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Wraygunn

Redacção

Os Wraygunn apresentaram na discoteca Lux (no dia 17) o seu quarto álbum de originais, “L´Art Brut”. E para os receber tiveram uma sala cheia que queria saber de que linhas se cosia esta arte bruta. A espera dos fãs já era longa, o último disco de originais, “Shangri-La”, data de 2007. Este compasso de espera ficou a dever-se  ao sucesso de “Femina”, disco do projecto a solo de Paulo Furtado, The Legendary Tigerman, que acabou por condicionar a edição do novo trabalho dos Wraygunn, mas o resto da banda soube esperar por ele.  Como prometido, os Wraygunn tocaram o novo disco “a eito”, como disse Paulo Furtado durante o concerto. As reacções às músicas eram calmas, mas de bom ouvinte.

 

A banda ia segura, e pedia mais entusiasmo ao público, mas o momento ainda era de primeira escuta para a maioria dos presentes. E quando se escolhe dar a seco tudo o que é novo não se pode esperar grande explosão ou euforia por parte do público.  E numa hora de concerto o disco foi mostrado. O estilo é aquele que já lhe conhecemos, é uma fusão de rock n´roll, gospel, funk, soul e blues, onde a voz, muitas vezes sussurrada, e a guitarra de Paulo Furtado são os principais alvos de atenção. Mas, as vozes femininas de Raquel Ralha e Selma Uamusse dão a sensualidade e marcam o estilo, lembrando a música negra norte americana.

O disco é como o nome indica, é arte bruta, é arte por necessidade de a fazer. Embora seja um disco menos alegre, mais negro e menos fácil de ouvir do que o anterior, acaba por ter alguns rasgos de alegria como é o caso do single “Don’t you wanna dance?” E podíamos acabar aqui a noite da apresentação do novo disco dos Wraygunn, mas a banda não quis que assim fosse e resolveu presentear o público com algumas “faixas bónus”, onde apareceram alguns sucessos da sua discografia que foram reconhecidos pelo público e aí a sala reagiu, dançou e aplaudiu de uma forma mais entusiástica. Foi o primeiro encore.

A seguir às “faixas bónus” foi tempo da “edição de luxo”, num segundo encore, que ficou marcada pela irreverência artística de Paulo Furtado, ao som de “All Night Long”. Durante a música o vocalista pegou em dois microfones e desceu do palco para percorrer a sala, que se lhe abriu, e enquanto ele cantava ia também dando um dos microfones aos presentes para que estes cantassem “love that woman”, frase da canção. A sala explodiu, estava um “tigre” à solta na sala do Lux, que acabou por subir ao balcão do bar onde mostrou a sua pele. E quem tem capacidade de surpreender em tempos de apatia, é rei! Os Wraygunn agradeceram e fizeram a vénia ao público e a sala retribuiu com aplausos.

Por Nélio Matos | Fotos: Pedro Falcão