Viriatada 2022 #13: Mirror People, Bouch, Drunfaria, Vila Martel, Tracy Vandal & John Mercy e Muito Mais

15 Novembro, 2022

Aqui está mais uma ronda de Viriatada, o espaço que a AS dedica aos lançamentos da música portuguesa.

A música nacional merece ser partilhada. Existem novos lançamentos todos os dias, todas as semanas, todos os meses, e qualidade é coisa que não falta! A nossa rubrica Viriatada reúne alguns dos destaques da música portuguesa todas as semanas. Poupamos-te o trabalho, só tens de visitar a Arte Sonora, conhecer, ouvir e partilhar.

MIRROR PEOPLE | “Gud Times”// “Heartbeats etc.” é o mote. Composto e gravado entre 2018 e 2021 por Rui Maia, o novo álbum de Mirror People segue a linha musical já característica da banda, a da música de dança com um toque disco aliada à electrónica e à música house. “Gud Times” é a mais recente amostra, depois de “No Other Truth” e “Reckless”. Realizado por Vasco Mendes, o videoclipe de “Gud Times” conta a história de um robot que se diverte solitariamente, enquanto o seu criador, no conforto do seu lar, o comanda com recurso às novas tecnologias.

BOUCH | “Inferno”// Bouch regressa com um novo single “inferno”. Depois do seu EP de estreia “Queerpop Vol. 1”, lançado em Março de 2022, e o single íntimo “the party” – a “tua popstar favorita está de volta com ‘inferno'”. “Inferno” serve como o primeiro single de “Queerpop Vol. 2”, com lançamento previsto para o fim de Novembro de 2022. A música é escrita da perspectiva de alguém que fetichiza o caos e destruição consequentes do aquecimento global. Propõe um mundo em que o fim está próximo, enquanto as temperaturas não param de subir. Sonoramente, o tema inspira-se em géneros como new wave e synth-pop com vozes encharcadas em reverb em junção com o moderno autotune. A música vem acompanhada de um videoclipe sombrio. Este lançamento marca a entrada de Bouch nas pistas de dança alternativa em que o suor e o eyeliner reinam.

DRUNFARIA | “A​+​B”// Filho de Lisboa, Drunfaria é um produtor e beat-maker que oscila entre os beats mais acelerados com baterias frenéticas ou o ambient e down-tempo reminescentes de um pós-trip hop, sem medo de explorar as dinâmicas mais acentuadas de cada género. Drunfaria compõe através de um processo destrutivo, as suas faixas são imediatas e urgentes. Regressa com um EP de 5 faixas intitulado “A+B”, que contém experimentações anamnésticas do drum&bass, ambient, down-tempo e IDM.

 

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TRACY VANDAL & JOHN MERCY | “Far From Any Road”// Depois de em Janeiro de 2021 ter saído o primeiro single de “Midnight Presents”, segue-se o segundo single. Foi numa pausa de fim-de-semana em Santa Maria da Feira que Trcay descobriu uma gruta feita à mão e pensou que seria um óptimo pano de fundo para um vídeo. Sempre com a influência do seu amor pelo filme noir, como se observa nos seus vídeos anteriores, sentiu a inspiração de Orson Welles e Marlene Dietrich em “A Touch of Evil” e misturou-a algumas das suas visões mais tradicionais de Folk Horror, incluindo a aparição de um cowboy, desta vez, para sugerir a presença do próprio enigmático John Mercy. Com Bruno Pires na câmara e o simpático André Gatões como “O Cowboy” tentaram evocar uma imagem enquanto apanhados numa trovoada que se pode ver um pouco pela chuva a cair numa das tomadas. O resto é deixado à imaginação dos espectadores como deve ser sempre. O álbum “Midnight Presents” é o fruto da longa parceria da vocalista escocesa Tracy Vandal (Tiguana Bibles) e do multi-instrumentista João Rui (John Mercy, a Jigsaw). É um álbum feito de memórias e raízes, através de canções que influenciaram músicos que transformaram o panorama musical alternativo. São canções que influenciaram artistas como Tom Waits, Johnny Cash, Nick Cave entre tantos outros. Este álbum assegura que estas músicas são devolvidas à vida através dos olhos e da arte de Tracy Vandal e John Mercy, para que possam seguir o seu caminho e continuar a inspirar outras gerações de escritores e cantores, com um toque vincadamente seu. Tracy Vandal escolheu intencionalmente temas que são originalmente interpretados por homens de forma a encontrar uma outra perspetiva, mas nunca sem deixar que o tema se desenquadre do espectro das canções mais negras do Folk Americano. São histórias de perda, injustiça, redenção e que lidam também, inevitavelmente, com a perda do amor. Um disco para degustar lentamente, se possível à lareira acompanhados do breu do céu. Ao vivo, são acompanhados por um naipe de músicos invejável: no baixo Pedro Antunes (Bunny Ranch, Wipeout Beat, Subway Riders, Psicotronics, John Mercy & The Dead Beats), nas teclas Sérgio Costa (Belle Chase Hotel, Animais, Mancines, Millions) e na bateria por Luis Formiga (Animais, Mancines, John Mercy & The Dead Beats). O álbum foi gravado por John Mercy e Tracy Vandal no Blue House Studio em Coimbra, teve como tema de antecipação “Still As The Night” (final de 2021) e será lançado com o selo da Lux Records.

