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Stream-Ripping na Base do Problema Global da Pirataria Musical

Stream-Ripping na Base do Problema Global da Pirataria Musical

Redacção

Os que achavam que plataformas como Spotify ou Deezer iam acabar com a pirataria… enganaram-se. A pirataria não terminou, nem diminuiu, apenas mudou de forma. O YouTube continua a ser o serviço legítimo mais explorado por ‘stream-ripping’, seguindo-se o Spotify e o SoundCloud.

«O Spotify é a resposta à pirataria: a migração de milhões de fãs de música baseada na pirataria para uma plataforma legítima onde o seu consumo de música pode ser monetizado e os artistas que dedicam as suas vidas à criação de música podem finalmente ser pagos».

Sean Parker, co-fundador do Napster e investidor inicial do Spotify, sabia qual seria a venda mais forte para a empresa de Daniel Ek (patrão do Spotify) ao negócio discográfico, antes do lançamento da plataforma nos EUA em 2011. A verdade é que a aparente capacidade do Spotify em dizimar a popularidade da pirataria online há muito que é considerada um benefício B2B fundamental da plataforma – assim como uma justificação repetida para a continuação do seu nível gratuito em todo o mundo.

Mas será que a pirataria musical desapareceu realmente na era Spotify? Um novo relatório sugere que… Não!

O estudo (que podes ver aqui) foi conduzido pela empresa de monitorização de direitos online INCOPRO e descobriu que os sites de pirataria representam agora mais de 80% dos 50 sites de pirataria só de música mais populares no Reino Unido. A explosão no uso de pirataria em ‘stream-ripping’ no Reino Unido acontece numa altura em que o uso de sites de download BitTorrent (P2P) continua a diminuir significativamente.

O INCOPRO descobriu que nos 50 principais sites de pirataria de música no Reino Unido houve uma queda notável na proporção de sites BitTorrent em relação aos três anos anteriores – diminuindo de 14 para seis.

O relatório descobriu também que o sítio número 1 de pirataria no Reino Unido é o y2mate.com, que teve a maior utilização de todos os sites monitorizados. E, apesar da utilização global destes sites ter disparado nos últimos três anos, o volume real dos mesmos diminuiu significativamente. Isto, lê-se no relatório, foi possivelmente devido aos esforços da indústria contra estes serviços de ‘stream-ripping’, tais como o bloqueio do youtube-mp3.org no terceiro trimestre de 2017.

Estes serviços de ‘stream-ripping’ permitem aos utilizadores criar ilegalmente cópias offline de áudio ou vídeo a partir de plataformas como o YouTube, que continua a ser o serviço legítimo mais explorado por ‘stream-ripping’. O Spotify é agora o segundo serviço mais afectado, ultrapassando o SoundCloud que foi o segundo mais atingido nos últimos três anos. Deezer, Amazon Music e Tidal foram, entre as outras plataformas, as mais visadas.Simon Bourn, da PRS for Music, afirma que «este relatório mostra que a pirataria musical ainda está muito viva e em alta e que o ‘stream-ripping’ é agora responsável por uma proporção gigantesca do problema global da pirataria“, acrescentando que “os ‘streaming royalties’ representam agora mais de 20% do rendimento dos nossos membros e a popularidade desta actividade ilegal tem um impacto severo e directo nos ‘royalties’ que podemos cobrar por eles a partir de serviços legítimos».

Bourn promete que «serão tomadas todas as medidas possíveis para impedir a existência de serviços de ‘stream-ripping’, a fim de maximizar os royalties que recolhemos para os nossos membros e de assegurar que estes recebam uma remuneração justa pelo seu trabalho», mas deixa o apelo: «Esperamos também que outros que se encontram em posições de responsabilidade na economia digital, incluindo lojas de aplicações, plataformas de software e plug-in, redes de anúncios, YouTube e outros serviços licenciados, desempenhem os seus próprios papéis para impedir que estes serviços ilegais roubem música e privem os compositores e editores de música da sua recompensa legítima».

Andrea C. Martin, CEO da PRS for Music, reforça que «desde que esta investigação foi realizada, o mundo mudou para além do que qualquer pessoa poderia ter imaginado, devido à Covid-19“, pelo que a ausência prolongada de receitas de espectáculos ao vivo «significa que as receitas geradas em plataformas digitais legítimas são mais importantes do que nunca».

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