Viriatada Agosto: The Dirty Coal Train, Time For T, Grutera e Lavoisier com Vinicius Terra
The Dirty Coal Train e Grutera divulgaram singles de avanço dos novos álbuns que irão sair ainda em 2020. Time For T editou um novo EP e Lavoisier e Vinicius Terra celebram a colaboração lusófona com videoclipe para “Máscaras de Azulejo”.
“One Trick Pony” é o primeiro single de “Dirty Coltrane Volume I e II“, para além de ser o tema que abre o novo disco. Neste tema, os The Dirty Coal Train assumem mais uma vez o seu gosto pela simplicidade garage punk e expressam-no nessa carta de amor que é o tema: “I’m a one trick pony with a broken leg“. Ou seja, embora a banda não seja quadrada de ouvido nem nas criações (como este álbum onde há uma versão de um clássico free jazz evidencia uma vez mais), vêm afirmar a plenos pulmões: «Somos autodidatas com limites nos nossos conhecimentos musicais e fazemos temas inteiros com um acorde e ritmos do costume» a par de um «e adoramos isso». É uma carta de amor aos Ramones, aos Dead Moon, aos Cramps, aos Half Japanese, … como tantas outras cartas que se lêem nas entrelinhas dos temas anteriores da banda na procura do seu novo som mas sempre com o pezinho no passado a impulsionar o novo salto no escuro. Não será essa a fórmula do progresso do rock desde que bebeu na pia baptismal do blues?
Depois de um álbum duplo cheio de convidados, “Portuguese Freakshow”, e um álbum em trio gravado “ao vivo em estúdio” no Brasil, “Primitive”, os The Dirty Coal Train voltam a baralhar cartas e a dar novamente. Para começar, assinam o disco novo como Dirty Coltrane, tal como faziam no início da banda, voltam a esta assinatura no ano em que celebram 10 anos de projecto. Depois parece que reduziram os convidados nas gravações para centrar grande parte da instrumentação no duo Ricardo e Beatriz. Espalharam as canções de “Dirty Coltrane Volume I e II” por uma edição em LP de vinil + CD ou uma edição limitada em LP de Vinil + cassete.
Carrega no play para ouvir “One Trick Pony”.
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O novo EP “Simple Songs for Complicated Times“ foi um projecto espontâneo que começou numa caravana na floresta (perto de Lagos) durante a quarentena, devido ao COVID 19. Inicialmente, Time For T tinha pensado gravar um EP muito simples apenas com voz e guitarra mas acabou por pedir aos outros membros da banda e a alguns amigos que se encontravam em quarentena (entre Genebra, Lisboa, Madrid e Porto) para adicionarem as suas partes, porque cada um tinha a possibilidade de gravar em casa. Este projecto, inicialmente solitário, rapidamente se transformou num trabalho colectivo à distância. Com a tecnologia à disposição, conseguiram criar este EP e aprender uma nova forma de fazer música. «Engraçado como algo que começou de forma tão solitária e intimista, se transformou num trabalho colectivo e agora acessível para todo o mundo. O EP conta com as participações de Club del Rio (vozes em “Fire on the Mountain”), Juan Espiga e Cavalo 55 (coros e banjo em “Manteiga”), Monday, Junno e Margarida Falcão (coros em “Captivity”), Naima Lili e Mattia Corda (coros e tompete em “Best Behaviour”) e finalmente Andrew Stuart-Buttle (violino e baixo em “Qualquer Coisa”). A mistura ficou encarregue do nosso colaborador e amigo de longa data, Hugo Valverde, sempre disposto a entrar e a melhorar as nossas aventuras musicais.»
O EP “Simple Songs for Complicated Times” saiu dia 14 de Agosto de 2020 pela Street Mission Records. Uma mistura de canções em Português, Inglês e Espanhol, gravado um pouco por todo o lado.