MEU GENERAL | “Idiota Moderno”// Chama-se “Idiota Moderno” e é o mais recente álbum de Meu General. Três anos depois de “Jogo Sujo” o Rock N’ Roll está de volta. “Idiota Moderno” traz-nos um desfilar de canções diretas e sem subterfúgios que provam que o Rock em Português ainda está para durar. Nove canções que demonstram uma continuidade e também inovação no som de Meu General. Canções como “Saiu de Casa (e foi)” e “Escuro” abrem portas para uma sonoridade densa e intensa. Gravado e misturado por Bruno M. Silva no BMS Music Productions e por Meu General no Nineteen Room. A Masterização ficou a cargo de Rodolfo Cardoso. Bem-vindos ao Idiota Moderno!

E.SE | “Mangrove”// Carlos Alves, rapper almadense, mune-se de artistas como AZAR AZAR, João Tamura, Luca Argel, Maze, Silly e Virtus para assinalar o seu disco mais diversificado. “Mangrove” é o segundo longa-duração de E.se, lançado pela Produções Hipotéticas. É um disco de resistência e o nome é inspirado nas árvores de mangal que estabelecem raízes num meio inóspito e crescem onde menos se espera. “Mangrove” é fruto da vontade de fazer música independente, de seguir o instinto. É um álbum de Rap onde as influências de Jazz, RnB e Electrónica são evidentes, assim como a afirmação de E.se enquanto artista emergente da música nacional, cada vez menos balizado num género e capaz de gingar com os seus versos entre melodias díspares. São 12 faixas com créditos de produção nacional como AZAR AZAR, NED FLANGER, Johnny Virtus, Franklin Beats e PEDRA, com arranjos de saxofone adicionais por Samuel Silva (Expensive Soul e Marta Ren). Conta ainda com participações vocais de Maze (Dealema), João Tamura, Auge, Silly e Luca Argel. O primeiro avanço do disco foi “Reflexos, surf e tantas outras coisas” (prod. AZAR AZAR), seguindo-se “Rosas” feat. João Tamura (prod. NED FLANGER) e mais recentemente saiu o single “Estranha Forma de Vida” feat. Silly e Luca Argel (prod. Franklin Beats).

MOISÉS | “Abençoado/no chão”// Foi lançado o conjunto de dois singles “abençoado/no chão”, um projeto de hip-hop alternativo de moisés. Esta pequena fatia de sonoridades vem suceder o seu primeiro álbum “Valsa até ao Fim”. “abençoado/no chão” apresenta-se como um caminho pela mente do artista, tocando em temas como a sua relação amorosa e a tentativa de sair de uma depressão. Por entre os refrões que ficam facilmente na cabeça e pensamentos escritos através de metáforas, temos um detalhe que se destaca por entre a discografia do artista. Este projeto é o primeiro que não conta com produção de moisés, sendo esta obra de DoisPês, um artista originário do Porto e reconhecido pelos seus beats lo-fi e hip-hop underground, uma energia bem presente nestas duas músicas, em que a melodia é tão fluida que baloiça por entre os ouvidos de quem a ouve.

