Skunk Anansie em Lisboa: A Agressividade Sonora da Aranha Permanece Intacta
Os Skunk Anansie têm novo álbum na calha, “The Painful Truth”, pretexto mais que suficiente para justificar um regresso a Lisboa e ao Porto, para dois grandes concertos que decorreram a 28 de fevereiro no Coliseu Porto AGEAS e a 1 de março no Sagres Campo Pequeno.
Anansi, o primeiro homem-aranha e uma das figuras mitológicas mais icónicas da África Ocidental, é mestre da astúcia e da inteligência, um contador de histórias que tece narrativas tão afiadas quanto as suas teias. Em Lisboa, os Skunk Anansie continuam a evocar esse espírito, mantendo-se astutos no som que produzem e ferozes nas mensagens que transmitem. Com temas cada vez mais políticos, seguem contando histórias que desafiam e provocam.
Skin trouxe consigo essa energia crua e visceral, mostrando que, tal como Anansi, continua a romper convenções e a dominar o palco com uma presença imponente. Entre fúria, emoção e hinos de resistência, Lisboa foi palco de um concerto que reafirmou uma certeza: a agressividade sonora da aranha não só permanece intacta, como continua a picar com força.
Antes de testemunharmos o furacão que, 30 anos depois, ainda está ativo, assistimos à força do Ignorant Brat Pop de So Good. O grupo irreverente britânico, que ainda não tem um álbum editado, entregou-nos a sua fúria divertida, cantada por um trio feminino com muita atitude. No palco, não passaram despercebidas ao público que começava a chegar, com gritos de rebeldia e coreografias provocadoras. “If I Had A”, “Hate”, “I Hate It Here” são boas amostras da força do projeto, que certamente tem potencial para fazer o seu caminho com sucesso. Go girls!
Os Skunk Anansie são uma das bandas internacionais mais queridas em Portugal, e mais uma vez uma multidão de fãs reuniu-se para cantar sucessos como “Because of You”, “Hedonism“, “Secretly“, “Charlie Big Potato”, “Weak” ou “Follow Me Down”, esta última interpretada em formato acústico.
E há pelo menos duas certezas sempre que assistimos a um concerto dos Skunk Anansie: a primeira é que Skin continua a ser a vocalista que qualquer banda adoraria ter, carismática, com uma voz que desafia o tempo, um animal de palco; e a segunda é que o quarteto nunca falha nos seus concertos, tornando sempre a experiência memorável, justificando plenamente o investimento que os fãs fazem para vê-los ao vivo.
Mas, Skin, Ace, Cass Lewis e Mark não querem viver apenas de hits do passado e ainda têm uma palavra a dizer neste mundo tão mergulhado no abismo. Nas palavras de Skin: «Se descansares sobre os teus louros, definharás e morrerás artisticamente, musicalmente, mentalmente. E depois financeiramente.» “The Painful Truth” é o sétimo álbum dos Skunk Anansie e o primeiro a ser lançado em 9 anos e que será editado em breve. Em Lisboa, ouvimos as novas malhas “An artist is an artist”, “Animal” e “Cheers”.
Durante o concerto, Skin destacou a urgência de combater o fascismo e defender os direitos das comunidades vulneráveis, como a comunidade transgénero… e sim “It’s fucking political”. Ao baú foram ainda sacar uns tesourinhos como “It takes blood and guts to be this cool but i m still just a cliche” e “Intellectualise My Blackness”.
Os Skunk Anansie estão longe de se tornarem uma relíquia do passado. Ao contrário, continuam a ser uma força pulsante e relevante, desafiando as convenções e exigindo uma reflexão sobre o mundo ao nosso redor. Longa vida aos Skunk!”