Técnicos em Luta: Caixas Negras Enchem Avenida dos Aliados
Um milhar de caixas negras de transporte de equipamento ocupou a faixa central da Avenida dos Aliados, no Porto, numa manifestação da Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE) contra o imperativo dos despedimentos provocados pela covid-19.
Abrangendo 170 empresas das cerca de um milhar que se estima operar no sector, com 3.500 trabalhadores diretos e 3.000 indiretos, a APSTE deu conta de que 20% delas já iniciou processos de despedimento por falta de liquidez, determinada pela paralisação associada à pandemia.
Depois de, a 11 de Agosto, se ter manifestado no Terreiro do Paço, em Lisboa, a APSTE instalou-se ontem, 9 de Setembro, ao longo da Avenida dos Aliados para uma segunda manifestação, agora de apoio aos associados do Norte do país e com uma motivação acrescida. “A nossa vinda ao Porto estava programada, pois temos muitos associados no Norte do país e faz todo o sentido também estarmos aqui por eles. Hoje vimos com mais motivação porque, de facto, não houve qualquer resultado da parte do Governo desde a nossa última manifestação“, disse Pedro Magalhães em declarações à agência Lusa.
O recente inquérito feito às empresas associadas, acrescentou o responsável, mostrou ainda que, da “facturação de 140 milhões de euros em 2019“, as empresas registam em 2020 “cerca de 80% de perdas“.
Neste cenário, os responsáveis querem o “regresso do lay-off simplificado“, em vez da medida de apoio à retoma determinada pelo Governo e que Pedro Magalhães classificou de “descabida“, não apenas por a “retoma não estar a acontecer“, mas também pelos custos associados e que, explicou, “obriga as empresas em Agosto e Setembro a fazer regressar à empresa todos os colaboradores, pagando-lhes 30% do salário e ainda a Segurança Social“. “Acresce que em Outubro a situação vai agravar-se, pois obriga-nos a pagar 50% do salário“, lamentou.
Antes da manifestação, os representantes da APSTE foram recebidos pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, gesto que os “deixou muito sensibilizados“.
“Sentimos que a cidade nos acolheu de uma forma extraordinária. Contámos-lhe as nossas preocupações, apesar de não serem competência da autarquia, e ele percebeu a nossa luta“, sublinhou Pedro Magalhães.
A APSTE vai agora ser recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sexta-feira, dia 11 de Setembro.
Vê aqui a galeria de imagens da manifestação na cidade do Porto: