Fotoreportagem NOS Alive 2023: It’s Lizzo, bitch!
Em dia de Arctic Monkeys como cabeça de cartaz, foram muitos os que também se deslocaram ao Passeio Marítimo de Algés para assistir a esse furacão do R&B de seu nome Lizzo. A cantora norte americana trouxe com ela um espetáculo repleto de cor, músicas sobre autovalorização e empoderamento feminino e ainda mostrou os seus dotes na flauta transversal.
Todos sabemos que no panorama da indústria da cultura pop ainda existem muitas barreiras relacionadas com preconceitos que por sua vez estão muitas das vezes associados a questões étnicas, raciais ou a certos padrões de beleza.
Neste aspeto Lizzo é um exemplo impressionante de superação e de alguém que conseguiu chegar ao topo contra todas as expectativas. Apesar da sua capacidade vocal congénita foi no corpo de Lizzo, de proporções avantajadas, que muitos se quiseram focar ao longo da sua carreira com o intuito de rebaixar a confiança da cantora. Mas, se durante anos, Lizzo se sentiu humilhada e indignada com todos os comentários que retiravam o protagonismo da sua voz para focar no seu corpo, é certo que de há uns anos para cá a cantora foi desenvolvendo uma autoconfiança ímpar que tem vindo a fazer com que aprecie cada vez mais o seu corpo. Vejamos por exemplo a capa do seu terceiro álbum “Cuz I Love You”, de 2019, onde surge nua, de perfil, a “abraçar” as suas curvas.
Foi exatamente com esta autoconfiança que Lizzo se estreou em Portugal, com um espetáculo bem montado repleto de elementos cenográficos e com um jogo de luzes e de projeções bastante interessante. Com uma banda totalmente feminina capaz de suportar todas as valências sonoras que a cantora explora, como é o caso do R&B, hip-hop, soul e funk, o destaque foi mesmo o momento em que Lizzo apareceu com a sua flauta transversal para surpreender os fãs com os seus dotes de instrumentista clássica. Para aqueles que não têm conhecimento, Lizzo começou a estudar flauta a partir dos dez anos, tendo depois prosseguido com os estudos em música clássica, e em particular da flauta transversal, na Universidade de Boston. No artigo do The Guardian, o jornalista Leonie Cooper chega mesmo a “culpar” Lizzo pelo súbito ressurgimento do interesse da prática de flauta transversal.
Lizzo foi extremamente simpática e comunicativa com os seus fãs, leu os vários cartazes que encontrou, cantou os parabéns a pedido de um desses cartazes, deu gargalhadas que contagiaram a plateia e mostrou-se uma artista de mão cheia, «ponto final!» (aprendeu Lizzo na língua de Camões).
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