“Músicos de Rua”, de Paulo Mendonça, mostra registos de performances de artistas em 16 diferentes países.
Paulo Mendonça é uma pessoa que já exerceu quase todos os tipos de artes. Escreveu livros de poesia, trabalhou no cinema como realizador e guionista, foi diretor de um canal de televisão, escreveu para teatro, é vice-presidente da Academia Brasileira de Cinema e Audiovisual e autor (entre outras canções) de “Sangue Latino”, maior êxito dos Secos e Molhados, grupo que revelou o cantor Ney Matogrosso. Agora, Paulo Mendonça mostrará em Portugal a sua vertente de fotógrafo na exposição “Músicos de Rua”, que ficará em exibição entre 23 de Junho e 10 de Agosto, no Espaço Talante, uma nova casa de cultura dentro da livraria Ler Devagar, na LX Factory.
«Essa exposição é uma homenagem àqueles que oferecem por sobrevivência, curtição ou visibilidade o seu talento nas ruas à indiferença de quem passa ou a atenção de quem passando, os ouve e em ouvindo lhes dedica um átimo de seu de seu tempo e uma reverente moeda. A qualquer tempo, em qualquer canto do mundo, acima do som feio das cidades, haverá sempre, dignamente, um músico oferecendo sua música como o encanto das ruas», explica Paulo Mendonça.
A exposição trará músicos de rua de mais de 30 cidades de 16 países, entre elas – Lisboa, Porto, Nova Iorque, Londres, Barcelona, Sevilla, Buenos Aires, Istambul, Cuzco, Havana, Montevidéu e Nova Orleans.
O Espaço Talante situa-se dentro da livraria Ler Devagar, na LX Factory, e é uma casa de cultura essencialmente da língua portuguesa com o objetivo de juntar em todos os tipos de artes, o que há de melhor do idioma que aproxima Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Guiné Equatorial e Moçambique. A curadoria do centro cultural é de Antonio Grassi e Ciça Castello.
Antonio Grassi foi o diretor presidente do Instituto Inhotim até o início de 2022. Além da sua larga experiência no teatro, cinema e televisão, Grassi foi secretário de cultura do Estado do Rio de Janeiro, presidente da fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, vice-presidente do fórum nacional dos secretários e dirigentes estaduais de Cultura, conselheiro do conselho diretor do fórum cultural mundial e presidente da fundação nacional de arte (Funarte), braço cultural do Ministério da Cultura do Brasil. Na Funarte, foi o responsável por importantes projetos nas artes cénicas, visuais e musicais, além de outros programas integrados no período de 2003 a 2006 e 2010 a 2013. No âmbito internacional, foi o idealizador do Espaço Brasil (Marais/Paris) no ano do Brasil na França (2005), criador junto ao Instituto Camões e Instituto das Artes de Portugal do prêmio de dramaturgia luso-brasileira “Antonio José da Silva”, responsável pela presença brasileira no Festival Internacional Tchecov em Moscovo (2005) e a Estação de teatro russo no Brasil (2006). Foi o curador da participação brasileira em duas edições da Quadrienal de Praga, tendo conquistado a Triga de Ouro – prémio máximo da mostra, em 2011.
No teatro, teve presença marcante, como ator e diretor. Antonio Grassi é popularmente conhecido no Brasil e em Portugal pelo seu trabalho em mais de 30 programas, incluindo séries, minisséries, telenovelas e programas especiais. Em 2020, foi indicado ao Prémio APCA como melhor ator de televisão pela série “Bom Dia, Veronica”, da Netflix.
Ciça Castello trabalha como fotógrafa e produtora de elenco há 20 anos e foi responsável por elencos no cinema brasileiro de grandes filmes como “O Palhaço”, de Selton Mello, “Amor?”, de João Jardim, “Dois Filhos de Francisco”, de Breno Silveira, além de séries na televisão como “Amores Roubados”, “O Rebu” e “Canto da Sereia, da TV Globo, entre outras produções.
Em paralelo ao trabalho na produção de elenco, Ciça desenvolveu o seu trabalho na fotografia. O início na área da fotografia foi com Walter Firmo, em 1999, quando teve contato pela primeira vez com as técnicas fotográficas. Aprendeu composição, cores e o uso de luz e sombra. Walter incentivou o seu olhar pessoal, não permitindo que se limitasse apenas às técnicas. Ampliou o seu olhar artístico e livre das imagens, e durante o trabalho de produção de elenco conviveu com a fotografia em produções audiovisuais, o que a levou a conhecer e a aprimorar os usos da luz, da cor e da composição. Viagens de turismo e trabalho ampliaram o seu interesse por diversas culturas, paisagens e por luzes e sombras singulares de cada lugar visitado.
Após a sua mudança para Brumadinho, em 2015, e de intensa vivência em Inhotim, amadureceu a ideia de expor seu olhar.