Belém Soundcheck anuncia cartaz com Soundwalk Collective com Patti Smith, Camané, Giovanni Sollima e muito mais
Ao fim de 30 anos de atividade, o Centro Cultural de Belém reafirma a sua identidade plural, com a criação de um novo festival de música que aponta a sua programação para vários públicos.
O Belém Soundcheck ocorrerá de dois em dois anos, aposta na multiplicidade de universos musicais, que vão do fado à música erudita, do jazz à eletrónica, das músicas do mundo às sonoridades exploratórias. Este novo festival irá reunir, num encontro plural, figuras de referência da música internacional com artistas do panorama nacional.
O festival decorre no CCB de 21 a 24 de Março de 2024 e já se conhece o cartaz. No dia 21 de Março, às 20h, Camané, pela primeira vez, presta uma grande homenagem em nome próprio e com repertório totalmente exclusivo de José Mário Branco. Em “Inquietação” interpreta grande parte dos Fados que José Mário Branco compôs para Camané, como também do seu repertório, escolhendo os temas que, para si, são os mais significativos. Camané será acompanhado pelo habitual trio de guitarras, mas haverá outras instrumentações e outras cores musicais, fora da sonoridade do fado, que enriquecerão todas estas canções.
No mesmo dia, mas às 22h, Maria João apresenta “Songs for Shakespeare” que consiste em material musical e performativo original onde o ponto de partida são as palavras de Shakespeare tiradas de diversas fontes e sem aparente ligação entre si. Colando estes pedaços numa manta de retalhos consegue-se uma nova narrativa que rasga o universo Shakespeariano de uma ponta à outra. Imaginado por Maria João e João Farinha, parceiros há mais de 10 anos no projeto de jazz, surge a ideia de aumentar esta formação base de pianos elétricos, sintetizadores, eletrónica e bateria para incluir um ensemble de câmara que dará uma palete de cores não possível até agora, vitalizando assim este universo Shakespeariano com um twist moderno. Conta ainda com a contribuição preciosa de André Gago que ajudará a dar vida a estas palavras empoeiradas.
Documentário “Patti Smith – Poeta do Rock” volta aos cinemas
O documentário de Anne Cutaïa e Sophie Peyrard sobre Patti Smith irá passar no grande ecrã de algumas salas de 25 a 31 de Julho de 2024.
No dia 22, às 20h, está confirmado Il Giardino Armonico com Giovanni Sollima e Amaro Freitas às 22h. O ensemble Il Giardino Armonico, criado em 1985 por Giovanni Antonini, afirmou-se, desde a sua fundação, como um dos intérpretes de referência da música antiga em instrumentos de época. Neste concerto, apresenta-se com o violoncelista e compositor Giovanni Sollima, num programa com obras de Vivaldi, entre outros compositores barrocos, e Passa Calle XXI de Sollima (uma obra escrita para o Il Giardino Armonico para violoncelo, dois chalumeaus, cordas e contínuo).
Em 2024, Amaro Freitas apresenta seu novo disco, Y’Y, através do qual faz uma homenagem à floresta, em especial à Floresta Amazónica e aos Rios do Norte do Brasil. O novo trabalho a solo apresenta novas texturas, inspiradas no piano de John Cage e na obra marcante do percussionista Naná Vasconcellos. O espetáculo tem início com Mapingari (Encantado da Mata), criando uma atmosfera de «floresta sonora» a partir de som de pífanos, tambor de trovão, piano preparado e respiração; seguem-se Uiara (Encantado da Água), Viva Naná, uma homenagem a Naná Vasconcellos, Dança dos Martelos e Sonho Ancestral, tema melódico, no qual o piano se apresenta com a m’bira, instrumento musical africano. Na segunda parte do espetáculo, o pianismo afro moderno de Amaro traz em cena Y’Y, palavra escrita no dialeto Sateré Mawé (um código ancestral indígena que traduzido significa «Água ou Rio») e ainda Mar de Cirandeiras, música em homenagem às Cirandeiras, em especial a Lia de Itamaracá, património vivo da cultura de Pernambuco, e por fim Gloriosa, na qual o artista convida o público a solfejar uma melodia.
A 23 de Março podes contar, por voltas das 19h, com Soundwalk Collective com Patti Smith e às 21h com Tirzah.
Correspondences é um projeto colaborativo contínuo entre o Soundwalk Collective e Patti Smith que tem vindo a ser desenvolvido há mais de 10 anos e em múltiplas geografias, seguindo o encalço de percursos sonoros deixados por poetas, cineastas, revolucionários e episódios extraordinários da humanidade. O fundador do Soundwalk Collective, Stephan Crasneanscki, viajou por todo o mundo até aos lugares mais remotos para gravar e recolher sons que formassem uma gramática sonora para composições experimentais. Tudo num esforço para criar um espaço musical onde a poesia e a voz de Patti Smith habitam. Essa ressonância contínua entre os artistas foi ainda expandida por gravações e experiências em estúdio. A partir de uma colaboração com a TBA21–Academy, que explora o impacto destrutivo dos canhões pneumáticos sísmicos e das intervenções humanas nos oceanos, a resiliência da Natureza no rescaldo do desastre de Chernobyl, as sociedades descentralizadas imaginadas por Peter Kropotkin, as terras devastadas da última noite de Pasolini – as peças apresentadas são uma viagem audiovisual imersiva, uma viagem a um cinema sonoro, uma paisagem sonora de um filme invisível. Correspondences é interpretado por Stephan Crasneanscki e Simone Merli do Soundwalk Collective, Patti Smith, Diego Espinosa Cruz Gonzalez. Imagens do cineasta português Pedro Maia.
A cantora e compositora experimental britânica Tirzah estreia-se em Lisboa para apresentar o seu mais recente álbum, intitulado trip9love…??? (2023), produzido por Mica Levi, com quem colabora desde o início da sua carreira. O novo álbum foi escrito e produzido nas casas de Tirzah e Mica Levi e em vários estúdios de Londres. Após várias sessões de gravação ao longo de aproximadamente um ano, eventualmente a música de trip9love…??? adquiriu uma sonoridade que tanto Tirzah como Mica Levi queriam explorar. As canções foram construídas usando loops de piano sobre um beat, adicionando-se distorção e, em seguida, linhas vocais românticas. Os poemas centram-se no amor, tanto real como imaginário. O mundo em que o disco encontra espaço é uma zona vagarosa de fantasia de uma discoteca.
Por fim, às 14h de dia 24 está confirmada a Kremerata Baltica. Fundada em 1997 por Gidon Kremer, a Kremerata Baltica é uma nova orquestra formada exclusivamente por jovens músicos bálticos selecionados pelo violinista. Desde a sua estreia, tem interpretado um repertório eclético, como será o caso deste concerto, onde será apresentado, com Gidon Kremer como solista, o Concerto n.º 2 The American F seasons de Philip Glass, The Season’s Digest de Raskatov e Cuatro Estaciones Porteñas de Piazzolla.
O CCB tem vindo a colaborar com a ACCESS LAB e garante o acesso a todas as pessoas com deficiência e surdas.
Toda a informação sobre bilhetes pode ser consultada, aqui. Venda exclusiva para Cartão CCB nos dias 17 e 18 de novembro. Venda ao público geral a partir de 19 de novembro.
