Vitorino, novo álbum a 1 voz e dois pianos
Vitorino regressa aos discos com “Vem Devagarinho para a Minha Beira – Voz e Dois Pianos” na companhia dos pianistas João Paulo Esteves da Silva e Filipe Raposo.
A ideia teve na sua origem a proposta pelo festival “Há Música no Trindade” que aconteceu no Teatro Trindade a 13 e 14 de Outubro de 2017, para um espectáculo inédito com arranjos originais, dois pianos, versões únicas e concebidas especialmente para aquela apresentação intitulada “O Amor é Cego e Vê”.
Antes dos concertos, o cantor do Redondo expressava a sua ansiedade para aquele tão ambicionado encontro entre amigos e pianistas de excepção: «Estar assim ao lado destes dois senhores é uma oportunidade muito singular. Vai saber bem pegar nas canções e ouvi-las com a arte destes dois grandes amigos.» Foram duas noites excepcionais numa viagem ao coração e à memória de um dos mais aplaudidos reportórios da canção portuguesa.
Nas palavras de Vitorino: «O meu Pai tinha um piano francês todo em madeira, onde os meus irmãos mais velhos praticavam, ensinados pelo maestro da banda filarmónica do Redondo. Encantei-me com o maravilhoso instrumento, e comecei a percebê-lo, concluindo que as teclas pretas eram diferentes em meio tom das teclas brancas. Meteu-se-me na cabeça tocar algumas pequenas valsas de F. Chopin, compositor preferido de púberes tontos de paixão pelas meninas mais velhas, que do alto da sua idade e sabedoria, olhavam para mim com estranheza e curiosidade. E assim, depois de ouvir até à exaustão a Waltz op. 64 nº 2 tocada por um senhor de cabelos brancos, mãos ossudas muito bonitas (Rubinstein), não descansei enquanto não estraguei completamente a valsa da minha adolescência, no piano francês, Aucher Freres, que ainda agoniza desdentado na sala de entrada da casa do Redondo. Tudo isto para vos dizer da admiração e amizade que tenho pelos maravilhosos pianistas João Paulo Esteves da Silva e Filipe Raposo e de como os admiro quando actuamos juntos. Amparam-me e são cúmplices dos meus devaneios de vocalista decadente tipo pós-romântico de Séc. XXI chego a comover-me porque como sabem,“eu comovo-me por tudo e por nada.»
Para Filipe Raposo, «este é antes de mais um encontro de amigos, e quando três amigos se encontram nasce também o desejo de partilha e de referências. Contam-se histórias que alimentam cada minuto deste encontro. Escutamos com atenção e tempo o que cada um tem para dizer. Escolhe-se um alinhamento, ensaiamos arranjos, encontramos um espaço para dois pianos e a voz do Vitorino. A música convida outros amigos que se juntam sem saber que os convidamos. Através dos poemas que cada canção evoca desenvolve-se também uma intimidade que nos obriga a despir preconceitos – de Mozart a Lupicínio, de Carlos Gardel a Vitorino, de Joni Mitchell a João Paulo Esteves da Silva e de José Afonso a Filipe Raposo. A cada nova escuta, velhos e novos amigos reunem-se uma vez mais. Claro que este encontro estaria incompleto sem a vossa presença.»
«Quando se tem em comum o modo de pensar a harmonia – neste caso “pensar” quer dizer “ouvir” – é possível abordar os assuntos mais espinhosos, que ninguém se zanga; pelo contrário, as eventuais discórdias serão motivo de alegria. É o que se passa connosco. O Vitorino, o Filipe e eu pensamos a mesma harmonia. Quer dizer, ou vemos o mesmo mundo ou, quando vemos mundos diferentes, tiramos um real prazer das diferenças. A partir daqui, os restantes aspectos da música (e da vida) vêm por acréscimo e será altamente improvável que soemos mal se decidirmos tocar, cantar e gravar juntos. Aqui está este disco a dar-me razão.», conta João Paulo Esteves da Silva.
No player em baixo podes ouvir na íntegra “Vem Devagarinho para a Minha Beira – Voz e Dois Pianos”