“Devil In a Coma”: Mark Lanegan, a Luta Contra a Covid-19 Em Forma de Livro
Mark Lanegan, o músico com uma carreira incomparável, contraiu o vírus Covid-19 em 2021. A sua luta foi descrita pelo próprio no livro “Devil in a coma” editado no passado mês de Dezembro.
Após o lançamento do seu livro de memórias “Sing Backwards and Weep”, uma coleção biográfica de contos crus, histórias sobre o vício e o seu percurso conturbado, lançou “Leaving California”, um conjunto de 76 poemas publicado pouco tempo depois. Recém chegado a Killarney, na Irlanda, foi numa manhã de Março de 2021, após um período de isolamento prolífico de escrita de poesia, letras e músicas, que o ex-frontman dos Screaming Trees acordou completamente surdo, com dificuldade em respirar e com perda de equilíbrio. Depois uma sucessiva queda onde partiu algumas costelas, o músico foi levado para um hospital local, a 20 minutos da sua casa na Irlanda, relembrando a sorte de não ter de contar com o sistema de saúde americano. «Estaria morto, ou em dívida por 10 vidas. Foi uma sorte incrível estar aqui».
O que se sucedeu foi uma longa batalha contra a doença, e após ser diagnosticado com Covid-19, o músico aproveitou o seu tempo no hospital para escrever os pormenores no seu último livro “Devil in a Coma”, publicado em Dezembro de 2021 através da White Rabbit Books.
«Cada tentativa de respiração era uma batalha, por muito que tentasse respirar normalmente», descreve Lanegan no seu livro. «Sonhos bizarros, visões estranhas, memórias sombrias e alucinações recorrentes« são alguns dos temas presentes, que oscila entre uma descrição fiel da sua experiência, mas também arrisca entre os devaneios oníricos da poesia. “Devil in a Coma” torna-se uma experiência catártica, e Lanegan admite que o começou a escrever «enquanto ainda estava no processo de melhorar» porque «estive meses hospitalizado e … um pouco de tempo nas minhas mãos». O livro é um relato de sobrevivência de uma alma lutadora assombrada não só pelos seus demónios internos, mas vítima também de uma doença mundial tão banal que afeta toda a gente, sem apontar dedos.
«Desde o momento em que me tiraram do meu sono quimicamente induzido e me disseram o que tinha acontecido e onde tinha estado, estava determinado a sobreviver a este pesadelo, apesar de ter muito pouco a dizer, na verdade, nada a dizer sobre o assunto, e de ter zero munição para lutar», descreve o músico, relembrando mais à frente um episódio em que não o deixaram fumar um cigarro enquanto esteve internado, levando-o a ignorar completamente os médicos e enfermeiros durante uma semana.
Depois de uma longa estadia no hospital e uma série de comas induzidos, Mark Lanegan conseguiu recuperar a sua audição de volta, embora a sua saúde ainda sofresse sequelas da doença.
O músico faleceu com 57 anos, a 22 de Fevereiro de 2022, no entanto a causa de morte não foi revelada, nem se sabe se está relacionada com as sequelas da covid-19.
“Devil in a coma” custa 15,60€ e pode ser comprado aqui.