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Músicas nunca antes ouvidas de Marvin Gaye foram descobertas num arquivo na Bélgica

3 Abril, 2024

Ao todo são 66 demos que estiveram escondidas durante mais de 40 anos num arquivo que também contém fatos e cadernos de anotações.

Uma quantidade considerável de música inédita de Marvin Gaye foi descoberta num arquivo na Bélgica.

Segundo a BBC, o material esteve escondido e esquecido no arquivo durante mais de 40 anos juntamente com uma colecção de fatos de palco e cadernos de anotações.

A descoberta é surpreendente, mas não despropositada, isto se tivermos em conta que Gaye mudou-se para a cidade costeira de Ostend em 1981, três anos do seu falecimento em Los Angeles, na California. A mudança aconteceu de forma caricata, depois de Gaye ter roubado o cartão de negócios de um promotor de concertos belga numa discoteca enquanto morava em Londres. Ainda assim, a sua estadia na Bélgica mostrou-se prolifera, tendo sido lá que gravou êxitos como “Sexual Healing”, “My Love Is Waiting” e “Til Tomorrow”, todos eles do seu último álbum de estúdio lançado em vida, “Midnight Love” (1982).

Durante a sua passagem pela Bélgica, Gaye morou na casa de um músico belga, Charles Dumolin, e é a família de Dumolin que reivindica a propriedade do material.

«Elas pertencem [à família] porque foram deixadas na Bélgica há 42 anos», disse o advogado belga Alex Trappeniers. «O Marvin deu-lhes e disse: ‘Façam o que quiserem com isso’ e ele nunca mais voltou. Isso é importante. Cada vez que um novo instrumental surgia e o Marvin começava a cantar, eu dava um número. No final, quando ouvi todas as 30 fitas, tinha 66 demos de músicas novas. Algumas delas estão completas e algumas delas são tão boas quanto “Sexual Healing”, porque foram gravadas ao mesmo tempo. Houve uma música que quando a ouvi por dez segundos ficou na minha cabeça o dia todo, as palavras ficaram na minha cabeça o dia todo, como um momento de alinhamento planetário.»

Segundo a legislação belga, os herdeiros de Dumolin, que faleceu em 2019, são legalmente os proprietários do arquivo, isto porque já passaram 30 anos desde a morte de Gaye. Porém, a lei não se aplica aos direitos de propriedade intelectual, e desta forma os herdeiros podem ficar como proprietários das fitas físicas em que a música foi gravada, mas sem o direito de publicação das músicas.

Ainda assim, os herdeiros de Gaye nos EUA podem ter teoricamente os direitos das músicas, mas é algo que fica difícil de reclamar sem as fitas na sua posse.

«Acho que beneficiam os dois, a família de Marvin e a coleção nas mãos [dos herdeiros de Dumolin]», disse Trappeniers. «Se juntarmos as mãos e encontrarmos as pessoas certas no mundo, os Mark Ronsons ou os Bruno Mars…. Não estou aqui para dar sugestões, mas para dizer ‘OK, vamos ouvir isso e vamos fazer o próximo álbum’. Moralmente, gostaria de trabalhar com a família, mas este é o pesadelo para eles… que alguém venha de um país onde há muito dinheiro e façamos um acordo e esta recolha saia deste país.»

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