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Desconectados: Cura Para Depressão Sem Recurso a Medicação

Desconectados: Cura Para Depressão Sem Recurso a Medicação

Nuno Sarafa

Desconectados é o novo alter-ego do guitarrista Pedro Vidal. É rock “puro e duro” que “não vai atrás de modas”. O single, homónimo, já está cá fora e já tem vídeo. O álbum “Liberdade Incondicional” tem 10 temas e sai em Fevereiro de 2021. E o que se pode dizer da ficha técnica é que é… banhada a ouro.

Desconectados é o projecto a solo de Pedro Vidal e é também o título do primeiro single, já disponível nas plataformas digitais, e que saiu acompanhado por um videoclipe gravado no Coliseu de Lisboa, no qual participam os amigos que o acompanham desde sempre: Jorge Palma, Blind Zero e Wraygunn.

O longa-duração, que chegará ao público no primeiro trimestre de 2021, viaja entre «a energia eléctrica das guitarras e ritmos intensos liderados por vozes rasgadas ou apenas melodias vocais acompanhadas por um só piano, criando um mundo sonoro onde se pode contemplar um vasto leque de emoções». O disco de estreia do guitarrista do Porto será composto por 10 temas, quatro da autoria de Carlos Tê, um com a colaboração de Manuel Cruz (Ornatos Violeta) e ainda um dueto com Jorge Palma, “Frio do Inverno”, que será conhecido em Dezembro. O disco foi masterizado por Mário Barreiros e a distribuição é da Sony Music.

O guitarrista, compositor e produtor, conhecido por colaborações com Blind Zero ou Wraygunn e, não menos importante, por ser director musical de Jorge Palma, decidiu seguir o seu caminho a solo. Quer dizer, Vidal não está bem sozinho, já que se conectou a muitos músicos da sua rede para criar uma peça «simples e honesta», mas que contempla uma ficha técnica com nomes de luxo.

Além dos já referidos, há também a participação das secções rítmicas compostas por Pedro Santos (Clã) e Pedro Vasconcelos, Nuno Lucas (Bruno Pernadas, Jorge Palma) e João Correia (Tape Junk, Jorge Palma) e ainda Miguel Barros (Pedro Abrunhosa) e Alexandre Frazão. Como se não bastasse, há também arranjos de cordas de Filipe Melo, interpretados pelo quarteto da violoncelista Ana Cláudia Serrão.

A AS conversou com Pedro Vidal, que explicou como tudo começou: «Esta aventura arrancou em Maio de 2018, em Amarante, na casa de um amigo. Montei um estúdio do nada e estive lá fechado durante um mês e depois gravei umas coisas em minha casa, principalmente vozes, outras no estúdio Eléctrico, no Porto, e gravei ainda no estúdio da Valentim de Carvalho, com o Nélson Carvalho. Foi tudo feito nas calmas. Eu monto o meu equipamento em qualquer lado e isso dá-me uma certa independência».

Por detrás do single agora conhecido, há uma «história curiosa e engraçada». Daquelas que, no início, até parecem ter tudo para correr mal. Pedro Vidal conta-a entre sorrisos. «Entre Janeiro e Fevereiro andava a trabalhar os temas mais calmos com o [Carlos] Tê e o [Mário] Barreiros, no Porto, e um dia, até estava um bocado cansado, as vozes não estavam muito no ponto, não me estava a sair nada de jeito e então olhei para a minha Gibson verde e pensei: ‘apetece-me mas é rockar’. Peguei no raio da guitarra e basicamente saiu-me o “Desconectados” todo de seguida. Deixei o tema encostado e uma semana depois fui ouvir de novo e pensei mandar ao [Carlos] Tê para ver o que é que ele achava. Ele liga-me e diz-me: ‘Oh Vidal, este tema está do c***lho, tens de usar isto, pá, isto está muito bom, fala com o Barreiros e vamos já produzir isso. Então, juntámo-nos. Já íamos gravar baterias, mas entretanto aparece a covid. E não fizemos mais nada. Durante a quarentena, peguei de novo no tema e acabei-o sozinho, pedi ao Pedro [Santos] para gravar um baixo e enviei ao Mário Barreiros para masterizar. Acabou por ser o single e para mim representa o espírito do disco».

Já ninguém parece acreditar, mas o rock está vivo!

