Audiogest reporta crescimento significativo nas vendas de música digital em 2023
Aumento substancial nas receitas de streaming demonstra preferência do consumidor português pela desmaterialização dos formatos de música.
A Audiogest, Associação para a Gestão e Distribuição de Direitos, divulgou o Relatório de 2023 de Números de Mercado da Música em Portugal, anunciando um crescimento notável nas receitas do setor musical, com destaque para o predomínio do streaming nas vendas globais, que representa agora 23% do mercado. A receita total das vendas digitais nacionais atingiu 27.682.865 euros, registando um aumento de 25% face a 2022. Já, as vendas físicas mantiveram-se estáveis com os discos de vinil a representar uma parcela significativa deste mercado.
Num ano com resultados expressivos para a indústria musical, a Audiogest observou a consolidação dos serviços de streaming, que representam agora 73% do total das vendas de música em Portugal. Este crescimento não só sublinha a importância das plataformas de streaming no consumo de música e na forma como o público acede e desfruta desta, como demonstra a adaptação eficaz da indústria às mesmas.
Miguel Carretas, Diretor Geral da Audiogest, salienta que «2023 foi um ano marcante para a indústria musical em Portugal. O aumento substancial das receitas do streaming, demonstra que a preferência pelos formatos digitais está hoje enraizada nas escolhas dos consumidores portugueses, e reflete também a resiliência e adaptabilidade da nossa indústria.»
Apesar deste crescimento, de acordo com o mesmo responsável, «o mercado nacional apresenta ainda uma taxa de penetração relativamente baixa dos serviços de streaming musical pagos pelo consumidor quando comparado com outros países Europeus. Sendo a receita para artistas e produtores, de um stream por subscrição seis vezes maior que a receita de um stream suportado por anúncios, incrementar o consumo e assinatura de serviços pagos é uma prioridade para a edição musical nacional.»
O Relatório detalha ainda que o mercado digital cresceu cerca de 25% em comparação com o ano anterior. Este aumento nas vendas digitais, que atingem o valor de 27.682.865 euros, é visto como um sinal da vitalidade do setor. De destacar ainda que, em 2023, 61% do valor da receita do stream vem de subscrições pagas.
No que toca à venda de formatos físicos, estas mantiveram-se estáveis face ao ano de 2022, com o vinil a dominar o segmento e representando agora 67% das vendas físicas, o que equivale a 5.803.659 euros.
Relativamente aos consumos de música, e apesar de prevalecer a preferência pela música estrangeira, (81% da receita corresponde a vendas ou streams de reportório estrangeiro), 2023 foi marcado por vários sucessos nacionais, terminando com quatro canções portuguesas entre o TOP 10 anual das tabelas de streaming: “COMO TU” de Bárbara Bandeira feat. Ivandro, “CHAKRAS” de Ivandro & Julinho KSD, “CASA” de D.A.M.A feat. Buba Espinho e “LUA” de Ivandro.
Os artistas nacionais têm tido um impacto significativo no domínio das plataformas de partilha de música. Mas, também aqui o consumo de música nacional, está muito aquém da generalidade dos países.
A crescente popularidade dos artistas nacionais não encontra, no entanto, paralelo no Top de Música transmitida na Rádio (ponderada em função da audiência). Espera-se, no entanto, que 2024 traga alterações nesta área, já que em setembro passado o Ministério da Cultura, face a reivindicações antigas do setor, voltou a fixar a cota mínima obrigatória de música portuguesa na programação dos serviços de programas de radiodifusão sonora em 30%. Esta medida é um grande incentivo aos músicos nacionais e será mais um contributo para a vitalidade do setor da produção de música em Portugal.
Em 2023, a apresentação dos números de mercado teve um componente de atualização para tornar possível realizar uma estimativa do valor total do mercado da música e não apenas o mercado observado através do reporte feito pelos Associados da Audiogest. Esta taxa de cobertura (coverage rate), segue as melhores práticas internacionais e refletem os valores publicados para Portugal no Global Music Report da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica).