Rastreio Gratuita: Regresso aos Palcos Revela Patologias da Voz dos Artistas Escondidas Pelos Confinamentos
Os rastreios da voz que irão decorrer no Hospital Egas Moniz, entre 11 e 14 de Abril, dirigem-se à comunidade artística, mas também estão abertos a toda a população de forma gratuita.
O rastreio do Dia Mundial da Voz, a 16 de Abril, desenvolvido pela GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas tem este ano uma preocupação adicional: os músculos do aparelho vocal de atores e cantores estiveram inativos durante longos períodos, o esforço de projeção de voz causado pelas máscaras criou disfonias que os concertos e as peças desta primavera estão a revelar. «É essencial que os profissionais da voz façam rastreio!», alerta Clara Capucho.
Muitos artistas portugueses estão a sentir défices de performance de voz no regresso aos palcos que, em todo o país, se está a verificar nesta primavera: disfonias, dificuldade para emitir a voz, rouquidão, falta de volume e projeção e, em certos casos, neoplasias potencialmente malignas. Na semana em que assinala o Dia Mundial da Voz, a 16 de Abril, a Fundação GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas e o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental irão promover, entre 11 e 14 de Abril, rastreios da voz gratuitos dirigidos à comunidade artística para despistar os casos mais graves.
«Há muitas patologias que estiveram mascaradas durante o confinamento e que se revelam agora com a exigência do regresso aos palcos», afirma Clara Capucho, otorrinolaringologista especializada na voz artística, coordenadora Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. «Estamos a acompanhar artistas que, entre muitos espetáculos que estão a dar, se debatem com problemas de desempenho da voz: os músculos do seu aparelho vocal estiveram inativos durante muito tempo, usaram máscaras durante períodos prolongados e, alguns deles, desenvolveram patologias que têm de ser tratadas e acompanhadas.»
A médica, que é conhecida no meio artístico como a “Dra. Voz”, apela aos cantores e atores profissionais que não sujeitem a sua voz a súbitos acréscimos de exigência sem antes fazerem um rastreio às condições em que esta se encontra depois de dois anos com períodos de inatividade devido à pandemia da Covid-19. «É fundamental para cada artista fazer o rastreio da sua voz e manter a vigilância aos sinais», afirma Clara Capucho. «O aumento do esforço para a emissão vocal provocado pelas máscaras continua a criar tensões musculares na zona cervical, nos ombros e no próprio aparelho vocal que estão a provocar, em certos casos, graves prejuízos na voz.»
Os rastreios da voz dirigem-se à comunidade artística, mas também estão abertos a toda a população de forma gratuita. Irão decorrer na Unidade da Voz do Hospital Egas Moniz entre as 9:00 e as 17:00, mediante inscrição prévia no site da Fundação GDA.
A iniciativa irá assinalar o Dia Mundial da Voz 2022 – 16 de abril, sábado – este ano em Portugal sob o lema “Ergue a tua Voz”. Nesse dia serão apresentadas as principais conclusões do inquérito realizado aos cooperadores da GDA para avaliar os níveis do desconforto vocal e os efeitos das máscaras anti-Covid-19 na voz dos artistas em Portugal.
«Agora que estamos finalmente a virar a página da pandemia, com os artistas a regressarem aos palcos, importa perceber porque é que existe algum desconforto vocal e ajudar a preservar o principal instrumento de trabalho de muitos artistas: a voz», afirma Luís Sampaio, vice-presidente da GDA. «A GDA apela à comunidade artística para participar neste rastreio coordenado pela Professora Clara Capucho. Este rastreio, para além de detetar eventuais patologias, é também um momento em que são aconselhados exercícios vocais para manter a voz saudável e apta para as exigências do mercado de trabalho.»
A GDA é a entidade que em Portugal gere os direitos de propriedade intelectual de músicos, atores e bailarinos. A Fundação GDA é o seu meio de ação para valorizar o trabalho dos artistas e promover o seu desenvolvimento humano e cultural e a sua proteção social.