Quantcast
Joy Division: o pulsar que se tornou um ícone Pop faz 50 anos

Joy Division: o pulsar que se tornou um ícone Pop faz 50 anos

Redacção
Harold D. Craft, Jr.

Aquilo que foi uma visualização de dados espaciais trouxe uma curiosidade astronómica aos amantes de música. O álbum seminal dos Joy Division, “Unknown Pleasures”, tem na capa um fenómeno que começou por ser uma investigação científica.

Há cinquenta anos atrás, Harold D. Craft, Jr., publicava um notável enredo a preto e branco na sua tese de doutoramento na Universidade de Cornell, EUA. Uma série de linhas ondulantes mostrava ondas de rádio recebidas do pulsar CP1919, tal como detectado no Observatório Arecibo, em Porto Rico. Vários meses mais tarde, o gráfico apareceu como uma visualização de página inteira na publicação Scientific American, desta vez com linhas brancas num campo azul.

Um pulsar é uma estrela de neutrões de rotação rápida que emite um feixe de rádio-frequência que varre o espaço como um farol. No gráfico, 80 pulsares consecutivos – gravados a uma frequência de 318 megahertz – são então apresentados como uma espécie de linhas em formato ondulante. Um impulso (mostrado da esquerda para a direita) dura cerca de 0,04 segundos, com intensidade de pico perto do centro. Os impulsos ocorrem a cada 1,337 segundos.

No fundo, são ondas de rádio e surgem na capa de “Unknown Pleasures”, dos Joy Division. Essas ondas captadas nas novas imagens são causadas por relâmpagos produzidos no espaço, a muitos anos-luz de distância. Hoje em dia, esse tipo de ocorrência é entendido mais facilmente, mas os pulsares ainda são um enigma – um dos fenómenos mais extremos da natureza.

Sobretudo em 1979, em que o gráfico significou um grande passo na consciência pública e, nesse mesmo ano, o designer Peter Saville aproveitou um desenho encontrado pelo guitarrista Bernard Sumner e apresentou uma versão desse gráfico a preto e branco como arte final da capa do álbum “Unknown Pleasures” da banda de rock inglesa Joy Division, sem nome da banda, título do álbum ou outros identificadores – um movimento ousado àquela época.

No 175.º aniversário da Scientific American, o trabalho de Harold D. Craft, Jr. é agora homenageado, com a visualização de dados que deu o salto da investigação científica para o universo da cultura pop.

Eis a capa de “Unknown Pleasures”: