tivoli para o Coliseu dos Recreios na presente edição, se por um lado, constituiu uma mais valia para a falta de espaço de anos anteriores, da qual, agradecemos. Por outro, claramente, desviou o maior número de pessoas durante todo o Festival para as Portas de Santo Antão, onde na Casa do Alentejo, os Ciclo Preparatório mostravam o rock português mais elegante e educado da actualidade.

A jogar em casa, os lisboetas foram tão bem comportados quanto a imagem de rapazes ordeiros e bem criados fazia antever. Fiéis seguidores da doutrina dos Heróis do Mar, as canções de As Viúvas Não Temem A Morte, foram tão saborosas ao vivo e a cores, como são graciosas e escorregadias na versão de estúdio. E, como não poderia deixar de ser, a acolhedora Casa do Alentejo abriu portas a uma agradável volta ao orgulho de Ser português, feita por um grupo coral pop especial rural-chique delicodoce, que uma vez mais, demonstrou porque são um dos projectos nacionais mais interessantes dos últimos tempos.

Não foi preciso andar muito, para bem perto no Coliseu dos Recreios, sermos igualmente bem recebidos pelo romantismo dos Daughter. O trio inglês, que nesta noite contou com mais um elemento, chegou a fazer temer o pior, ou não fosse, a sua música uma peça demasiado intimista e frágil (no melhor dos sentidos), para um espaço que se suspeitava puder ser grande demais para o número de pessoas presentes. Felizmente, tais suspeitas, não se confirmaram e contrariamente ao esperado, uma sala bem composta recebeu Elena Tonra e restantes companheiros, com honroso carinho e afeição. A partir daqui, o enredo de uma história que envolve na sua grande maioria o amor em franca desconstrução, foi representado por o traço melancólico e introspectivo onde paira a inocência e honestidade de canções como “Love”, “Home”, “Smoother”, “Tomorrow” e “Youth”, das quais, a aceitação e dedicação do público reflectiu-se na empatia que fez do concerto dos Daughter encantador e surpreendente.

Quem não deixava grandes dúvidas relativamente à plateia que o esperaria, era o brasileiro Silva. O músico que se estreou recentemente com o álbum Claridão, movimentou facilmente um bom par de admiradores e curiosos à Estação Vodafone FM, vulgarmente conhecida por Estação dos Rossio. Fazendo-se acompanhar, simplesmente, de um teclado e um baterista, o perfume das terras de Vera Cruz contagiou o ambiente com uma pop solarenga, que pelo meio, trouxe meios toques de anca, sorrisos discretos e “bate pé”. Um sincero e transmissível convite à animação e alegria que, “Falando Sério”, fez desta “A Visita” que se pretendia.

E, como para finalizar as festividades, nada melhor do que aproveitar a vibração e o entusiasmo que foram deixados no ar, esperámos que o encerramento da 6ª edição do Festival Vodafone Mexefest ficasse a cargo dos dinamarqueses Oh LandPop mágica e palpitante, feita por teclas e sintetização, que na frente do manual de instruções teve a energia e voz da esplendorosa Nanna Oland Fabricius “enfeitada” de simpatia e vivacidade a mandar dançar um público caloroso. Uma passagem pujante e electrizante por o melhor de toda uma discografia que, desde homónimo Oh Land, ao mais recente Wishbone, foi o antídoto final para o frio glaciar que durante dois dias acompanhou toda a festa na Capital.

 

FOTOS: Vodafone Mexefest