Presidente da República recebe técnicos de espectáculos
Depois de terem batido a todas as portas, sem sucesso, os profissionais do sector dos espectáculos vão agora ser recebidos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no próximo dia 11 de Setembro.
«Informamos que vamos ser recebidos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no próximo dia 11 de Setembro, em resposta à carta enviada na semana passada a solicitar uma audiência com carácter de urgência. Sejam nossos associados ou não, enviem-nos as vossas sugestões para melhorar o sector e garantir a sobrevivência das nossas empresas. Tentaremos, ao máximo, representar-vos da melhor forma nesta audiência», escreveram os responsáveis da Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE) num post publicado na página de Facebook.
Recorde-se que a associação tinha manifestado a vontade de ser recebida «com urgência» pelo Presidente da República para expor a «situação muito complicada» do sector, apontando-o como «a voz que resta» face à falta de respostas do Governo. «Porque o senhor Presidente da República é a voz que nos resta, é aquele a quem nos falta recorrer depois de todas as portas fechadas, porque confiamos no seu humanismo e no seu compromisso para com todos os portugueses e portuguesas, vimos por este meio solicitar uma audiência com carácter de urgência, que nos receba para que lhe possamos descrever o real estado do sector e partilhar quais as medidas que consideramos fundamentais para garantir a sobrevivência das nossas empresas», lê-se numa carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo a associação, trata-se de «um grito de mais de um milhar de postos de trabalho, um grito de profissionais que querem trabalhar, mas que sabem que a retoma não pode ser realizada de forma apressada, ao mesmo tempo que não têm à vista qualquer solução da parte de nenhuma instituição estatal para o grave problema de liquidez que enfrentam».
A situação é, sustentam, «desesperante», apontando «quebras de actividade na ordem dos 80%” devido à crise gerada pela pandemia de covid-19 e adiantando que, se “93% das empresas associadas não despediram até à data», o facto é que «60% recorreram ao layoff e 56% não têm dinheiro para pagar salários».
Após ter promovido no passado dia 11 de Agosto uma acção de sensibilização e protesto em Lisboa, depositando no Terreiro do Paço as flight cases (onde normalmente transportam o equipamento com que trabalham) e permanecendo em silêncio no local durante duas horas, as empresas do sector dizem «não ter tido respostas efectivas da parte do Governo» e receiam «cair no silêncio para sempre».
«Queremos ser parte da reabertura do país, queremos dar tudo o que temos para que economia avance, queremos estar na linha da frente a iluminar os grandes e pequenos eventos e proporcionar a alegria daqueles que a eles assistem», sustentam.
Salientando que «um dia tudo será como já foi e as empresas deste sector precisarão de voltar a fazer acontecer» e de «contribuir para valorizar a marca Portugal além-fronteiras», a APSTE escreve na missiva: «Um dia voltará a ser necessário iluminar os palcos, os congressos, os estádios, os eventos. Temos como mote a frase ‘Estivemos sempre presentes!», por isso, senhor Presidente da República, apelamos que nos ajude a poder dizer nesse dia – o da retoma em pleno – «Estamos aqui novamente e estaremos sempre!».
A APSTE foi fundada em Junho de 2020, no seguimento da criação do Movimento Cancelado, face à «necessidade de o sector se organizar para garantir maior representatividade perante as entidades competentes». A associação passou assim a reunir as empresas de serviços técnicos para eventos que, até então, «estavam dispersas e sem grande peso no mercado», possuindo atualmente «mais de 170 empresas associadas», representativas de «um volume de faturação superior a 140 milhões de euros e de mais de 1.500 postos de trabalhos diretos e cerca de 3.000 indirectos» em 2019.