O Sol da Caparica é o festival que todos os anos leva o melhor da música portuguesa e lusófona à Costa da Caparica. A edição de 2022 decorreu sem nenhum incidente de maior, no entanto com muitas críticas por parte do público e artistas.
O Festival Sol da Caparica decorreu de 11 a 15 de Agosto na Costa da Caparica. Segundo a organização e o promotor Grupo Chiado, a edição de 2022 teve a «maior lotação de sempre: 150 mil pessoas em cinco dias.»
Zahir Assanali, CEO do Grupo Chiado, fez um balanço muito positivo desta 7.ª edição do festival: «Criámos 700 postos de trabalho, o turismo local esgotou e contámos com mais de 100 artistas.»
Apesar de uma enchente e de ter decorrido sem incidentes de maior gravidade, muitos foram os artistas a denunciaram as más condições técnicas, falhas na organização, concertos cancelados, horários alterados sem anúncio prévio, entre outras queixas.
Miguel Ângelo, dos Delfins, foi das primeiras vozes a mostrarem o seu desagrado: «Ontem foi um dia estranho… Percebia-se, desde manhãzinha cedo, no ensaio de som, que as questões técnicas e práticas do palco Free Now n’O Sol da Caparica estavam muito aquém do que é necessário para um festival com esta dimensão… As comunicações foram sempre tardias em relação à preparação do concerto e agora tentava-se que todos os artistas em cartaz conseguissem ajustar as coisas da melhor forma, face aos horários muito apertados, tendo em conta a boa vontade e o “espírito dos festivais”. Às vezes é suficiente, outras vezes não… O cancelamento após duas canções e meia do início do meu (des)concerto ontem à noite – depois de um atraso de 3h (estava previsto às 21.20h e entrei em palco às 00.17h…) – e o consequente cancelamento da actuação do @thelegendarytigerman foram inevitáveis devido à instabilidade da corrente eléctrica (o meu apagão ocorreu a meio do Sou como um Rio).»
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Como explica o músico, o concerto de Legendary Tigerman acabou por ser cancelado, depois do festival estar com três horas de atraso. No primeiro dia também a actuação de Dj Burutuma foi cancelada.
Os Quatro e Meia não esperaram pelo fim do concerto ou para fazer um comunicado nas redes sociais, e ainda em cima de palco mostraram um forte desagrado em relação às condições que encontraram: «Esta noite estamos aqui em cima do palco por vocês porque pagaram bilhetes. Acabou-se o politicamente correto! Não brincam mais connosco.»
O que aconteceu na actuação dos Karetus demonstrou essas mesmas falhas de segurança que se sentiram durante todo o festival. Houve um desabamento das baias de segurança e um extintor foi disparado, segundo relatos, por um individuo do público.
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O momento em que a grade do Sol da Caparica foi com o crlh, nos Karetus 😭😭😭 pic.twitter.com/JcfSpqqiY9
— Rúben (@Broa___) August 14, 2022
Uma das mais insólitas reclamações pelo tratamento dado aos artistas veio de vmbeatz (que não estava presente no cartaz) que denunciou o comentário de um dos responsáveis pela organização do festival dado ao seu post em relação ao concerto dos colegas de profissão, Karetus. Segundo uma publicação no seu Instagram, Rui Campos Pires terá respondido: «continua a chupar pilas aos teus amigos realmente artistas. Já que tu não tocas em lado nenhum de jeito.»
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Também o público que lá esteve deixou inúmeras críticas à organização nas redes sociais. Logo no primeiro dia, as portas abriram mais de 1 hora depois do programado, fazendo com que enormes filas se registassem. O promotor lamentou o sucedido, alegando razões de segurança como causa do atraso. Vários relatos de sobrelotação dos palcos, falta de água e comida, entre muitas outras críticas foram deixadas nas redes sociais do festival:
«Uma vergonha terem trocado os horários em cima da hora. Que falta de respeito para com os artistas e para quem comprou os bilhetes. Vergonhoso.»
«Notou-se bem a inexperiência ou ineficácia de quem organizou este festival. Grupo Chiado.
Em primeiro lugar, todos os dias eram alterados os horários e mudança de palcos…
Em segundo lugar, o palco principal estava tão baixo que a maior parte dos concertos quem estava lá atrás, no meio e até mesmo alguns pontos na frente de palco não conseguia ver, apenas ouvir, e mesmo ouvir só de frente ao palco porque quem assistiu aos concertos nas partes laterais do palco o som não chegava… Em terceiro, o som estava péssimo em todos os palcos; principalmente no palco secundário o Free Now ao ponto de não se conseguir perceber as músicas… Atrasos e mais atrasos nas entradas do palco e imensa demora para trocar os instrumentos e etc. de cada artista ao ponto de demorar cerca de 30 minutos… Falta de WCs. Falta de pontos de água, etc. etc…
Os únicos pontos positivos, o lugar de excelência de @OSoldaCaparica-Festival. Câmara Municipal de Almada. Em segundo, a seleção dos artistas para o cartaz… Em terceiro, os camaramen do palco principal com rigor e com profissionalismo em que a RTP. Passou transmitido na íntegra a maior parte dos concertos do palco principal, e de enaltecer as imagens do público no palco principal…
«Desde falta de local especifico para deficientes, à estupidez de haver stand da Refood e de não se a poder entregar a comida que ficava retida nas entradas, tudo para o lixo. Numa altura destas, fazia todo sentido a entrega à Refood.»
«Concerto que se realizou 7h antes do que fora anunciado!! 7horas!! A quem perdeu o concerto pela vossa tremenda incompetência e absoluta falta de comunicação acerca desta alteracao de horários como pensam agir? Nao vi sequer um pedido de desculpa por estas alterações em cima da hora . Já não irei mais a este festival.»
«O som do Jose Cid está ao nível doscarrinhos de choque da feira . Tristeza!!!»
A organização d’ O Sol da Caparica não fez qualquer comunicado oficial em relação às críticas apontadas. Em entrevista à NIT, Zahir Assanali admite algumas falhas, mas desvalorizou: «As pessoas que comentem o que quiserem.»