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The Darkness em Lisboa, Uma Festa Glam Rock à Inglesa

26/10/2025

Ao fim de vinte e cinco anos de carreira os The Darkness tiveram, finalmente, permissão para aterrar numa sala lisboeta. Com uma sonoridade que muitos consideram datada, a banda dos irmãos Hawkins encheu o LAV – Lisboa ao Vivo com um festival de riffs, falsetes e muitas gargalhadas.

Após duas passagens por festivais portugueses (Rock in Rio, em 2006, e Vilar de Mouros, em 2024), os The Darkness estrearam-se numa sala portuguesa, mais concretamente no LAV – Lisboa Ao Vivo. À sua espera estava um público multigeracional com alguns elementos da velha guarda numa procura de celebrar o glam rock, um género que teve os seus anos dourados na primeira metade da década de 70 do séc. XX, e outros, mais novos, numa busca de experienciar a efervescência de um concerto bem regado a riffs, solos, sing alongs e uma atitude em palco digna de um tempo em que as estrelas do rock eram equiparadas a deuses.

Dea Matrona

Quando falamos em rock do norte da Irlanda, por norma, não mencionamos tanto as suas bandas, mas sim uma série de músicos, filhos da terra, mais concretamente de Belfast, que conseguiram saltar da Irlanda britânica para os palcos internacionais. Nomes como Gary Moore, Vivian Campbell (guitarrista dos Def Leppard e de Dio), Gerry McAvoy (baixista de Rory Gallagher) e Lou Martin (teclista de Rory Gallagher). Porém, falamos de nomes masculinos que tiveram o seu auge nas décadas de 70 e 80 do séc. XX. A falta de representatividade feminina no rock norte-irlandês sempre foi algo reconhecido, mas com o surgimento das Dea Matrona parece que nasceu uma esperança para uma possivel mudança de paradigma. A dupla composta por Orláith Forsythe e Mollie McGinn estreou-se em Portugal, trazendo consigo uma sonoridade que se situa entre o blues rock de umas Larkin Poe e o soft rock de uns Fleetwood Mac. Alternando entre si as funções de vocalista, guitarrista e baixista, a dupla apresentou os temas do seu álbum de estreia “For Your Sins” (2024). Com uma prestação segura e repleta de melodias vocais soulful e encadeamentos rítmicos com um bom balanço, as Dea Matrona viram a sua prestação quase toda manchada por volume excessivo dos graves, colocando assim as vozes e as guitarras bem atrás na mistura.

Esperemos assim que no seu regresso, já prometido para o primeiro trimestre de 2026, as falhas sonoras sejam colmatadas para que possamos reconhecer nas Dea Matrona o seu já considerável valor para a história do rock norte-irlandês. 

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The Darkness

A entrada dos The Darkness em palco aconteceu com pompa e circunstância ao som de “Arrival” dos ABBA. Do pop instrumental rapidamente fez-se a transição para o hard rock bem clichê de “Rock and Roll Party Cowboy”. Se achamos que é a malha mais explosiva do novo álbum “Dreams on Toast” (2025) para abrir o concerto? Não, aliás até roça um pouco o kitsch, mas é certo que colocou logo o público aos saltos e a entoar o riff e o título da música no refrão.

Na sua primeira intervenção para com o público o frontman Justin Hawkins mostrou-se estupefacto pelo facto dos The Darkness só agora estarem a tocar o seu primeiro concerto de sala em Portugal. Além de mencionar este pormenor, o músico ainda aproveitou por felicitar um fã que estava na primeira fila a ver o seu 150º concerto da banda.

Falinhas à parte, ainda íamos na terceira na música, “Get Your Hands Off My Woman” e já Justin fazia das suas. Entre os falsetes exigentes, que parecem já não sair com a naturalidade de outros tempos, Hawkins mostrou os dotes de ginasta quando utilizou o a plataforma da bateria para fazer um pino de cabeça. 