XXIII | “Volume 11”// Com um ano recheado de festas e lançamentos, a label portuense volta a atacar com uma nova compilação de 16 faixas. Nomes nacionais como King Kami, Maria Amor, Mesqit ou Cash From Hash juntam-se aos internacionais Pura Pura, Cardozo, Tabu, ou CESRV. O alinhamento perfeito para aquecer as pistas de dança. Depois de um ano composto pelo lançamento de 3 EPs: “Samulnor.E” do coreano DJ co.kr, “Body + Mind” do italiano Prest e “Dribble Up” do francês Cardozo, é a vez de matar saudades com o regresso das compilações a que a XXIII tanto nos habituou. A par das edições, o coletivo é ainda responsável pelas festas bi-mensais no Pérola Negra, onde recentemente desfilaram nomes como King Doudou, Badsista, Jup do Bairro, VHOOR, DJ Nervoso, Violet, Marfox e Pedro da Linha que fizeram sets fervorosos. Com temas especialmente desenhados para a pista de dança, esta 11a compilação leva-nos a uma viagem pelos clubs mais quentes do globo, passando por Portugal, Brasil, França e Espanha. Esta edição já começou a receber atenção através da premiere pela LesYeuxOrange do tema que junta King Kami a Bieu, “VEM M INSTIGAR”. A compilação
fica agora completa com os temas dos produtores nacionais Maria Amor em “Inner Child”, do novo prodigio, DEEJAY VEIGA, em “Lisboa”, e a prata da casa: Mesqit, UGHO e Juvenil Angústia. Do resto do mundo aterram ainda nesta edição nomes como Cardozo e Pura Pura (França) que se unem na faixa “SOCA SOCA”; La Diabla (Espanha) com “UkFunky”; So Vital (Reino Unido) com MC Meduza em “Shortinho”; Patrick; e ainda a comitiva brasileira CESRV com o tema “Voltmix de Vilão”; Tabu com “Baixaria”; PV500 em “tuim beating a club”; Pianki com “Cria da Boca”; e, por fim, NARA VAEZ com “BR PAX”. Em dezembro de 2022, a XXIII toma conta do Hardclub para o after da Maracujália, a par com a Dengo. A 11ª compilação fica disponível gratuitamente no bandcamp da label.

OZZIES | “Dancing Girl”// “Dancing Girl” é o primeiro avanço da banda nascida na Figueira da Foz. Com mais de 15 anos de existência, os Ozzies estiveram separados desde 2010. Em 2021, Valter Santos, Daniel Carriço e Miguel Areia voltaram a juntar-se para gravar os temas criados na adolescência, dando-lhes uma nova roupagem, fruto das novas influências e vivências. Valter Santos convidou Gil Jerónimo (Les Crazy Coconuts, Jerónimo e Lost Lake), com quem faz dupla em Los Atléticos Djs, para assumir a gravação e produção, juntando-se também Adriana Lisboa (Rua Direita e Lost Lake). Para a bateria, os Ozzies convidaram Tiago Domingues (Team Maria e Les Crazy Coconuts). A masterização ficou a cargo de Nuno Rancho (Team Maria, Few Fingers e Jerónimo). Estão desde Maio de 2021 em produção e gravação das suas canções no Balneário Estúdio, incorporado no Serra – Espaço Cultural, em Leiria. No total serão um conjunto de 8 a 10 temas a serem lançados de forma faseada.

TIAGO MENDES RODRIGUES | “Goodbye”// “Goodbye” é o quarto trabalho a ser editado, depois de um conjunto de três trabalhos de 2020 “Lighthouse”, ” Why are you still holding that Gun?” e “All Is Well”. O lançamento destes quatro álbuns num período tão atípico como o de 2020/2021, que levou a um processo pessoal de recentrar e refocar, materializou-se numa forte vontade de apresentar e partilhar a música que Tiago Mendes Rodrigues tem produzido nos últimos anos. Sobre este último álbum, “Winter’s Pale Light”, Tiago revela que possui também um caráter autobiográfico, e que quis lançar um olhar sobre momentos específicos da sua vida, momentos a quem o tempo fez a justiça de revelar o quão determinantes foram no seu no caminho. Musicalmente, o objetivo passou por incorporar as influências presentes nos álbuns anteriores, e daí partir para outras perspetivas. “Winter’s Pale Light” faz assim parte de um ciclo de três álbuns, juntamente com os seus dois álbuns anteriores, “Why Are You Still Holding That Gun?”, “All Is Well”. Estes três álbuns, embora possuam universos distintos, partilham entre si bastantes elementos em comum, tanto a nível dos arranjos como de estética musical, da temática abordada nas letras, representando em conjunto como que um processo de catarse.

