PORTO/POST/DOC lança programa completo
Já está disponível o programa completo para a décima-primeira edição do Porto/Post/Doc – Film & Media Festival.
O evento, que decorre na cidade do Porto entre os dias 22 e 30 de novembro, tem como tema, este ano, “A Europa não existe, eu estive lá”. Uma frase-provocação que se traduz num programa de sete filmes de ontem e de hoje, oriundos de extremos geográficos e que convocam o pensamento desses realizadores sobre como o cinema retratou, e muitas vezes antecipou, as soluções e superação da Europa para as suas piores crises humanitárias. A complementar este programa, duas conversas: “Europa procura-se”, com Ana Gomes e Dima Mohammed; e “Ideias para um futuro presente” com Luísa Semedo, Orfeu Bertolami e Wandson Lisboa. Inserido no Programa temático “A Europa não existe, eu estive lá”, o filme “A Paixão de Joana D’Arc” de Carl Theodor Dreyer será exibido em formato cine-concerto, com uma criação original do músico e produtor Alex Fx.
Na programação de cruzamento com a música, a destacar as passagens do documentário-generativo sobre o incontornável Brian Eno, a docuficção sobre os americanos Pavement, a visita à história de sucesso dos Abba, o olhar sobre a carreira do ícone queer Peaches, o registo da gravação de disco a solo de Lee Ranaldo e os cruzamentos entre realpolitik e cultura de Soundtrack to a Coup D’Etat. Podes ler aqui em pormenor a programação da secção Transmission.
Nas competições reflete-se a diversidade de linguagens e dispositivos do documentário contemporâneo. Na competição internacional, dez filmes autorais que transformam recortes da realidade em cinema, entre olhares políticos, análises sociais contundentes e experimentação. Em estreia nacional, poder-se-á ver, entre outros, o mais recente filme de Albert Serra (“Afternoons of Solitude”); o regresso de Ben Rivers ao festival, com “Bogancloch”; o exercício de emancipação feminina pela arquitectura de “E.1027 – Eileen Gray and the House by the Sea”; a revisita aos conflitos entre Irlanda no Norte e Reino Unido em de “The Flats”; e o filme-ensaio de Aura Satz onde se cruzam nomes como Kode9, Moor Mother, Khalid Abdalla e Arturo Escobar (“Preemptive Listening”).
Espalhada por continentes e contextos diversos, a produção em língua portuguesa presente nesta edição da Competição Cinema Falado reflete sobre si mesma, sobre a natureza e a história para compor um mosaico complexo de narrativas cinematográficas da lusofonia contemporânea. Anti-heróis, histórias apagadas, traumas familiares e memórias de guerra cruzam-se nos doze filmes selecionados, com realização de Pierre-François Sauter, Margarida Assis, Maria Trigo Teixeira, Carlos Yuri Ceuninck, Inadelso Cossa, Priscilla Brasil, Alexandra Ramires, Laura Gonçalves, Filipa César, Marinho de Pina, Luciana Fina, Tânia Dinis e Emilio Fonseca.
Em foco no festival, a obra de Salomé Jashi, que retrata a Geórgia através da micro-história e da poética do quotidiano, focando-se em pessoas comuns, lugares esquecidos e a relação entre espaço e tempo, utilizando planos fixos e um rigor formal que convida o espectador a imergir nas nuances e história de um país em constante tensão com a vizinha Rússia.
Fruto do extenso trabalho de colaboração com agentes do cinema e da cultura a operar em território nacional, o programa do festival integra ainda um programa sobre o documentário contemporâneo japonês, em parceria com o Centro de Arte Moderna da Gulbenkian e com curadoria de Julian Ross (“Engawa”); um ciclo de produções e coproduções suíças nomeadas ou premiadas no European Film Awards (“Tour d’Europe”); uma seleção de propostas com curadoria da “Cinémathèque idéale des banlieues du monde” projeto idealizado por Alice Diop; e uma seleção de filmes que nos impele a descobrir o lugar do cinema espanhol contemporâneo, com curadoria de Miquel Escudero Diéguez (“Mostra Espanha”).
Num festival que quer refletir ainda sobre outros espaços do audiovisual, nota para o programa Fabrico em Série, dedicado a estudantes de Cinema, com presenças de Adrienne Frejacques, diretora de programas do canal ARTE, e Vincent Poymiro argumentista da série Le Monde de Demain; e o 180 Media Academy – programa do Canal180 que reúne profissionais de diversas áreas criativas com o objetivo de refletir e repensar a cultura e os media.
A edição 2024 do Porto/Post/Doc contará ainda com uma secção infanto-juvenil, com propostas direcionadas a escolas, e um programa famílias a ter lugar a dia 23 de novembro, a partir das 15h00 no Batalha Centro de Cinema; assim como um programa dedicado a jovens e adolescentes (Docs4Teens). De regresso este ano estarão também as sessões imersivas no Planetário do Porto.
Toda a programação pode ser consultada em www.portopostdoc.com.