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Rede Circuito, que inclui 21 espaços culturais, divulga resultados do seu relatório de atividades 2023

Rede Circuito, que inclui 21 espaços culturais, divulga resultados do seu relatório de atividades 2023

Comunicado de Imprensa
Filipe Gonçalves

As conclusões reflectem um reflexo de uma cena musical dinâmica, mas com desafios de inclusão e representatividade.

A Circuito, que conta com 21 espaços de todo o país e é a principal rede dedicada à valorização e desenvolvimento das salas e clubes com programação própria de música popular ao vivo em Portugal, apresenta o seu Relatório de Atividade de 2023.

A Rede Circuito é constituída por 15 salas são espaços privados comerciais (Bang Venue; Barreirinha Bar Café; Café Concerto Maus Hábitos; Casa Capitão; Casa Independente; Casa Oficina Os Infantes; DAMAS; Ferro Bar; Lounge; Lux Frágil; Maus Hábitos; Musicbox; RCA Club; Titanic Sur Mer; Village Underground). As restantes 6 salas são espaços privados sem fins lucrativos (B’Leza; Carmo 81; Hot Clube de Portugal; SHE; Salão Brazil; Valsa). Não existe nenhuma sala na categoria de espaço público na Circuito. As restantes 4 salas não cobram bilhetes (Casa Oficina Os Infantes; Café Concerto Maus Hábitos; Lounge; SHE).

Com a apresentação do relatório da Circuito há também o levantamento de várias realidades e problemáticas necessárias endereçar para (re)pensar o sector da música ao vivo. Este documento evidencia tanto os avanços no setor quanto os desafios a superar para promover maior equidade e diversidade no ecossistema musical português.

Destaques principais dos dados recolhidos no Relatório de Atividade 2023:

● Programação Ativa e Envolvente:
As 14 salas analisadas programaram 3082 atuações, com um público total de 367.801 espectadores. Com uma oferta variada, a programação incluiu 888 atuações ao vivo (28,8%), 2107 DJ sets (68,4%) e 87 live acts (2,8%). Em média mais 119 espectadores por espetáculo nas salas Circuito.

● Impacto Económico:
A bilheteira nas salas Circuito geraram receitas superiores a 3 milhões de euros, demonstrando a relevância económica destes espaços não só para o scetor cultural, mas também para a economia noturna.

● Representatividade de Género:
De acordo com o método unitário foram programados 5689 artistas/bandas, dos quais 75,3% identificados como do género masculino, 20,4% feminino, 2,2% não binário, 1,3% trans e 0,4% de género fluído. Apesar do esforço de algumas casas para adotar práticas mais inclusivas, o relatório sublinha a necessidade urgente de maior equidade de género. O Método Keychange* – um movimento global que trabalha para a igualdade de género na indústria musical – é utilizado para quantificar o número de bandas/artistas do género feminino. Basta 1 elemento de uma banda não ser do género masculino para a banda ser categorizada como banda não masculina. Obedecendo a este método, 35% dos artistas/bandas programados são não masculinas e 64% artistas/bandas são masculinas. O compromisso Keychange é que estes valores estejam equiparados.

● Representatividade Territorial, Centralização e Desafios Regionais:
61,9% das salas da rede Circuito estão concentradas em Lisboa. Esta centralização reflete-se na limitada representatividade de artistas fora das principais cidades, restringindo o acesso à cultura e o desenvolvimento de talentos regionais. No entanto, é possível analisar que as casas de programação locais fora dos grandes centros são fulcrais para o ecossistema local. Ainda neste ponto, do total dos 2578 artistas/bandas nacionais programados na rede Circuito, 75,4% são artistas residentes de Lisboa, 10,7% do Porto, 2,8% de Évora, 2,8% de Setúbal e as restantes cidades e localidades com representatividade inferior a 2%.

Pensando no futuro, o Relatório de 2023 reforça a importância das salas de espetáculos da Circuito como motores culturais, econômicos e sociais. No entanto, destaca a necessidade de:
-Fortalecer políticas de inclusão para ampliar a participação de artistas de minorias de género.
-Incentivar a descentralização cultural, aumentando o número de espaços e de atividades culturais fora dos grandes centros urbanos, principalmente fora da AML.
-Consolidar o papel das salas como centros de inovação e conexões comunitárias.

Gonçalo Riscado, diretor da CTL (Musicbox, Casa Capitão), fala-nos sobre estes dados do Relatório de Atividade da Circuito: «A recolha destes dados é essencial para demonstrar a verdadeira importância destes espaços de cultura de base no ecossistema da música. Apesar de uma amostra reduzida de 14 salas, os números alcançados em termos de público e de artistas programados são impressionantes, sendo a esmagadora maioria composta por artistas nacionais ou residentes em território nacional. Este estudo prova definitivamente a relevância destas salas no desenvolvimento artístico local. Esperamos que esta publicação contribua para focar as atenções numa realidade que necessita urgentemente de ser protegida e apoiada, tanto pelo poder central como pelo poder local. O momento é crítico, como exemplifica o facto de 4 salas da CIRCUITO que participaram neste estudo – A Casa – Oficina dos Infantes, Casa Independente, Lounge e VALSA – já terem encerrado ou anunciado o encerramento nos seus espaços habituais.»

O Relatório de Atividades 2023 da rede Circuito está a partir deste momento disponível para consulta pública.