Músicas nunca antes ouvidas de Marvin Gaye foram descobertas num arquivo na Bélgica
Ao todo são 66 demos que estiveram escondidas durante mais de 40 anos num arquivo que também contém fatos e cadernos de anotações.
Uma quantidade considerável de música inédita de Marvin Gaye foi descoberta num arquivo na Bélgica.
Segundo a BBC, o material esteve escondido e esquecido no arquivo durante mais de 40 anos juntamente com uma colecção de fatos de palco e cadernos de anotações.
A descoberta é surpreendente, mas não despropositada, isto se tivermos em conta que Gaye mudou-se para a cidade costeira de Ostend em 1981, três anos do seu falecimento em Los Angeles, na California. A mudança aconteceu de forma caricata, depois de Gaye ter roubado o cartão de negócios de um promotor de concertos belga numa discoteca enquanto morava em Londres. Ainda assim, a sua estadia na Bélgica mostrou-se prolifera, tendo sido lá que gravou êxitos como “Sexual Healing”, “My Love Is Waiting” e “Til Tomorrow”, todos eles do seu último álbum de estúdio lançado em vida, “Midnight Love” (1982).
Durante a sua passagem pela Bélgica, Gaye morou na casa de um músico belga, Charles Dumolin, e é a família de Dumolin que reivindica a propriedade do material.
«Elas pertencem [à família] porque foram deixadas na Bélgica há 42 anos», disse o advogado belga Alex Trappeniers. «O Marvin deu-lhes e disse: ‘Façam o que quiserem com isso’ e ele nunca mais voltou. Isso é importante. Cada vez que um novo instrumental surgia e o Marvin começava a cantar, eu dava um número. No final, quando ouvi todas as 30 fitas, tinha 66 demos de músicas novas. Algumas delas estão completas e algumas delas são tão boas quanto “Sexual Healing”, porque foram gravadas ao mesmo tempo. Houve uma música que quando a ouvi por dez segundos ficou na minha cabeça o dia todo, as palavras ficaram na minha cabeça o dia todo, como um momento de alinhamento planetário.»
Segundo a legislação belga, os herdeiros de Dumolin, que faleceu em 2019, são legalmente os proprietários do arquivo, isto porque já passaram 30 anos desde a morte de Gaye. Porém, a lei não se aplica aos direitos de propriedade intelectual, e desta forma os herdeiros podem ficar como proprietários das fitas físicas em que a música foi gravada, mas sem o direito de publicação das músicas.
Ainda assim, os herdeiros de Gaye nos EUA podem ter teoricamente os direitos das músicas, mas é algo que fica difícil de reclamar sem as fitas na sua posse.
«Acho que beneficiam os dois, a família de Marvin e a coleção nas mãos [dos herdeiros de Dumolin]», disse Trappeniers. «Se juntarmos as mãos e encontrarmos as pessoas certas no mundo, os Mark Ronsons ou os Bruno Mars…. Não estou aqui para dar sugestões, mas para dizer ‘OK, vamos ouvir isso e vamos fazer o próximo álbum’. Moralmente, gostaria de trabalhar com a família, mas este é o pesadelo para eles… que alguém venha de um país onde há muito dinheiro e façamos um acordo e esta recolha saia deste país.»