Já podes ouvir “Passa-Montanhas”, o novo álbum dos Linda Martini [STREAMING]
“Passa-Montanhas” sucede a “ÊRROR”, editado em 2022, e é o primeiro trabalho da banda a contar com o guitarrista Rui Carvalho (AKA Filho da Mãe).
Já está disponível para compra e audição na íntegra nas plataformas digitais o novo álbum dos Linda Martini. “Passa-Montanhas” está já disponível em CD e Vinil.
“Passa-Montanhas” é o seu sétimo LP e promete desde logo novidades: é o primeiro disco com Rui Carvalho (também conhecido como “Filho da Mãe”) que se juntou a André Henriques, Cláudia Guerreiro e Hélio Morais em 2022.
Foi aliás já com Rui Carvalho a bordo que fizeram a digressão do álbum anterior, “ERRÔR”, e os concertos de celebração dos 20 anos de banda. As muitas horas passadas na estrada apenas aumentaram a vontade de experimentar coisas novas em conjunto, finalmente materializada neste novo disco, que começou a ser desenhado em maio de 2023, quando o quarteto se trancou, durante uma semana, numa residência artística no Serra – espaço cultural, em Leiria.
Seguiu-se o processo habitual de ensaios e composição sobre esse material em bruto, depurado até à forma final das canções que compõem “Passa-Montanhas”, um disco gravado no meio das montanhas da Catalunha, por entre vinhas e cavalos, com o produtor e “amigo” Santi Garcia.
O resultado final é uma reflexão sobre o que é ser uma banda há mais de duas décadas. Como se mantém a bola no ar e como nos sentimos quando ela cai. Sobre o estado das coisas no geral e o atual estado de espírito dos Linda Martini em particular, sobre estados de graça e também algumas coisas sem graça nenhuma.
E, não sendo um álbum conceptual, há, todavia, uma ideia que persiste ao longo de todo o disco: “conversar melhor”, sendo este diálogo agora alargado a um novo elemento. Afinal, talvez seja mesmo isso que se procura, quando quatro pessoas se fecham voluntariamente numa sala e esperam sair de lá com qualquer coisa que não existia antes de entrarem.
“Passa-Montanhas” será, porventura, um dos mais pesados e emotivos álbuns dos Linda Martini o que, 20 anos depois, não deixa de ser assinalável. Em temas como “Uma Banda” há essa reflexão sobre o que é mesmo isso de ser uma banda, enquanto faixas como “Corações Rápidos” ou “A Mão como a Maré” remetem para a passagem do tempo e para as consequentes mudanças daí decorrentes, até ao nível das relações interpessoais entre os seus membros.
Pelo meio, provavelmente também sinal dos tempos mais atuais, há ainda algumas das canções mais interventivas e políticas algumas vez feitas pelos Linda Martini. É o caso de “Faz-se de Luz”, de “A Cantiga É” (na qual o espírito de José Mário Branco paira do princípio ao fim) ou de “O Cão Tinhoso”, que funciona quase como um diálogo com o clássico “Avô Cavernoso”, de Zeca Afonso. “Abram alas para ver aí que belo par”, ouve-se a dada altura, numa referência ao avô cavernoso e o cão tinhoso – o ditador e o novo pretendente.
Nesta categoria entram também “Meu Deus”, que fala do grande capital e de quem decide fazer a guerra ou a paz; ou “Pé de Guerra”, a remeter para uma sociedade cada mais polarizada e com necessidade de, mais uma vez, “conversar melhor”.
Ou seja, se o ponto de partida foi um olhar sobre a própria banda, motivado pela entrada de um novo membro, que obrigou os Linda Martini a fecharem-se sobre si mesmos, esse processo de reflexão e diálogo obrigou-os também a ter uma visão mais abrangente para o mundo à sua volta.
A consequência deste “conversar melhor”, tanto para dentro como para fora, foi um disco com duas partes distintas, quase como se fossem um lado A e um lado B de antigamente: um centrado no universo mais interior da banda e outro com um olhar mais aberto – e não menos crítico – sobre tudo o que a rodeia.
O mesmo conceito está por trás da capa e do próprio título do álbum, que remete para a adolescência da banda na linha de Sintra, nos anos 90, quando o líder de um gang juvenil se mascarou com um Passa-Montanhas para aterrorizar os membros de outros grupos, criando assim um inimigo comum fictício e unindo antigos adversários para o derrotar.
A foto da capa do álbum “Passa-Montanhas” é de Luísa Ferreira, o fotografado é Felisberto Cabral e o design do Studio Dobra.
“Passa-Montanhas” é também o nome da nova tour que, nos primeiros meses do ano, passará por algumas salas de espetáculos, com datas a anunciar brevemente. A estreia em Lisboa e no Porto acontece, respetivamente, nos dias 31 de janeiro no LAV e no dia 1 de fevereiro no Hard Club. Um espetáculo renovado, centrado nas cores e nas experiências sonoras do disco, que conta com canções de arestas aguçadas.