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Dado o contexto atual e o facto de a música ser essencialmente uma forma de expressão ao vivo, Grutera adiou o lançamento do disco “Aconteceu” para 11 de Setembro. Esta decisão deve-se sobretudo ao facto de conseguir desta forma acompanhar o lançamento do disco com concertos ao vivo, perto de todos, ainda que possivelmente com as devidas distâncias de segurança, que serão consequência natural destes próximos novos tempos. «O adiamento do disco devido a toda esta pandemia, só me deu mais vontade de voltar a estar com as pessoas, nos palcos e por todas as terras por onde passamos para apresentar o nosso trabalho. Deu tempo para perceber que viver sem música não faz sentido, mas fazer música sem sentir o feedback das pessoas ao vivo também perde sentido. Continua a ser o mesmo disco, mas com uma carga emocional mais densa, porque sendo um disco sobre memórias e sobre pessoas que me são queridas, o facto de todo este distanciamento faz ainda com que o meu sentimento saudosistas venha ainda mais ao de cima. No fundo, penso que vai ser um desafio apresentar o disco ao vivo com todas estas restrições, mas também nos obrigará a reformular a forma como fazemos algumas coisa. Os próximos concertos servirão de warm up para um ano que eu espero que ainda venha a ter coisas muito boas. Porque a vida vai continuar, pode ser diferente, mas vai continuar e vai continuar a ser boa.»
Durante este período lançou uma página no Patreon onde entre Maio e Setembro vai partilhando tudo acerca deste novo disco ainda antes da sua estreia para todos aqueles que se quiserem tornar patronos. Nessa plataforma, disponibiliza semanalmente vídeos caseiros sobre tudo o que poderão ouvir no novo álbum “Aconteceu” – desde os ensaios, faixa a faixa dos novos temas, explicação de como foi o seu processo de composição, à história de cada um e ainda algumas tentativas de aulas online dos seus métodos de composição pouco ortodoxos, visto que nunca teve formação musical nem aulas de guitarra.
Em antecipação à edição de “Aconteceu“, Grutera lança agora o novo single “Para Mim És Assim”, um tema sobre quando pensamos que conhecemos alguém ainda sem a termos conhecido e idealizamos como será essa pessoa na nossa cabeça. As datas já marcadas onde poderás ouvir músicas do novo álbum são 5 de Setembro em Pombal, 11 de Setembro nas Clav Live Session em Guimarães e 25 de Setembro na Casa de Cultura em Setúbal.
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Depois de se terem juntado em “Versos Que Atravessam O Atlântico”, em 2013, o rapper brasileiro Vinicius Terra e e o duo Lavoisier voltaram em 2019 para uma nova colaboração entre Portugal e Brasil. “Máscaras de Azulejo” é a primeira faixa de Elxs Não Sabem a Minha Língua, o mais recente disco de Vinicius Terra, e que conta com Patrícia Relvas e Roberto Afonso como convidados. “Máscaras de Azulejo” tem agora videoclipe com direção e produção de Victor Fiúza, conhecido por ter dirigido “Ok Ok Ok” de Gilberto Gil e os documentários “Racionais MC’s: Uma História Musical” e “Quatro dias com Eduardo”. Este novo trabalho de Victor Fiúza conta com imagens colaborativas de vários artistas espalhados pelo mundo, uma iniciativa artística resultante da situação pandémica vivida. O realizador procurou ir buscar a essência do silêncio da mulher por intermédio da primeira imagem que há na cabeça de uma sociedade ainda patriarcal: o corpo.
Sobre a colaboração com os autores de “Miguel Torga por Lavoisier: Viagem a um Reino Maravilhoso”, o mais recente trabalho discográfico dos Lavoisier, o rapper brasileiro refere que «a guitarra do Roberto e a voz da Patrícia trouxeram o canto raivoso de uma sereia sufocada pelo lixo plástico nas profundezas do Atlântico. É desesperante e ao mesmo tempo lindo». Além de Terra e Lavoisier, a faixa tem a participação do beatmaker 2F U-Flow, que participou na sua produção, e do músico Gabriel Marinho, que assina a direção musical do disco.
Uma nova versão remasterizada de “Máscaras de Azulejo” já está disponível nas plataformas de streaming e pode ser ouvida aqui. O videoclipe pode ser visualizado aqui: