Linda Martini: Quando a cantiga é uma arma eficaz e necessária!

4 Fevereiro, 2025

“Passa-Montanhas”, o novo álbum dos Linda Martini, foi apresentado ao vivo em Lisboa e no Porto, respetivamente, nos dias 31 de janeiro no LAV e no dia 1 de fevereiro no Hard Club.

“Passa-Montanhas” foi um disco gravado no meio das montanhas da Catalunha, por entre vinhas e cavalos, com o produtor e “amigo” Santi Garcia e é o primeiro trabalho dos Linda Martini a contar com o guitarrista Rui Carvalho (AKA Filho da Mãe). A Arte Sonora esteve presente nos primeiros concertos de apresentação. A lente do fotógrafo Nuno Cruz registou o concerto em Lisboa, enquanto este escriba assistiu ao espetáculo no Hard Club, no Porto.

Começo por um pequeno contexto: moro em Portugal há cerca de 3 anos, músico e guitarrista, estou aos poucos a conhecer a música que se faz por cá.

Os Linda Martini são, para os ouvidos de quem vos escreve, uma das melhores bandas portuguesas de rock – senão a melhor – e, provavelmente, uma das melhores da Europa. A primeira vez que os vi ao vivo foi apenas em 2023, quando abriram para os Wolfmother, no festival de Ponte de Lima. Não os conhecia, e foi um choque… Rapidamente conquistaram um lugar na minha biblioteca musical.

Com mais de 20 anos de uma música intensa e inteligente, o concerto serviu para apresentar o novíssimo “Passa-Montanhas”, álbum lançado a 24 de janeiro, no mesmo dia em que fizeram a sua primeira actuação em Tondela. No dia seguinte, houve um concerto não oficial como banda-surpresa no já icónico Maus Hábitos, integrado no festival “O Salgado Faz Anos… FEST!”. Não os viste no cartaz? Pois, estavam convenientemente disfarçados sob o nome “Ideia de Merda”.

Aliás, as novas músicas já eram cantadas por quase todos, o que prova a capacidade dos Linda em debitar hinos, atrás de hinos, cantados em português.

Este novo disco marca a estreia do guitarrista Rui Carvalho, que já, claro, já figurava nos singles lançados nas semanas anteriores, como “Uma Banda”, “Faz-se de Luz”, a poderosa “A Cantiga É” e “Assombro. Para além das várias faixas de “Passa-Montanhas, o alinhamento dos concertos de Lisboa e Porto incluiu temas de “Casa Ocupada” (2010), “Turbo Lento” (2013), “Sirumba” (2016), “Linda Martini” (2018) e “ERRÔR (2022), com músicas já clássicas como “Dá-me a Tua Melhor Faca”, “Boca de Sal”, “Panteão” e “Cem Metros Sereia”. Fez-me falta ouvir “Amor Combate”, mas foi um alinhamento com enorme sucesso entre o público. Aliás, as novas músicas já eram cantadas por quase todos, o que prova a capacidade dos Linda em debitar hinos, atrás de hinos, cantados em português.

Sempre foi notável a coesão da banda em palco, e estava curioso para ver mais uma vez o elemento novo Rui Carvalho. E a verdade é que foi incrível. A dividir as guitarras com André Henriques – que, diga-se, tem uma voz incrível –, os dois demonstraram uma sintonia que nem sempre se vê. Para completar, a secção rítmica tornou tudo ainda mais especial, com actuações fantásticas de Cláudia Guerreiro e Hélio Morais, um baterista com a energia e presença de palco de quem parece ter vindo diretamente dos anos 60.

Como bónus, para além da música, e em tempos sombrios a nível político, o concerto ficou também marcado por várias intervenções assertivas sobre temas sociais e políticos por parte dos membros da banda – declarações que arrancaram o apoio da grande maioria do público e que não surpreendem quem já conhece a força das suas letras.

Longa vida às bandas! Longa vida aos Linda Martini!

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