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Fotoreportagem: Os Delfins foram maiores na MEO Arena

Fotoreportagem: Os Delfins foram maiores na MEO Arena

Redacção
Inês Barrau

Os Delfins esgotaram a maior sala de concertos de Portugal para comemorar 40 anos de carreira.

Muito resumidamente, estávamos no último dia de 2009 e com a banda a comemorar 25 anos de carreira quando, uma das maiores bandas, para não dizer a maior banda de pop rock em Portugal, os Delfins, deram o seu último concerto em forma de despedida. Um ano antes, o fim de um ciclo tinha sido dado pelo membro fundador, Fernando Cunha, ao anunciar a sua saída.

Durante os anos seguintes, Fernando Cunha e Miguel Angelo constroem uma carreira a solo e dedicam-se a outros projectos, como os Resistência, até que em 2022, sem grande aviso prévio, regressam aos palcos com o início de uma digressão nacional de celebração no Festival Rock In Rio.

Com o anúncio de um concerto de comemoração dos 40 anos na MEO Arena, muitos foram os que vaticinaram “um passo maior do que a perna“, e que os Delfins já não eram assim tão relevantes para um concerto na maior sala de espectáculos de Portugal. A verdade é que esgotaram a capacidade da arena (com plateia sentada).

A entrada na sala fez-se ao som dos Duque Província. Formados por Henrique Gonçalves (voz, guitarra), António Horgan (teclados), Philippe Keil (baixo) e Francisco Cunha (bateria), os Duque Província apresentam uma abordagem fresca das sonoridades indie, pop e rock, de forma versátil e irreverente. O projeto conta com influências vindas particularmente dos anos ’60, ’70 e ‘80. Com um disco lançado em 2022 e outro a ser preparado, a banda foi bem recebida pelo público.

 

Por alguma razão, os Delfins são uma espécie de Nickelback à portuguesa, se por um lado têm uma legião de fãs que marca presença e os apoia, também é um facto, que seria possível encher outra arena com os “anti-fãs”. Quando publicamos artigos relativos ao trabalho do Miguel Ângelo ou dos Delfins, há uma animosidade latente na maioria dos comentários que surgem nas redes sociais. Como se fosse algum imperativo dialético menosprezar a música da icónica banda nacional ou do seu frontman. É certo que, na nossa redacção, também não gostamos de toda a música que fazem esses veteranos da pop, mas daí a ter preconceitos é um salto considerável… e não esquecer que “Ser Maior” é um dos melhores álbuns conceptuais nacionais para a Arte Sonora.

Já são 40 anos de carreira e por isso foram cerca de duas horas sempre a abrir na MEO Arena, sem grande tempo para conversa fiada, tantas eram as canções obrigatórias numa grande comemoração do género. E se há coisa que não se pode negar, e o último concerto é prova (se é que estes músicos ainda têm que provar o que quer que seja a alguém) de que os Delfins são constituídos por bons músicos tecnicamente e são detentores de mais de uma dezena de hits do cancioneiro português, que continuam a perdurar até às novas gerações. O tempo parece não passar por Miguel Ângelo, com perto de 60 anos, o músico é incansável em palco, ora aparece com um megafone ou uma melódica, com pratos de mão ou até mesmo em cima de um hoverboard… ou a tirar fotos aos fãs. Se calhar o segredo é como canta na “Marcha dos Desalinhados”: «Eu não quero estar parado, fico velho.» A sua voz tão característica está ainda no ponto, assim como está a voz de Dora Fidalgo. Fernando Cunha ao comando das guitarras, Luís Sampaio nas teclas e Jorge Quadros na bateria marcaram o ritmo com “novos” arranjos bastante felizes, ora mais roqueiros e pesados, ora mais funky para alguns dos temas míticos da banda. E que saudades que já tínhamos de ver e de ouvir as fabulosas linhas de baixo dessa “besta” que é Rui Fadigas.

Um alinhamento de luxo que não defraudou, com certeza, as expectativas dos milhares de fãs que rumaram a Lisboa e cantaram do início ao fim temas como “Marcha dos Desalinhados”, “Sou como um Rio”, “Saber Amar”, “Ao Passar um Navio”, “A Queda de Anjo”, “Aquele Inverno”, “1 Lugar ao Sol”, “Nasce Selvagem”, “Solta os prisioneiros” ou “Baía De Cascais”.

Um concerto de música puro e duro, com um palco simples, mas eficaz, sem purpurinas, confettis ou “fogo de artifício”. Sentimos, provavelmente por ser o usual neste tipo de celebração, falta de alguns convidados especiais.

Os Delfins vão gastando vidas, mas o sonho continua igual.