TOMARA | “A Velha Canção”// A descoberta do novo álbum de Filipe C. Monteiro a.k.a. TOMARA continua com “A Velha Canção”, o segundo single a ser conhecido antes da edição, em Fevereiro de 2023, de “Avalanche”. “A Velha Canção” sucede a “Ao Sol”, canção revelada no início do Verão de 2022 que marcou o regresso de TOMARA às edições discográficas, depois de “Favourite Ghost” (2017). Uma incursão pela língua nativa – “Cantar em português talvez seja um aspecto que confere assertividade às canções, já que me incita a um discurso directo e significativo. Foi um passo importante e algo quase paradoxal. Durante a pandemia, numa altura em que globalmente estávamos unidos e síncronos, senti a urgência de falar com quem estava mais perto. Só me fez sentido escrever em português”. Sobre o novo single, Filipe refere – “‘A Velha Canção’ fala sobre a relação que estabelecemos com o Passado. O delicado exercício de equilíbrio entre a importância de o entender, e a tentação vã de o querer mudar. O desafio diário de discernir se caminhamos numa estrada, ou numa roda de hamster”. A par de “Ao Sol”, também “A Velha Canção” é o exemplo perfeito da estética sonora explorada em “Avalanche” – os beats e a electrónica emergem na paisagem onírica e melancólica criada pelas guitarras, pedal steel e synths, conferindo-lhe uma nova arquitectura, mais pulsante e definida. “A Velha Canção” está disponível nas diferentes plataformas digitais e antecede a chegada de “Avalanche”, o novo álbum do músico, o primeiro totalmente em Português. A acompanhar a edição do single, um videoclipe editado e realizado pelo próprio, com a participação do baterista Nuno Sarafa.

FREDDY LOCKS  | “Trinity of Love”// “Trinity Of Love” é o nome do EP de Freddy Locks, que engloba o lançamento de 3 novos temas: “Time 2 Love”, “Black Lives Matter” e “Magic Roots”. Os temas foram escritos e produzidos durante o período de confinamento. “Trinity Of Love” é uma obra inteiramente nacional com a colaboração dos produtores Miguel Campos “Dynamike” e Pedro Queiroz “Mighty Drop”, que mostra a versatilidade e maturidade musical do artista. A obra pode ser escutada nas principais plataformas de distribuição de música online. Estão também disponibilizados no Youtube lyric vídeos. Este é mais um trabalho a acrescentar à carreira de Freddy Locks, que já conta com 5 álbuns de originais gravados, muitos concertos, muitas participações onde revelou sempre uma consistência que o posiciona como um dos maiores nomes de sempre da música reggae em Portugal e um diamante no mundo da música Portuguesa.

VILA MARTEL  | “Terceira Metade”// “Terceira Metade” é o segundo disco de originais dos Vila Martel, já disponível em todas a plataformas digitais. Depois de revelados três singles do novo registo, “Obituário Inacabado de V.”, “Não Leves Tanto a Peito” e “Amanhã não Vou ficar”, chegam finalmente as restantes cinco faixas – “Fingir Ser Feliz”, “O Pó Que Viu”, “Tudo Bem na Vida”,  “Alguém me Faça Acordar” e “Dona Senhora”. O segundo longa-duração dos Vila Martel confirma o progresso óbvio de um grupo que começou jovem e que agora aterra numa maturidade muito sua. Riffs, melodias, guitarras barulhentas e refrões que enchem as medidas, todos estes elementos reafirmam a banda lisboeta no rock que os caracteriza, procurando explorar temas mais profundos.  Rodrigo Marques Mendes, frontman do grupo reforça que “Terceira Metade implica que falta alguma metade por aí, e este disco é essa busca pelos temas adultos que hoje pairam na nossa vida, cinco amigos, que cada vez mais se divertem a tocar juntos”. As guitarras como essência do seu som e os refrões orelhudos rapidamente os levaram a dar nas vistas em  diversas rádios e podcasts, tendo estado em primeiro lugar nos tops da Antena 3, Vodafone FM e Radar. Esta presença levou-os a palcos como a final do EDP Live Bands 2020 no Campo Pequeno, a final do Festival Emergente no Capitólio ou à compilação FNAC Novos Talentos 2020. Formados em 2019, os Vila Martel são uma banda lisboeta composta por Afonso Alves, Francisco Botelho, Francisco Inácio, Rodrigo Marques Mendes e Tiago Cardoso. O segundo longa-duração, sucede ao trabalho de estreia “Nunca Mais É Sábado”.

[Nota: Todos os textos foram retirados dos comunicados enviados à redacção da Arte Sonora]

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