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Máquina do Tempo: Deftones, A Troca de Nome para Assinar pela Roadrunner e o Contrato com a Editora de Madonna

Máquina do Tempo: Deftones, A Troca de Nome para Assinar pela Roadrunner e o Contrato com a Editora de Madonna

Rodrigo Baptista

No início dos anos 90, os Deftones eram ainda uma banda desconhecida que estava à procura de um contrato discográfico que lhes permitisse vingar no mundo da música alternativa. Esta é a história de como a Roadrunner lhes fez uma proposta que envolvia a troca do nome da banda e de como os Deftones acabaram por assinar pela editora de Madonna, a Maverick Records.

Corria o ano de 1993, e os Deftones, que se tinham juntado em 1988, e que apenas tinham lançado algumas demos, procuravam uma editora que os ajudasse a “dar o salto”.

A proposta chegou da Roadrunner Records, uma das maiores editoras de metal da altura, com um catálogo com nomes como Sepultura, Type O Negative e Annihilator. No entanto, e segundo Monte Conner, que trabalhava na editora naquela época, o contrato só seria fechado se a banda aceitasse mudar de nome.

Numa entrevista à Metal Sucks, Conner falou sobre esse episódio caricato: «Esta é a história de como quase assinei com os Deftones e pedi-lhes que mudassem de nome como condição do acordo. Sim, leram bem, ambas as coisas realmente aconteceram. Em 1993, depois de ver o termo ‘def’ a ser adicionado ao dicionário, Rick Rubin, o juiz de todas as coisas modernas, achou que a palavra tinha perdido a sua coolness e tomou a decisão ousada de mudar o nome da sua editora de grande sucesso de Def American Recordings para simplesmente American Recordings. A difusão da palavra foi contra a imagem antissistema que ele tentava projetar para o seu selo.»

«Ao melhor estilo de Rubin, ele iria transformar a mudança de nome num evento, e um funeral simulado, altamente divulgado que foi realizado no cemitério Hollywood Forever, em Los Angeles, a 27 de agosto de 1993, para enterrar a palavra ‘def’. Mais importante ainda, ao mesmo tempo, estava a acontecer todo um movimento ska nos EUA com bandas como The Mighty Mighty Bosstones, Sublime, No Doubt, Goldfinger, Reel Big Fish, Rancid, Less Than Jake e Squirrel Nut. […] Para mim, o ‘tones’ no nome da banda fazia com que soassem como uma banda de ska. Então, o termo “def” já não era fixe, e “tones” colocava a banda no movimento ska. O nome simplesmente tinha que desaparecer. Surpreendentemente, não recebi nenhuma reacção real da banda. Não sei se foi porque eles concordaram comigo ou simplesmente estavam ávidos por um acordo e fariam o que fosse necessário para assiná-lo. Não só fui o primeiro A&R a oferecer-lhes um contrato, mas também fui o único A&R a oferecer-lhes um contrato! Quando és a única editora atrás de uma banda e não há concorrência, isso dá-te muita vantagem. Independentemente do motivo, eles atenderam à minha exigência. Durante as negociações do contrato, eles apresentavam-me regularmente novos nomes, chegando a sugerir que talvez devessem autodenominar-se “Engine No. 9”, em homenagem à melhor faixa da demo.»

Porém, os Deftones não cederam à pressão e desistiram da Roadrunner. Mas, quando se preparavam para continuar como artistas independentes, eis que surgiu uma nova proposta da Maverick Records, editora que pertencia a Madonna.

«Honestamente, não estávamos à procura um contrato discográfico», disse Chino Moreno, vocalista dos Deftones, à Loudwire. «Tivemos muita sorte em dar um concerto – foi a primeira vez que tocámos em Los Angeles. … Foi um concerto com uma banda que estava a apresentar-se para um contrato discográfico. Mas estava lá alguém que conhecia alguém que conhecia a Madonna. E basicamente, ela conseguiu a nossa demo – tínhamos uma fita demo de duas músicas. Estávamos no trabalho no dia seguinte – eu trabalhava na Tower Records – e recebi um telefonema da Maverick Records, que era a editora da Madonna na época. Era uma editora totalmente nova – ela só tinha assinado com a Alanis [Morissette] e Candlebox. …Eles ligaram-nos e disseram: “Hey, a Madonna quer ver-vos a tocar.» … Então, voamos de volta para Los Angeles.»

Para a Maverick Records bastou uma pequena audição para que ficassem convencidos de todo o potencial dos Deftones. «Nós fomos para Los Angeles e estávamos numa pequena sala de ensaio. Alugaram-nos equipamentos e quando chegámos estava lá o manager da Madonna, Guy Oseary. Sentaram-se numa cadeira e disseram: “OK, toquem”. E tocámos duas músicas, e então a meio, [o cofundador da Maverick Records] Freddy DeMann levanta-se e diz: “OK, já ouvi o suficiente – onde assino?” Fomos aos escritórios logo depois. Sentei-me no sofá. …A porta abre-se e a Madonna entra. Uma das primeiras pessoas famosas que conheci foi a Madonna. Todas as minhas fantasias de quando eu era um miúdo de 10 anos estavam tornar-se realidade.»

Os Deftones acabaram por lançar a sua demo “Root/Nosebleed” (1994) e o seu aclamado álbum de estreia “Adrenaline” (1995) pela Maverick Records, tendo ficado com a editora de Madonna até 2006, ano em que lançaram “Saturday Night Wrist”.

Em baixo podes ver uma atuação dos Deftones em 1994, ano em que assinaram o contrato com a Maverick Records.