THE MEN: De “Immaculada” a “New Moon”
Os The Men não estão quietos e gravaram 4 álbuns em 4 anos! Nick Chiericozzi, uma das guitarras e vozes dos punks de Brooklyn, esteve à conversa com a Arte Sonora.
Volta e meia, há quem afirme que o rock está morto. Volta e meia, há quem diga que o brilhantismo do género há muito se perdeu e o que temos hoje são apenas efémeros reflexos vislumbrados à passagem dos tempos. E volta e meia, esses reflexos têm nomes como os The Men. Nick Chiericozzi [voz, guitarra] contou-nos como se faz um álbum de The Men.
Quando uma banda edita 4 álbuns em 4 anos, isso é reflexo de uma criatividade “furiosa” no seu trabalho ou uma resposta à exigência actual, por parte do mercado, de constante exposição?
Parece que os álbuns e as canções simplesmente “vêm ter” connosco. O nosso objectivo principal, enquanto banda, é tocar ao vivo e escrever boas canções. “Esta canção é boa?”. Guiamo-nos por isso.
Mas sendo tão activos e com o acréscimo de atenção do público e dos media sobre o vosso trabalho há alguma pressão adicional para a banda [na escrita ou em não se “venderem” aos olhos dos fãs mais antigos]?
Há muitas possibilidades. Penso que acabas sempre por te “vender”, em certa medida, aos olhos de alguém. É algo inadiável e uma inevitabilidade. Se testemunhas os primeiros concertos de uma banda e essa banda fica junta, através de digressões e edição de vários álbuns, é bastante possível que possas dizer: “Eu conhecia-os quando…”. E a tua abordagem a eles difere da maioria das pessoas que os ouvem posteriormente. Tornas-te o “outsider”. A banda está apenas a fazer a sua cena. Nós estamos a fazer a nossa cena e queremos passar tempo contigo na tua cidade.
Penso que a nossa abordagem é abusar da experimentação nos álbuns e nos concertos acelerar e elevar um pouco as coisas
De certa forma cada um dos quatro álbuns mostrou novas coisas. Como atingiram um ponto em que buscaram um “sabor” folk com o uso da harmónica em “New Moon”? Podemos perceber, por algumas declarações, que vocês andaram a ouvir bastante Tom Petty ou Dylan…
Eu toco harmónica desde os meus 13 ou 14 anos. Não sou um exímio executante de harmónica e não melhorei nada neste tempo. Comecei a tocar guitarra e a ouvir Dylan em simultâneo. Não escrevi “The Seeds” quando tinha 14 anos. Exige tempo, simplicidade e as pessoas certas com quem tocar, para materializar estas canções e conseguir expressar sentimento.
Uma canção como “I Saw Her Face” dá-me sempre a agradável sensação de estar a meio de uma jam session vossa, cercado pela construção crescente das dinâmicas até ao final poderoso. Há muito deste “vamos deixar correr as coisas e ver onde chegam” quando gravam?
Obrigado! Nós deixamos correr as coisas sobre uma estrutura simples. É uma canção de três acordes que tem imenso de uma das minhas coisas favoritas: repetição. A mudança dinâmica a meio de uma frase repetida é a chave da canção. O sentido de deixar correr surgiu na decisão de quanto deveria durar cada secção. Não a questionei muito [a canção] e acabou por sair com alguma beleza.
Enquanto músicos há alguma canção em particular que seja um desafio de execução e vos dê um sentimento de conquista e satisfação quando a tocam ao vivo?
Boa pergunta! Penso que a nossa abordagem é abusar da experimentação nos álbuns e nos concertos acelerar e elevar um pouco as coisas. Contudo, se puderem ver-nos este ano, iremos tentar mergulhar em coisas bastante lentas numa pequena parte do set. Há apenas uma canção que nos é difícil de executar, bom pelo menos para mim, que é a “Ex-Dreams”. Tudo o resto é bastante fácil. A dificuldade surge ao buscar o espaço mental correcto (que é um vazio) e a concentração. Não quero sabotar a guitarra, quero tocar com a guitarra e tocar com a audiência, ao invés de tocar para uma audiência. “Devo usar o pickup do braço ou o pickup da ponte nesta parte?” Há pequenos ajustes e tens que estar pronto para os decidir.
Excluindo o Rich Samis, todos vocês assumem a voz principal. Determinam isso através do alcance vocal ou timbre ou quem surge com a letra é quem a canta?
Tipicamente a fórmula é a seguinte: quem escreve a música canta a canção. Há pequenas instâncias, contudo, de 2+2=5. Eu escrevi as guitarras para a canção “Lazarus”, mas não conseguia pensar numa melodia, então o Mark [Perro] pegou-lhe e escreveu-a e cantámo-la juntos na gravação. Gostaria de ouvir o Rich cantar ou escrever uma letra.
A entrada do Kevin Faulkner na banda foi determinada por alguma circunstância específica?
Ele fotografou a capa do álbum “Leave Home” e eu e o Mark escrevemos “Country Song”, “Oscillastion” e “Candy”, com ele na sala. Se apareceres e passares tempo connosco há uma hipótese de virmos a fazer coisas juntos.
Houve, ao longo destes 4 discos, mudanças significativas no processo de gravação?
Gradualmente passámos a usar amplificadores mais pequenos e a “brincar” menos com o overdubbing. Queríamos capturar um som “de sala” ao vivo em fita com o “New Moon”. O som de cinco pessoas a tocar juntas.
Para o ano irá haver outro álbum de The Men. Há alguma pista daquilo que podemos esperar?
Mais do mesmo!