Máquina do Tempo: O improvável concerto de Taylor Swift com os Def Leppard no CMT Crossroads
Em semana de concerto dos Def Leppard em Algés e do anúncio da estreia de Taylor Swift em Portugal, recordamos aqui a performance insólita que juntou uma estrela country pop em ascensão a uma banda lendária de hard rock.
Em 2008, Taylor Swift e os Def Leppard encontravam-se em fases bem distintas das respetivas carreiras. A primeira contava 18 anos, tinha no seu currículo apenas o álbum de estreia homónimo, editado em 2006 (o segundo trabalho “Fearless” acabaria por sair no final de 2008) e apresentava uma sonoridade que encaixava nos cânones do country pop, género que Swift acabaria por abandonar com o passar dos anos. Os Def Leppard, por sua vez, encontravam-se no polo oposto. Estamos a falar de uma banda de hard rock consagrada, que em 2008 já contava com 32 anos de carreira. Ao contrário da fase ascendente de Taylor, os Def Leppard encontravam-se algo estagnados, não eram irrelevantes, mas também não estavam no auge, pois essa era tinha-se dado algures entre 1983 e 1993. Podemos dizer que estavam a começar a viver do legado que tinham construído durante a década mencionada, e que precisavam de um boost para revitalizar a carreira.
O pequeno boost acabaria por surgir com a participação no programa Crossroads da CMT (Country Music Television), um programa que procura juntar músicos country a músicos de outros géneros musicais. A ideia começou a desenhar-se em 2007, quando chegou aos ouvidos dos Def Leppard uma entrevista onde Taylor Swift referia que se alguma fez participasse num Crossroads teria que ser com os Def Leppard. A banda rapidamente acedeu ao pseudo-convite e quando o concerto foi anunciado publicamente foram muitos os fãs que torceram o nariz. Mas, como refere o vocalista Joe Elliot numa entrevista em 2018 para o podcast Rolling Stone Music Now: «Nós sempre fomos o tipo de banda de nariz empinado. Adorei a ideia de fazer algo que fosse irritar as pessoas ou que fosse elogiado por ser algo diferente. Se vais fazer colaborações, não vejo qual seja o sentido de fazer uma música com os Bon Jovi. Percebes o que quero dizer? Prefiro que o Jon faça uma música com o Tom Waits. Ou nós com o Loudon Wainwright III ou com o Leonard Cohen.»
Por estranho que pareça foram apenas necessários dois ensaios para preparar o concerto, que decorreu no The Roy Acuff Theater em Nashville no dia 6 de Outubro de 2008. Quanto à setlist da performance essa contou com onze músicas, cinco de Taylor Swift (“Picture to Burn”, “Love Story”, “Teardrops on My Guitar”, “Should’ve Said No” e “Our Song”) e seis dos Def Leppard (“Photograph”, “Hysteria”, “When Love and Hate Collide”, “Pour Some Sugar on Me”, “Love” e “Two Steps Behind”. «Foram dois concertos e todos fizeram o trabalho de casa», diz Joe Elliot à Rolling Stone. «Chegámos e sabíamos todos os acordes e todas as letras. Não houve realmente nenhuma dificuldade. Houve alguns momentos em que nos sentámos, eu e a Taylor, e ela disse: Não consigo cantar essa linha, porque era um pouco ousada demais, na [“Pour Some Sugar on Me”. ] Então trocávamos as coisas. Eu também estava a cantar do ponto de vista masculino em algumas das músicas dela, como em “Love Story”. Como se diz, não vou cantar algo e fazer o trabalho pela metade. Eu vou dar tudo de mim. Porque não importa. É um projeto único (…). Não faz diferença para mim se é uma música dos Ramones ou da Taylor Swift. Vou fazer o melhor que posso.»
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O CMT Crossroads de Taylor Swift e Def Leppard acabaria por ser editado em DVD, em 2009, depois de passar na televisão. Hoje em dia as opiniões ainda se dividem, mas não deixa de ser um registo histórico onde podemos ver o respeito mútuo de dois artistas que pertencem a mundos completamente diferentes
Recordamos que os Def Leppard vão passar por Portugal, dia 23 de Junho, para um concerto no Passeio Marítimo de Algés. Já Taylor Swift tem o seu concerto de estreia em Portugal agendado para Maio de 2024, no Estádio da Luz.