Mas há mais história na antecâmara deste novo projecto. À partida, e ouvindo a letra do single com atenção, tudo isto nos remete para uma certa crítica a uma geração viciada nas redes, virtualizada, desligada das pessoas reais, mas, pelos vistos, não é bem assim. Aliás, é, mas não só.

«Desconectados? Bem, isto surge por causa dessa falsa conexão que existe hoje em dia, sim, mas principalmente devido a um livro que li do Johann Hari, “Lost Connections”, e que fala da cura da depressão sem recurso à medicação. Tem tudo que ver com o estilo de vida rápido e desligado que todos temos, o consumismo exacerbado. Não paramos para prestar atenção às coisas simples, mas que nos fazem falta, à nossa ligação ao próprio planeta, à ligação às pessoas. Conheço miúdos com 20 anos que tomam anti-depressivos; passam os dias fechados no quarto e isso choca-me. Não conheço um nem dois, são mesmo muitos. Isso preocupa-me. Aos 20 anos eu queria era rock, bola, miúdas e copos, ninguém me parava, não ficava fechado em casa. Pensei muito nisso e o conceito começou a fazer-me sentido. Eu não sou desconectado, nem anárquico. Só quero ligar-me às coisas que me são verdadeiramente importantes. Aquilo que vejo ser o rumo geral no modo de vida da maioria das pessoas não é o rumo que quero para mim e nesse sentido sim, sou desconectado. Quero estar mais com a minha família, com as pessoas de que gosto, fazer a música que gosto, com quem gosto, não quero seguir modas, quero seguir o meu caminho e a minha identidade. Não temos de ser todos iguais. Mas acho que temos de abrandar. E este momento é crucial, acho que muitas pessoas perceberam finalmente que há muita coisa que não faz falta. Só que andamos sempre a 300 à hora…»

Para evitar precisamente os excessos de velocidade, Vidal fez todo o trabalho de casa a uma velocidade cruzeiro, também porque o momento a isso obriga. Para já, não sabe quando será a estreia com público pela frente, e muito menos que banda o irá acompanhar ao vivo. Nada que o preocupe muito: «Ainda não decidi quem vai ser a banda ao vivo, a única coisa que decidi é que quero malta que esteja perto de mim, aqui no Porto, e disponível. Não me quero sujeitar muito a pessoas que tenham muitas bandas, porque depois vou andar sempre a substituir músicos e não queria muito entrar já por aí, pelo menos agora no início. A ser, que seja numa fase em que a banda já rodou, em que as músicas já estejam coesas. Mas ainda tenho tempo para pensar nisso

Tempo é coisa que parece não faltar. E a única coisa que Pedro Vidal toma por certa é que, apesar das contrariedades, a música não vai morrer. E o rock também não. Recusando-se fazer «singles a metro», ou «seguir as modas só porque é preciso aparecer», o guitarrista garante não estar a criar «grandes expectativas», até para evitar quedas indesejáveis. «As expectativas podem ser perigosas. Se não criares muitas expectativas também não é tão fácil desiludires-te. Só consigo controlar o processo até a música sair. Acredito muito nisto, mas o público é que decide. É sempre assim. Logo se vê».

A par do novo projecto Desconectados, Pedro Vidal está também a terminar a construção de um estúdio, em São Mamede, Matosinhos. «Vou ter um sítio muito fixe para gravar coisas em condições. Não é muito grande, mas é suficiente. Não é preciso estúdios gigantes para se gravarem grandes discos!». Carrega no play para veres o vídeo do single “Desconectados”. Em baixo, segue a ficha técnica.

Sistema de gravação: UAD Apollo X4 | Software: UAD LUNA | Monitores: ATC scm 7 e PMC MB 2 | Guitarra Eléctrica: Gibson es 345 Olive Drab Green | Amplificador: Magnatone Super 59, mkii captado com shure sm7 | Pré-amplificador: Unison Neve 1073 | Efeitos: Guitarras Fuzz com o Plugin Uad Raw e saturação de SSL Channel | Baixo: Gibson Thunderbird com DI Reddi e Stone Deaf Kliptonite | Groove: Construído com vários samples e timbalão Sonor de 16” tocado | Vozes: Gravadas com Golden Age Premier 47 e pré-amplificador Unison 1073 e compressor 1176 Bluey | Gravação e Mistura: Luna | Masterização: Piramix, com ATC SCM 40 A

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