Novo Confinamento Da Cultura: Números Do Drama Dos Cancelamentos
Os equipamentos culturais terão de encerrar a partir da meia-noite de sexta-feira dia 15 de Janeiro, em Portugal Continental, no âmbito das medidas anunciadas pelo Governo para tentar conter a pandemia da covid-19.
Portugal vai regressar ao dever de recolhimento domiciliário, tal como em Março e em Abril, anunciou o primeiro-ministro, António Costa, em conferência de imprensa no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, que alertou que este é, simultaneamente, o momento «mais perigoso, mas também um momento de maior esperança».
À semelhança do que aconteceu em Março do ano passado, os equipamentos culturais voltam agora a ter de encerrar. Recorde-se que a paralisação da Cultura começou na segunda semana de Março, depressa se estendeu a todas as áreas e, no final de 2020, entre plano de desconfinamento e estados de emergência, o sector somava perdas superiores a 70% em relação a 2019.
Promotores pedem bazuca
Sobre o sector que se vê agora obrigado a um novo encerramento, o promotor Álvaro Covões, da Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos (APEFE) já disse, em declarações a vários órgãos de comunicação social, que se trata do agravar de uma tragédia.
«Trabalhamos num sector que não funciona em ‘take-away’, teletrabalho ou ‘delivery’», disse Álvaro Covões, sublinhando que a cultura necessita de «uma bazuca» de apoios. «Estamos a reunir números, porque as vendas de faturação de Dezembro fecharam há dois dias, mas tudo indica que a nossa quebra em 2020 foi de 80%. Apesar de se pensar que o sector cultural podia trabalhar, a verdade é que, desde Junho, os equipamentos culturais estão limitados a lotações de 50%», lembrou, acrescentando: «Estamos a viver uma coisa sem precedentes no nosso sector».
Segundo números da APEFE, só entre meados de Março e final de Abril, foram cancelados, suspensos ou adiados cerca de 27 mil espectáculos.
No dia 1 de Junho, as salas foram autorizadas a reabrir, com lugares marcados e o cumprimento de regras de distanciamento físico, embora no final de Maio ficasse proibida a realização de festivais e espectáculos de natureza análoga, até ao passado dia 31 de Dezembro. O verão, claro está, decorreu sem os festivais de música, com a Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) a estimar uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, contra os dois mil milhões originados em 2019.
A APEFE, por seu lado, ainda antes de apurados os números do quarto trimestre de 2020, atesta que o mercado dos espectáculos registara uma quebra de 87%, entre Janeiro e Outubro, face a 2019, admitindo que a quebra poderia chegar aos 90%, no final do ano.
Concertos que não vamos ver no próximo mês
O novo confinamento obriga a alterações na agenda das próximas duas semanas, sendo no entanto provável que a proibição da música ao vivo se prolongue, no mínimo, por igual período. Fica aqui uma lista dos concertos que não vão realizar-se nas datas originais:
Theatro Circo, Braga
B Fachada – 15 janeiro
JP Coimbra – 16 janeiro
As Verdadeiras Mães – 18 janeiro
Barry White Gonne Wrong – 22 janeiro
Gator, the Alligator – 23 janeiro
Siberia – 25 janeiro
Caligula – 27 a 29 janeiro
Marta Ren – 30 janeiro
Santa Casa Portugal Ao Vivo
(Campo Pequeno, Lisboa)
Áurea – 15 de Janeiro
Camané e Mário Laginha – 22 de janeiro
The Gift – 23 de Janeiro
David Carreira – 24 de Janeiro
(Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, Porto)
Xutos & Pontapés – 22 de Janeiro
Mishlawi – 23 de Janeiro
Camané e Mário Laginha – 29 de Janeiro
Rui Veloso – 30 de Janeiro
David Carreira – 31 de Janeiro
Miguel Araújo
ACERT, Tondela, 15 de Janeiro
Glockenwise
CCB, Lisboa, 15 de Janeiro
Vaiapraia
Salão Brazil, Coimbra, 15 de Janeiro
Júlio Resende
Fábrica das Ideias, Gafanha da Nazaré, 15 de Janeiro
Jimmy P
Pax Julia, Beja, 15 de Janeiro
Bárbara Tinoco
Altice Fórum Braga, 15 de Janeiro
Camané
Capitólio, Lisboa, 16 de Janeiro
Capicua
Teatro de Vila Real, 16 de Janeiro
Noiserv
Teatro-Cine de Torres Vedras, 16 de Janeiro
Casper Clausen
GNRation, Braga, 16 de Janeiro
They’re Heading West
Com Cristina Branco e Miramar
Teatro Maria Matos, Lisboa, 18 de Janeiro
Márcia
Cine-Teatro de Estarreja, 22 de Janeiro
Benjamim
Lux-Frágil, Lisboa, 20 e 21 de Janeiro
Dino D’Santiago
Teatro Viriato, Viseu, 22 de Janeiro
Três Tristes Tigres
Teatro Aveirense, 22 de Janeiro
Samuel Úria
Cine-Teatro João Mota, Sesimbra, 23 de Janeiro
Manel Cruz
Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, 23 de Janeiro
Salvador Sobral
Auditório Municipal Augusto Cabrita, 23 de Janeiro
João Gil
Capitólio, Lisboa, 27-31 Janeiro
Luísa e Salvador Sobral
Teatro Tivoli BBVA, 28 de Janeiro
Paus
Centro Cultural de Alcains, 29 de Janeiro
Clã
Teatro Municipal de Bragança, 29 de Janeiro
Tim
Theatro Gil Vicente, Barcelos, 29 de Janeiro
Camané & Mário Laginha
Cine-Teatro Avenida, Castelo Branco, 30 de Janeiro
Manuel João Vieira
Casa das Artes de Famalicão, 30 de Janeiro
Concertos agendados para um período posterior ao estado de emergência em vigor a partir de dia 15 de Janeiro. Mas sem confirmação de cancelamento:
André Henriques
Teatro Aveirense, 4 de Fevereiro
Paulo Gonzo
Teatro de Vila Real, 5 de Fevereiro
C.C. Olga Cadaval, Sintra, 12 de Fevereiro
Mazgani
Cine-Teatro Avenida, Castelo Branco, 6 de Fevereiro
Festival Às Vezes O Amor
Carlão – Teatro Aveirense, 13 de Fevereiro
Aurea – Fórum Municipal Luísa Todi, Setúbal, 14 de Fevereiro
Deixem o Pimba em Paz – Coliseu de Lisboa, 12 de Fevereiro e Coliseu do Porto, 13 de Fevereiro
GNR – Teatro Municipal de Vila do Conde, 12 e 13 de Fevereiro
Jorge Palma – Centro Cultural e Congressos, 14 de Fevereiro
Salvador Sobral – Convento de São Francisco, Coimbra, 14 de Fevereiro
Luísa Sobral – Cine-Teatro Paraíso, Tomar, 13 de Fevereiro
Moonspell – Cine-Teatro Avenida, Castelo Branco, 13 de Fevereiro
Paulo Gonzo – Teatro Virgínia, Torres Novas, 13 de Fevereiro
Sara Tavares – Teatro Sá da Bandeira, Santarém, 13 de Fevereiro
Tiago Nacarato e Bárbara Tinoco – Teatro José Lúcio da Silva, Leiria, 13 e 14 de Fevereiro