Deau: “cada vez mais se vê artistas com qualidade” no hip-hop
No início de Maio vais poder ouvir o segundo trabalho de estúdio do rapper nortenho, mas para já Deau vai apresentar cerca de metade do disco este sábado, dia 21, às 22h30, na Casa da Música.
A comemorar os 10 anos de carreira (foi em 2005 que pisou um palco pela primeira vez, no Hard Club), o rapper revela, em entrevista à Arte Sonora, os pormenores da gravação do novo álbum de originais assim como o que se pode esperar do concerto de pré-apresentação. David Francisco, o seu nome verdadeiro, não esconde a alegria que é estar a pisar o palco da Casa da Música, pela sua importância a nível nacional. O novo disco sucede a “RetiEssências”, de 2012, e já conta com um single de avanço, “Diz-me Só” com Bezegol (e versos de Alexandre O’Neill), e o primeiro tema a ser revelado “Andorinha”.
Em 2015 comemoras 10 anos de carreira. Qual é a retrospectiva que fazes desta década?
Uma retrospectiva positiva! Felizmente as coisas correram-me no bom sentido e acho que é o colmatar de algumas rimas que tenho vindo a trabalhar com pessoas que prezo. Em 2005 foi a primeira vez que estive em palco, no Hard Club, e aos 18 anos fiz uma música que tinha uma rima: “A minha ambição na vida é uma coisa única, fazer música de rua e levá-la à Casa da Música”. E finalmente estamos a levá-la, o que é óptimo! É a realização de um sonho.
Já conseguimos ouvir uma música de hip-hop numa telenovela, numa rádio
E durante estes 10 anos, qual foi o percurso do hip-hop português?
Acho que tem sido óptimo porque cada vez existem mais portas abertas, cada vez mais se vê artistas com qualidade, com respeito pelo que foi feito e sobretudo a criar um bom futuro, um bom caminho…
Mas consideras que o hip-hop é uma moda ou mais mainstream do que era antigamente?
Não considero uma moda. Considero que chegou a mais pessoas, que já conseguimos ouvir uma música de hip-hop numa telenovela, numa rádio, numa televisão, o que anteriormente não era muito usual. Hoje isso torna possível que esses artistas cheguem cada vez mais longe, o que se torna importante. E também artistas portugueses a marcarem presença em festivais. Não acho que seja uma moda. Acho que é um crescimento, uma tendência normal das coisas.
Cheguei a mais gente mas não perdi as pessoas que tinha
Quanto ao teu público, notaste alguma diferença das pessoas que te ouviam há dez anos e que te ouvem agora?
Sim, é completamente diferente! As pessoas cresceram, algumas pessoas continuam, outras seguiram outros caminhos, vieram novas… hoje em dia sinto que consegui manter um certo tipo de público e que não os perdi, o que para mim é óptimo. Cheguei a mais gente mas não perdi as pessoas que tinha.
Passemos agora ao teu novo trabalho de estúdio. Como é que foi o processo de gravação?
Continuo a trabalhar com o DJ D-One, produtor com quem trabalhei no primeiro disco. Começamos a trabalhar juntos desde o início, é ele quem está a fazer as gravações, e trata das co-produções, dos instrumentais. Trabalhei também o DJ Player, na fase inicial da produção do disco, e com o Expeão [Andorinha] e arranjos musicais com artistas convidados.
É o concretizar de um objectivo que tive em criança
E em que estúdio foi gravado?
O quarto do Diego [DJ D-One], em casa dele [risos], tal como gravei o primeiro disco. Gravei o primeiro lá… não é um estúdio. É um home studio!
Em termos de processo de gravação houve alguma diferença entre o álbum de 2012 e o que agora vais lançar em 2015?
Sim, talvez a parte de termos mais material, o que foi possível obter através do primeiro disco e os arranjos musicais mais polidos, nesse aspecto.
Se fosses comparar os dois álbuns, quais seriam as principais diferenças?
Inicialmente estava mais preocupado em me afirmar no movimento e introduzir-me. Nesta fase em que as pessoas já conhecem uma parte de mim, há uma continuidade. Novas experiências, novas ideologias, novas formas de estar… o que foi o impacto do primeiro álbum na minha vida. Vai ter estas temáticas.
Quanto ao concerto de pré-apresentação, o que vai acontecer?
Vou adiantar cerca de metade do meu próximo disco. Vou tocar 50% das músicas novas e contar com a participação de alguns convidados. Essencialmente é isso!
E o que significa actuares na Casa da Música?
É um balanço positivo ao fim destes 10 anos. É o concretizar de um objectivo que tive em criança. Uma coisa um bocado naif que se está a tornar possível. Vamos à Casa da Música como fruto do nosso esforço e resultado do nosso trabalho. É um bocadinho o concretizar dos nossos objectivos.