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Vodafone Paredes de Coura’17 | Dia 3

Vodafone Paredes de Coura’17 | Dia 3

Bernardo Carreiras
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Qual é a melhor maneira de começar mais uma tarde em Paredes de Coura? Um concerto de Bruno Pernadas.

Foto: © Hugo Lima | fb.me/hugolimaphotography | hugolima.com

Muito temos falado do talento imensurável de Pernadas e do seu conjunto. O recinto do festival parece saído de uma melodia desenhada pelo talentoso músico e toda aquela paisagem minhota podia muito bem ser uma das mil e uma paisagens idílicas que os temas de “Crocodiles” nos fazem imaginar. Mais uma vez, um concerto exímio por parte de todos os músicos do conjunto com destaque para a “Ahhh”, do anterior disco, que naquele contexto soou ainda melhor do que já o é.

Mais tarde nesse mesmo palco chegava a hora de assistir aos Young Fathers. O trio de Edimburgo foi o responsável por representar o género hip hop no terceiro dia.

Um hip hop de mistura onde cabe o rock, a electrónica ou o R&B que resulta no já aclamado disco “White Men are Black Men Too” de onde sai a energia contagiante que pudemos constatar em palco. “Only God Knows” foi o tema mais bem recebido por parte do público, que reconheceu certamente a canção da banda sonora de Trainspotting 2.

Seguiu-se um dos momentos mais aguardados de todo o festival – os BadBadNotGood. Naquele que foi o momento Montreux em Coura, estes jovens talentosos provaram que no virtuosismo também cabe a modéstia e que num concerto de jazz também cabe mosh. Isso mesmo aconteceu mosh num concerto de jazz e, se calhar, mais justificado do que em muitos concertos rock. Com uma energia febril em palco e uma boa disposição contagiante, nomeadamente da parte do baterista que fez questão de comunicar com o público e demonstrar a gratidão por actuarem pela primeira vez em Portugal, houve tempo de revisitar temas de “III” e do mais recente “IV”, com destaque para a excelente música “CS60”. De fora ficou o single “Time Moves Slow” que conta com a participação do vocalista de Future Islands. O groove dos BadBadNotGood encheu o recinto inteiro e foi um dos momentos mais altos do festival e a prova viva que o jazz tem muito espaço em espectáculos como este.

A terminar a noite tivemos Beach House, uma das desilusões desta edição. Com 45 minutos de atraso, algo incomum em Coura, a banda de Victoria Legrand veio novamente reforçar a opinião que já tínhamos anteriormente – Os Beach House foram feitos para ouvir em espaços fechados. O som sempre baixo e disperso aliou-se a um palco mal iluminado, um verdadeiro concerto de sombras. No fundo do palco víamos um conjunto de luzes a evocar um céu estrelado e é precisamente essa a sensação que um concerto de Beach House deve transmitir. No entanto, foi um concerto demasiado térreo e nem músicas como “Space Song” ou “Beyond Love” serviram para nos elevar ao universo encantatório que os trabalhos de estúdio nos habituaram. Por muito que gostemos de ver o conjunto por cá, e gostamos, já sabemos que em espaço abertos perde-se grande parte da essência pelo que aguardamos o regresso do Beach House numa sala fechada, em modo intimista, para que possamos todos viver na bolha melódica que nos conquistou à partida.