Com um público extremamente dedicado e sempre disposto a pedir músicas e a interagir com o frontman, Justin iniciou vários cânticos de chamada e resposta, desafiando assim os dotes vocais dos fãs, algo que foi desembocar na pouco interessante “Mortal Dread”. Cada vez mais encalorado, Justin foi tirando a roupa. Primeiro o blazer e depois a camisa, deixando à mostra um corpo coberto de tatuagens e uma excelente forma física. Apesar do seu lugar de destaque na banda como frontman, o músico foi dividindo o protagonismo com o seu irmão Dan, particularmente nos solos de guitarra.

No que diz respeito às suas armas, o primeiro alternou entre a sua Gibson Les Paul Custom White, várias Atkin Guitars JH3001 e uma Duesenberg Starplayer TV Phonic Venetian White. Já Dan deu primazia às suas Gibson Les Paul Standard e Custom Black Beauty. Ambos tiveram as suas guitarras conectadas a um stack e um half stack de Marshall Superlead. Mais discreto face aos outros dois, mas não menos espalhafatoso, Frankie Poullain exerceu o seu comando nas quatro cordas com os seus baixos Gibson Thunderbird. A amplificação ficou a cargo de uma cabeça Hiwatt e uma coluna Ampeg.

Um dos cartões de visita de um concerto dos The Darkness, que em Lisboa não foi exceção, é a presença na bateria de um jovem chamado Rufus Taylor. Descendente de Roger Taylor dos Queen, e aprendiz de Taylor Hawkins, ex-baterista dos Foo Fighters, Rufus é um baterista que combina execução técnica com muita alma, e, tal como os dois nomes citados acima não se deixa ficar pelas baquetas. Em “My Only” tomou conta do microfone, com Dan a ocupar o lugar atrás das peles, deixando uma lágrima no canto do olho de todos aqueles que recordam os clássicos “I’m in Love with My Car” e “Sheer Heart Attack” cantados por Roger nos Queen e “Cold Day in the Sun” e “Sunday Rain” cantados por Taylor nos Foo Fighters.

Um público coreografado a bater palmas ao som de uma música é algo que está nos compêndios do concerto de rock, que o digam os Queen. Os The Darkness também não querem deixar essa experiência de fora dos seus concertos tendo por isso em “Heart Explodes” um desses momentos que regozija qualquer músico que disponha de uma moldura humana à sua frente. Já a influência sonora do grupo de Freddie Mercury, essa faz-se sentir mais vivamente em “The Longest Kiss”.

Uma noite onde, acima de tudo, ficou provado que o glam rock não está morto, mas sim algo escondido, que o digam os The Darkness, mas também os The Struts, os Starcrawler e os Starbenders.

Já a encaminharmo-nos para o fim, eis que chegou a música que muitos utilizam para descrever os The Darkness como um one hit wonder. Falamos, naturalmente de “I Believe in a Thing Called Love”. Do jogo Guitar Hero ao SingStar, passando por anúncios comerciais transmitidos no Super Bowl, é quase impossível alguém não reconhecer o maior êxito da banda.

Avizinhando a sua chegada foram muitos os fãs que puxaram do telemóvel para captar o momento. No entanto, Justin fez questão de parar o riff quando se apercebeu que os fãs estavam mais preocupados em filmar do que em aproveitar o momentos. Após várias falsas partidas para testar a atenção dos fãs, a banda lá seguiu com a música para delírio do público que entoou na perfeição o icónico refrão refrão em falsete.

Já no encore, “One Way Ticket” trouxe um cheirinho de Led Zeppelin com o riff de “Heartbreaker” a ecoar no LAV. Após uma dispensável cover de “Power of Love” de Jennifer Rush, o concerto encerrou com a bem esgalhada “I Hate Myself”, com destaque para um Rufus endiabrado nas fills de bateria.

Na despedia, a chuva de palhetas e baquetas demonstrou ser pouca para a tamanha procura dos fãs em levar uma recordação para casa de uma noite onde, acima de tudo, ficou provado que o glam rock não está morto, mas sim algo escondido, que o digam os The Darkness, mas também os The Struts, os Starcrawler e os Starbenders.

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