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O ritual futurista de The Weeknd em Portugal

O ritual futurista de The Weeknd em Portugal

Redacção
João Padinha [EIN]

The Weeknd trouxe a Portugal mais uma das grandes produções musicais de 2023, proporcionando uma experiência inesquecível a quem passou pelo Passeio Marítimo de Algés. Se isto é o “enterro” de “The Weeknd”, foi uma bela despedida, Abel!

[NR: Não foi permitida à Arte Sonora a habitual captação de imagens]

Praticamente 20 anos depois de Abel Tesfaye a.k.a. The Weeknd se ter estreado em Portugal no Primavera Sound do Porto em 2012, à data, um ilustre desconhecido do grande público, sem álbuns e em formato “banda”, tendo apenas editado o seu disco de estreia em 2013, “Kiss Land” e seis anos depois do concerto bem executado, mas insonso, no NOS Alive, The Weeknd regressou finalmente ao nosso país. E a evolução é gigante!

Foi no dia 7 de Junho que arrancou no Passeio Marítimo de Algés a segunda “leg” da tour “After Hours Til Dawn” que celebra o álbum “After Hours”, editado em 2020 e de onde saiu o mega single “Blinding Lights” (eleita a música que mais tempo liderou o topo da Billboard Hot 100, ultrapassado o hit “The Twist” de Chubby Checker, de 1960), bem como o aclamado pela crítica, “Dawn FM”, lançado em Janeiro de 2022.

O Palco e o Sítio

Ao som de Mike Dean e Kaytranada fazia-se a entrada de mais de 60 mil pessoas (números do promotor Everything Is New) no já conhecido Passeio Marítimo de Algés. À entrada eram distribuídas umas pulseiras luminosas com o mesmo sistema de Coldplay. Quando chegamos ao recinto fica-se estupefacto com o gigantesco palco, ao fundo a cidade à lá “Metropolis”, uma “língua” extensa que culmina com uma figura central, uma estátua gigante de um robô fêmea, que gira sobre si, a musa inspiradora de Weeknd, a quem é prestada veneração durante todo o concerto e, no fundo, uma lua gigante compõe o cenário espectacular do espectáculo (permitam-nos a redundância). A estátua é uma peça do artista japonês Hajime Sorayama, influenciado também pela referência do filme “Metropolis” de 1927.

 

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Mas há um senão… um palco e uma produção destas teriam sido fantásticos se todos os presentes pudessem ter desfrutado desta experiência futurista que The Weeknd (e a sua equipa) preparou ao pormenor. Claramente, o Passeio Marítimo de Algés não é o local adequado. Podemos afirmar que grande parte dos presentes não conseguiu ver o que se passava em palco, e os que viram foi através de ecrãs verticais. Faltou um estádio à semelhança dos Coldplay, ou um espaço com bancadas, que poderiam ter proporcionado a envolvência ideal… até o efeito das pulseiras luminosas se perdeu, sendo apenas um acessório do espectáculo e não um ponto imagético a favor como nos já referidos Coldplay. Sobre acessos, quase que se torna redundante falarmos na dificuldade que é a chegada e a saída do espaço. Uma greve da CP tornou a chegada a casa num pequeno inferno. Esperamos ansiosamente pelas prometidas passagens áreas há muito faladas pela Câmara Municipal de Oeiras. Há também a questão muito apontada da acústica do espaço, mas neste caso, nada a apontar: som com volume alto o suficiente, boa definição e projecção.

O ritual branco

À hora marcada ouviam-se os primeiros acordes “Take My Breath”, e centenas de telemóveis em riste registavam a entrada triunfal de várias figuras vestidas de branco prestando veneração à deusa robótica e à lua, que durante todo o concerto deambularam pelo palco. Durante grande parte da primeira hora, The Weeknd apresentava-se de máscara, fazendo lembrar MF Doom, rapper inglês. Pouco visíveis e misturados no cenário, estava a banda fenomenal que Abel trouxe consigo, e menos não seria de esperar… Batidas fortes, solos de guitarras e teclados majestosos, deram brilho ao foco principal que é naturalmente, Abel Tesfaye. 

Simpático, divertido e comunicativo, Abel agradeceu e elogiou o público português, fazendo vários trocadilhos com as letras das canções usando “Lisboa” e “Portugal”, prometendo não estar tanto tempo sem voltar. «Adoro-vos! Vamos divertir-nos durante duas horas.»

E foram duas horas com os grandes hits que tornaram The Weeknd uma estrela planetária e um dos artistas mais ouvidos nas plataformas de streaming, como “Starboy”, “Can’t Feel My Face”, “I Feel It Coming”, “Die for You” e naturalmente o mega “Blinding Lights” com o público em êxtase total.

“Out of Time”, a música que The Weeknd revelou ser a sua favorita de “Dawn FM” e estando no seu top10 das melhores canções de sempre, não foi recebida assim com tanto entusiasmo por parte da plateia. Mas foi com “The Hills” que a temperatura aumentou ficando o cenário da metropolis coberto de chamas e destaque, ainda, para outro momento visual fenomenal com “I Was Never There”, onde feixes de luz na vertical apontavam para o céu, rodeando a musa prateada, num verdadeiro ritual distópico.

Previa-se chuva e no início parecia que iria estragar a noite, mas chegou apenas com mais intensidade para um final apoteótico com o encore onde se ouviu “Double Fantasy”, “Creepin’ (Metro Boomin cover)” e “Popular”.

Este foi um regresso triunfal de The Weeknd a Lisboa! Se esta tour significa mesmo o fim do nome “The Weeknd”, como sugeriu recentemente o artista, foi um funeral feliz e memorável. Mas só o futuro comprovará qual será o caminho escolhido a partir de agora de Abel Tesfaye.

Setlist

Take My Breath
Sacrifice (Swedish House Mafia remix)
How Do I Make You Love Me?
Can’t Feel My Face
Lost in the Fire (Gesaffelstein cover)
Hurricane (Kanye West cover)
The Hills
Often
Crew Love (Drake cover)
Starboy
House of Balloons / Glass Table Girls
Heartless
Low Life (Future cover)
Reminder
Party Monster
Faith
After Hours
Out of Time
I Feel It Coming
Die for You
Is There Someone Else?
I Was Never There
Wicked Games
Call Out My Name
The Morning
Save Your Tears
Less Than Zero
Blinding Lights

Encore:
Double Fantasy
Creepin’ (Metro Boomin cover)
Popular