Johnny Marr Flashback
Quando foi estreada a Johnny Marr Jaguar, o guitarrista apresentou-nos o modelo em exclusivo!
Um ano antes daquela que foi a última passagem por Portugal, Johnny Marr estava a apresentar o seu espantoso modelo Fender Jaguar de assinatura e a terminar um trabalho em estúdio. Em Frankfurt, o icónico guitarrista conversou em exclusivo com a Arte Sonora sobre a sua Jaguar e sobre o que, então, perspectivava para o álbum que viria a ser “The Messenger”.
Normalmente os guitarristas olham para uma Jaguar com a sensação de que é uma guitarra complexa – tu procuraste simplificar a guitarra?
Não fazia ideia de que viria a simplificá-la quando comecei a tocar com a Jaguar. Era perfeita para mim quando interagi com ela pela primeira vez, algo que aconteceu numa daquelas noites às 03h da madrugada numa sala de ensaios com os Modest Mouse. Comecei a tocar com a Jaguar e senti ter uma ligação autêntica com a guitarra. O seu som soava como a minha própria voz, de como eu deveria soar instantaneamente. Isso fez-me ficar obcecado com quão boa era a guitarra e foi ao tocar com ela que comecei a pensar aquilo que poderia mudar. Nunca tinha feito isso antes, atrever-me a mudar uma guitarra, penso que foi a combinação da minha carreira naquele momento, quem sou e a música que estava a tocar. Comecei a ter algumas noções e comprei 4 ou 5… Bom, isso é uma mentira, 12 Jaguar! Depois tive a sorte de na altura estar em Seattle, num ambiente em que toda a gente, para onde quer que me virasse, tinha uma Jaguar ou uma Jazzmaster que podia pedir emprestada.
A Jaguar já está a ter um papel preponderante no álbum a solo que estás a escrever, estás apaixonado pela guitarra? Quando podemos ouvir isso?
Sim, sem dúvida. Não mudaria nada a este modelo e isso é o melhor elogio que lhe posso fazer. Quanto ao álbum, em Setembro [esta entrevista teve lugar em Abril de 2012], talvez antes.
E que músicos escolheste para os The Healers?
Não são músicos famosos. Excepto o baterista, o Andy Knowles que já tocou com os Franz Ferdinand. Talvez convide o Bernard Sumner [Joy Division, New Order, Electronic], se o conseguir tirar do barco, é um tipo que hoje em dia gosta dos seus barcos [risos].
Não é fácil seguir a tua carreira em termos discográficos e sonoros…
Não é fácil fazê-la! [risos]
Não mudaria nada a este modelo [de assinatura da Jaguar] e isso é o melhor elogio que lhe posso fazer.
O álbum irá percorrer todas essas facetas?
Não, vai ter apenas um som. Acima de tudo quero que soe como uma banda. Penso que o músico enquanto envelhece passa de experimentar, experimentar, experimentar, porcaria. Quando era novo olhava para músicos como o John Lennon, o Mick Jagger ou o Pete Townshend, numa era em que se experimentava muito com o rock progressivo, e ouvia-os repetir a exortação “back to rock n’ roll”. Para a minha geração não é o rock n’ roll, mas o new wave. Portanto, estou numa fase na minha vida em que o grupo onde quero estar é uma banda new wave, então uso os meus sons de guitarra e quero que a minha banda possa ligar-se a um backline simples e toque as canções sem grandes aparatos. As canções, excetuando uma, são todas up-tempo e bastante “punky”.
Estás a tocar com músicos mais jovens e tu és… o Johnny Marr! Há alguma subserviência?
Penso que não, nem estou interessado em rodear-me de pessoas que não me olhem como iguais. Não preciso que as pessoas beijem o chão que piso e também não me quero sentir constrangido. Por exemplo, com os The Cribs, eles sabem que são bons, pode ter havido algumas hesitações enquanto estávamos a ligar os instrumentos e a pensar como as coisas iriam correr, mas isso desapareceu quando começámos a tocar. A música é um grande equalizador!
Permite-me este fait divers, pois não me sai da cabeça, mas como foi essa história de quase teres assinado um contrato profissional com o Manchester City?
Oh… toda a gente diz que o devia ter feito, mas eu sabia melhor. Não sou assim tão bom.